O início da minha entropia emocional, se deu através da figura de um amigo, que me convenceu – pra falar a verdade aceitei sem pestanejar -, a passar o sábado em sua casa em outra cidade aqui no estado. Ambientes interioranos, esse sim é um cenário que me fascina, pela particularidade inserida nas entrelinhas, um povo mais humilde e ingênuo, desprovido dessa loucura suburbana, um modo de vida para nós incomum, pessoas que vivem felizes com menos opções de lazer, gente passando de um lado a outro, cadeiras espalhadas pelas portas, algumas sentadas a conversar nas praças, rodas de violões, o cheiro do mato entrando pela janela, alguém dúvida, tem ou não muita coisa maravilhosa no sertão?
Apesar de existirem alguns detalhes meio sórdidos, nas cidades pequenas todo mundo sabe – ou caso contrário inventa –tudo sobre a vida dos outros. Os casos que se podem ter notícias, variam do mais simples, até oportunidades onde essas notícias chegam primeiro aos alheios, antes da própria pessoa envolvida tomar conhecimento, e não me refiro a segredos tipo traição e tudo mais. Sem prolongar o assunto, tudo isso no frigir dos ovos, aparece como mero detalhe, a quem diga que hoje, nem o céu é perfeito e acreditem, muitos afirmam que se os mortos voltassem, diriam que esse mesmo céu está infestado de fofocas.
Então logo pusemos o pé na estrada, o ônibus saiu no início da tarde, adoro essas viagens, algumas horas na estrada, paisagem inspiradora, mp3 player no ouvido e o repertório vocês já imaginam, só poderia ser o puro som do Aor. A idéia era chegar ao fim da tarde. Estava muito animado, um fim de semana diferente, longe do corriqueiro, em um lugar onde minha chegada seria contemplada, afinal era uma das novidades, queria descansar bastante, quem sabe namorar alguma daquelas lindas “caipirras” – brincadeira em -, passar a noite em uma casa bem simples, espero que não me ponham pra dormir na rede.
E assim logo chegamos e devidamente acomodados, a casa, longe de ser uma mansão, em nada lembrava aquelas residências de fachada curta e amplo corredor. Tinha vários cômodos, comemorei quando vi que havia uma cama, nada de rede. Agora só queria ir pra rua e aproveitar... Meu colega perguntou se não me importava de ficar sozinho por alguns instantes, já virou uma tradição sempre que chegava na “small city” ir de imediato dar um alô na casa da namorada.
As garotas sentaram em uma casa bem de frente aonde estava, nem prestei muita atenção no enredo da conversa, apesar de falarem em tom alto, estava em estado de choque, só conseguia ver aquele lindo rostinho, o cabelo sedoso e que belíssimo par de coxas, eram bem grossas e estava muito sexy naquela saia jeans, que além de curta se mostrava bem justa, até me arrepio só de pensar. Na minha mente imaginava mil coisas ao mesmo tempo, essa morena seria minha esposa, não acredito, “Saturday, I’m in Love”, impossível,“Dios”, sim o sábado mal começou e já estava
De tanto olhá-la, a garota e as outras duas amigas notaram minha presença, cochichavam, riam e a doce e linda morena me entreolhava, com olhar disfarçado, exibindo todo seu belo sorriso, deixando-me ainda mais apaixonado... Então desci rapidamente, quase caia e rolava escada abaixo, mas nada iria impedir a união de dois corações que se amam e que batem um pelo outro, almas que antes foram uma só, a outra metade da laranja – relaxem, disse que tinha
Quando cheguei na porta à jovem me olhou, aquele tipo de apreciação meio de lado, certo ponto disfarçando um sorriso e denunciando estar bastante envergonhada. Dei dois passos para frente, parecia agora mais enrubescida, o que não chegou a afetar minha confiança, pois também se moveu – apesar de disfarçadamente - ao meu encontro. As amigas foram se afastando, a cada segundo estava mais próximo, o que faria quando enfim a encontrasse?, “posso apenas te dizer, você despertou minha tara e mesmo que procure esconder, esse meu sentimento não para”. Não, isso poderia assustá-la, tinha de ser mais singelo, talvez tentasse beijá-la... Não! Deveria me segurar ao máximo para que isso não ocorresse logo nos primeiros segundos, estabelecer um contato dessa maneira é sempre perigoso. Um de frente para o outro, então lhe toquei as mãos e me pus a segurá-las com apreço, aquelas lindas e delicadas mãos de princesa, e seguia como quem fosse declamar um poema, infelizmente antes que pudesse falar... “Michele, está ouvindo esse som de cavalo galopando?” Ahhh, primeiro parece que tem alguém no céu que gosta de mim, depois surgi outro que me odeia, diabos essa mulher tem de falar de cavalo, logo quando estávamos atingindo o ápice da paixão.
“Não consigo ouvir nenhum galope”, disse logo tratando de cortar o assunto, era o principal interessado em por fim a essa baboseira. Precisava ter atenção exclusiva, retomando do ponto onde paramos. E para minha frustração, eu mesmo me neguei a prosseguir, maldição, também estava ouvindo o trote, vinha daquela enorme “ladeira do céu”, o som ainda era distante, mas vinha se aproximando, só que não havia cavalo algum.
- Corram todos, a Mula-sem-Cabeça está chegando e vai nos queimar vivos, corram! – bradou uma das amigas de Michele.
Todos que trafegavam pela rua corriam de um lado a outro, gritando por nossa senhora e clamando piedade divina. Lembro de ter olhado para o lado, Michele também corria desesperada, quase chorando, gritava para as amigas “me esperem, esperem por mim”. Quando percebi que o trote estava ainda mais forte e não se via nada, enfim percebi, chegou a hora de fazer alguma coisa e estava disposto a fazer, logo me pus a correr como um louco, a ponto de chegar a deixar as meninas para traz, minha morena me perdoe, mas “salve-se quem puder”.
Depois de correr com toda força para não ser vítima dessa tal Mula, fui me esconder por traz de uma pilha de garrafões de água mineral, sorte que havia um depósito logo no outro lado da rua, eram litros suficientes para apagar suas lendárias chamas. A propósito, naquele momento apenas sabia sobre a criatura é que no lugar da cabeça jorrava grande quantidade de fogo. Mesmo a alguns metros de distância, podia ouvir que os galopes continuavam, seguido a um tipo de relincho meio rouco, sei lá, de repente a mula “tava” gripada. A suposta aparição ainda causava bastante terror, pessoas corriam por várias direções, as meninas quase chorando tentavam entrar para dentro de uma casa, algumas pessoas gritavam “Tah vindo aí toda coberta de fogo”, corria uma senhora a gritar, apesar de que não via vestígio de qualquer luz. “Liga pra polícia, manda vim o delegado prender essa pecadora dos infernos”, suplicava outra.
O clima tênue de pavor foi ficando a cada segundo mais intenso, criança chorando, gente que de tanto correr de um lado a outro acabou tropeçando e caindo de cara no chão, sem falar em minha deusa morena completamente em pânico...Mas agora esse pesadelo acabaria, o trote estava perto demais, a instantes deixaria o beco da longa subida e tomaria aquela rua, estávamos inteiramente indefesos, a mula pegaria a todos, um a um, apenas estranhava não haver qualquer vestígio de luz, será se essa “burrinha” estava com algum problema de congestão que inviabilizava o processo de combustão? Só lançaria as chamas assim que adentrasse a rua, foi a primeira conclusão que cheguei, ou quem sabe não fosse a mula e sim o Cavaleiro-sem-Cabeça, diante de uma perspectiva mais norte americana tudo é possível, certo? E finalmente a criatura passou do beco para a rua onde estávamos, uma entrada imponente e triunfal, galopava com muito estilo e requinte, olhava de um lado a outra, como se quisesse escolher as primeiras vítimas. Bastava saber como esse emirado das trevas iria me trucidar, incinerado por aquelas chamas? Quem sabe até retalhado por aquelas garras dos infernos. Só torcia para depois de morto encontrar o amigo que me convidou no além túmulo, iria matá-lo pela segunda vez, por seu maldito convite ter me custado à vida, aquele desgraçado... Espera, existe algo muito estranho, certo ponto até equivocado, é uma mula sim sem dúvidas, só não há fogo algum, essa “Mula-sem-Cabeça” simplesmente, tem uma cabeça!
“Rafa o que vc tah fazendo aí escondido?”, pergunta o meu colega, eis que ele surge por de traz de mim. O animal desceu toda ladeira pelo canto, onde é ainda mais escuro, um verdadeiro breu a céu aberto, por isso ninguém conseguia ver qualquer sombra ou resquício, parecia mais um vulto. Aos poucos todos foram se recuperando do grande susto, com exceção de mim, meu amigo ria sem parar, enquanto estava envolto de angústia e vergonha, procurando um lugar para me esconder, quem sabe por cima daquele beco, subir aquela longa ladeira em uma passada só, arrancar esse sentimento o qual me afligia do peito...Preferi ficar quieto, estava tão escuro, vai que me deparasse mesmo com a Mula-sem-Cabeça. Quanto a Michelle e as outras, lembro de ter ouvido uma delas dizer, “esses meninos da capital são um bando de maricas”, pensei em tentar me explicar, mas seria em vão e – para variar -, faltou também um pouco de coragem. Aquela noite meu destino estava traçado, não seria o alvo de gozação dessa gente, se faltava coragem para me esconder, subiria ao meu aposento no andar superior e de lá só sairia de manhã logo cedo, correndo de volta para Aracaju. Então, para o alto e avante! Nossa,
FIM
A História da Mula-sem-Cabeça
Já me arrependi por ter escrito esse post, portando não quero ouvir nenhuma risada, ouviram bem, nenhuma mínima risada, acho bom! Veja logo abaixo a lenda da Mula.
A Mula-sem-Cabeça é uma lenda do folclore brasileiro de origem desconhecida. Alguns textos apontam que foi criada pelo povo da Península Ibérica e foi trazida pela América pelos espanhóis e portugueses. A Mula também conhecida como burrinha, ainda faz parte do folclore Mexicano – intitulada como Malora -, e na Argentina - chamada de Mula Anima. Semelhante a outras lendas como Saci-Pererê e Caipora, a personagem é literalmente uma mula sem cabeça e que arremessa chamas pelo pescoço, local onde – obviamente – deveria alojar à cabeça.
No Brasil o causo foi disseminado por toda região canavieira do nordeste e também pelo completo interior do sudeste, representando uma espécie de lobisomem feminino que assombram pequenos povoados onde existam casas rodeadas por igrejas. Conta à lenda que qualquer mulher que mantivesse estreitas ligações amorosas com um padre, seriam vítimas da maldição. Isso porque os sacerdotes deveriam ser visto como uma espécie de “santo” e não como homem. Caso cometessem qualquer pecado com o pensamento no mesmo, acabariam se transformando em mula e sem cabeça.
Esta é uma historia de cunho moral religioso, uma repreensão sutil – na verdade nem tão sutil assim – do envolvimento entre mulheres com os representantes de Deus. A metamorfose ocorreria na madrugada de quinta para sexta feira, quando essa – adquirindo a forma de Mula-sem-Cabeça -, corre pelos campos, com as ventas cobertas por fogo, relinchando a correr na velocidade do vento. A exótica criatura é descrita como um animal de coloração marrom ou preto, possui outras particularidades, têm em seus cascos, ferraduras de prata ou de aço, com patas em forma de lâminas afiadas, emitindo um som apavorante, um misto de relincho com gemido humano. O processo de mutação chega ao fim após o terceiro cantar do galo, até lá a “burrinha” já fez muitas vítimas, homens e mulheres que se depararam em seu trajeto e foram despedaçados por suas violentas patas.
Analisando a história em meio a todo conteúdo vigente nas entrelinhas, a Mula-sem-Cabeça é a personificação da insânia inconsciência coletiva, a forma concreta de um arquetípico das criaturas que povoam a floresta, uma camada densa e profana do íntimo, um profundo processo real de desencadeamento dos instintos selvagens. Semelhante ao moralismo judaico-cristão e toda tendência ampliada como o horror da caça as bruxas e a inquisição. E esse processo de animalidade inserido na lenda, faz apologia a libido conjunto de forças conspurcas, o negativismo desenfreado, a figura de animal que aparece desprovido da cabeça, verdadeira alusão a um sentido metafórico com ausência da razão e consciência, significando o predomínio absoluto da paixão, o domínio do pecado inconsciente e inexorável, a “burrinha” nada mais é que uma mulher amaldiçoada e pecaminosa.
Antes que esqueça e retome a história, A maldição, segunda a lenda, perderá ser quebrada, o encanto é rompido somente quando alguém consegue tirar o freio de ferro que carrega. Preste atenção nesse trecho, é a única forma de sobreviver caso se depare com uma “burrinha” realmente sem cabeça. E no fim vocês podem terminar bem melhor do que eu, vá que em seu lugar apareça uma mulher arrependida, quem sabe esteja nua e seja muito bonita, já pensou? Desejo a vocês boa sorte.
Fontes: Wikipédia, Brasil Escola e Info Escola
18 Coveiros:
Rafa vc é um galinha e um grande medroso, mas escreves maravilhosamente bem!
Otárioooooooo
Morri de rir aqui rafinha
“esses meninos da capital são um bando de maricas” a que maldade dessa michele.... mas que foi engraçado foi kkkkkkkkk lindo seu blog
Adorei seu blog e a forma como escreve. Parabéns!
bjos
tu escreve bem, o que denota ser um grande mentiroso...
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
noossa
gosta de escrever
adorei o blog
http://bananadae10.blogspot.com/
Hahaha
Demorei pra ler tudo mas valeu a pena! xD
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
escreve muito bem hein da onde vc tirou essa história se foi da mente foi muito criativo.
HAHAHAHAHAH' rilitros
se foi você quem criou a história , meus parabés
=D
vou virar seguidora,
olá
otimos textos
ia virar um seguidor, mas nao encontrei como =/
mas potimo blog o seu... parabens
http://humornotazero.blogspot.com/
gostei do visual do blog....kd teus seguidores...eu ia entrar, mas não encontrei
http://balacobacu.blogspot.com/
é a primeira vez que venho ao seu log e gostei muito .. voltarei mais vezes.. rs
srs
abç.
gostei ,adore sua forma de escrever
parabéns
http://diariodeeva123.blogspot.com/
caraca;;;
muito massa..
muito legal e criativo..
abraço
http://porumpensamentolatino.blogspot.com/
mula sem kbça ?
fala sério kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Você escreve muito bem! Um post bastante longo, mas muito interessante!!
Parabéns!
adorrei
putsssssssssss manero em twal
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