23 de dezembro de 2010

Vestido de Noiva – A vida e a obra de Nelson Rodrigues II

Clique aqui para acompanhar a primeira parte do textoContextualizando Vestido de Noiva

Breve síntese sobre a trama de “Vestido de Noiva”.

“Som de buzinas, carros, movimento. Alaíde é atropelada na rua por um automóvel que foge sem prestar socorro. Levada ao hospital em estado de choque, é submetida a uma operação de urgência. A imprensa divulga notícias sobre o acidente e o estado da vítima. Alaíde não agüenta e: morre!”

Quando ideada unicamente por essa perspectiva sintética, “Vestido de Noiva” denota a condição de uma proposta simplória no quesito enredo e até dotada de certa banalidade criativa. No entanto, essa se resume a uma das dimensões da peça, a de menor relevância talvez. Atrelado a essa história, que corresponde ao plano da realidade, coexistem outros dois campos: da alucinação e da memória. E esses últimos são os que não somente povoam o palco, como se apresentam as minúcias. A realidade serve, na verdade, apenas para delimitar as bases cronológicas da história.

“Uma luz me atrai, um rosto, um véu que cai na nudez desse momento... Quando o véu caiu, vi que ela não tinha rosto!”. A frase, que faz parte de uma inspiração individualizada abstraída das diretrizes da obra, expressa um pouco do arquétipo contextual desencadeado pelo texto, despertando dessemelhantes efeitos pelo apurado trabalho com a linguagem, seguido pelo adequado tratamento ao tema, despojado da leveza da cena na composição dialógica desnudada, evidenciando, seja no texto ou palco, a profunda angústia do autor.

Os três níveis de montagem – que Nelson Rodrigues indica no princípio do texto – constituem a expressão teatral desses aspectos do quais, em dois dele – alucinação e memória – partem diretamente do íntimo de Alaíde, personagem central no enredo da peça. As cenas são fruto do seu subconsciente, enquanto a realidade se confronta com Alaíde, em estado de coma, na mesa de operação, lutando contra a morte. Além dos demais eventos que sucedem o acidente: a movimentação dos repórteres, a reclamação de uma leitora de um jornal sobre o abuso de velocidade dos automóveis, a conversa do marido Pedro com os médicos, a morte da protagonista, o velório, o luto dos parentes e finalmente o casamento de Pedro com Lúcia, a irmã de Alaíde.

No plano da alucinação, seu subconsciente traz à cena, sob a forma de vários episódios, alguns especialmente caóticos, a busca pelas imagens responsáveis por recompor sua personalidade. No texto, passando uma curta referência ao acidente, ela começa a divagar a procura de Madame Clessi, famosa prostituta do início do século, cujo num contato – na base do por acaso – com seu diário, constituiu motivo de fascínio para Alaíde.

A Madame Clessi apresentada ao público, não corresponde à personagem real. Na verdade o texto não compreende essa interação, sendo a imagem de Clessi uma representação criativa de Alaíde, que adquiri perante a protagonista, a condição de símbolo da libertação, quanto a prostituta do início do século, que havia residido na casa em que então moravam os seus pais. Ante o propósito dos pais de incinerarem os pertences da cafetina, que haviam ficado no sótão da casa, a filha consegue resgatar o diário dela e acaba conhecendo detalhes de sua trajetória, complementando as informações com recortes de jornais da época, encontrado na Biblioteca Nacional.

A atração por Madame Clessi, assassinada por seu amante adolescente, é a soma da repressão libidinosa, e corresponde apenas ao íntimo da antes adormecida, mas, nessa busca desenfreada, Alaíde realmente procura a si própria, fugindo da decadente relação conjugal com Pedro.

Os passos seguintes é até simples presumir, um passeio pela mente da protagonista, onde as memórias se misturam a sua imaginação delirante. O espetáculo montado por Nelson Rodrigues, aliado a precisão textual característica, referência claramente o clima de sonho, os devaneios são constituídos através de diálogos inverossímeis, hora até deixando o expectador (leitor) perdido.

E isso é comprovado no decorrer da história, do ponto que Alaíde encontra na figura de Clessi, o apoio necessário para a reconstrução dos fatos passados e até a revelação subconsciente de seus desejos, entre os quais está o assassinato de Pedro, como retaliação à contextura macabra que ele perpetrara envolvendo até a sua própria irmã.

Entretanto, gradativamente, as defesas sucumbem, figurando na comiseração de remorso que até aquele momento lutara por esconder. Pedro antes era namorado de Lúcia e Alaíde o roubou da irmã, posteriormente se casando com ele. A culpa – sem saber – faz com que projete cenas de amor entre o marido e a irmã, levando a impulsivamente concluir que o acidente foi premeditado pelo marido. Inconformada com as convenções sociais de repressão à mulher, Alaíde – não conseguindo em vida opor-se a elas –, manipula as pessoas com seu poder de sedução.

Enquanto que correndo risco de morte, o desejo de transgressão que parte de Alaíde toma corpo e salta aos olhos nas cenas em que se torna amiga da prostituta e conseguindo inclusive matar, com a maior frieza, o marido traidor. Quem morre mesmo é Alaíde no campo da veridicidade e uma nova peripécia, a peça já em seu desfecho, ganha novos rumos, atingindo outras condições conflitantes. Primeiro com a sua irmã Lúcia, corroída pelo remorso, recusa as investidas do cunhado: “Jurei que nem um médico veria meu corpo”. Mas, como nem tudo que reluz é ouro, numa ligeira sucessão de quadros, o expectador testemunha a ida de Lúcia a uma fazenda e seu retorno quando volta mais “gorda” e “corada” e pasme-se, disposta agora a se casar com Pedro. O desfecho interage com a perspectiva de que: a vida prossegue verossimilhante, indiferente das tragédias habituais.

Na ausência de um narrador, como previsto na posição dramática, a narração fragmentada é funcional, a rapidez dos flashes acompanha o delírio progressivo de Alaíde. No nível da realidade final – o casamento entre Lúcia e Pedro – até parece ser a personificação de um delírio pós-morte de Alaíde. Nesse específico literário, a linguagem, sem dúvidas, é a principal virtude, num misto de ironia e amargor.

Aspectos psicológicos do texto

Utilizando uma linguagem expressionista, o clima de tensão é característico, seja nas passagens entre Clessi e Alaíde, ou durante as desavenças com Lúcia no plano da memória. A tensão é característica em cada um desses períodos, levando a ação, sem perda de tempo ao seu final. O ritmo contínuo e acelerado para a finalização obriga ao texto cortar qualquer acessório que comprometa sua intensidade rítmica.

Em “vestido de noiva”, o expediente linguístico no teatro denota como fio articulador entre personagens e a ação. A unidade de ação abre espaço também para a discussão os elementos tempo e espaço. O fator tempo também se destaca. Nelson Rodrigues faz com que esses e demais elementos como linguagem e ação trabalhem um em função do outro, numa perspectiva única e diferenciada. E isso é possível pela perspectiva dialógica, que revela as forças contrárias que antagonizam as personagens desencadeando os conflitos.Não apenas à peça como o próprio Nelson Rodrigues são excessivamente freudianos, já que os planos da alucinação e da memória se passam no subconsciente de Alaíde. Sua relação com Madame Clessi, denuncia, uma Alaíde entediada com o casamento, desejando uma vida de desventuras, repleta de homens, fantasias e grandezas. Exatamente como a prostituta, mundana que ela conheceu através de um diário deixado pela "madame" no porão da casa onde morava e que depois foi de Alaíde.

Os desejos reprimidos de Alaíde vêm à tona somente no plano da alucinação. É nesta dimensão que ela mata o marido Pedro, por exemplo. Os planos mostram, portanto, atitudes diferentes e muitas vezes contraditórias. Uma ação ocorrida num plano em breve produzirá outra versão num plano diferente, impedindo que o espectador faça uma leitura definitiva a respeito das personagens, dos fatos e até mesmo da seqüência tempo-espacial do texto.

Apesar de funcionar como uma representação da mente decomposta de Alaíde, dividida entre o delírio e o esforço ordenador da memória, a peça decorre mesmo após a morte da protagonista. Rápidas seqüências se sucedem, como o remorso e a recuperação de Lúcia, chegando até seu casamento com Pedro.

Em “Vestido de Noiva” a psicanálise reside na constante luta contra o impulso, uma verdadeira batalha instintiva entre o impulso de vida e de morte, girando ambos entre os princípios do prazer e o de realidade. Madame Clessi é uma tentativa do seu consciente de se recuperar, mas como presa a própria psicanálise, o paciente doente não é capaz de resolver o conflito. O sinal da saúde é uma habilidade de equilibrar direcionamento e realidade em solucionar conflito.

Cena de uma apresentaçãono teatro:


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25 de outubro de 2010

Vestido de Noiva – A vida e a obra de Nelson Rodrigues

Bem-aventurado seja Nelson Rodrigues e sua obra Vestido de Noiva. Apesar de ser um texto composto para o teatro, é incrível a precisão que as cenas – no ato da leitura – interagem com o imaginário do leitor, formando aquele universo previamente proposto por Rodrigues. Dramaturgo, romancista, jornalista, comentarista esportivo. Emprestou sua invejável produção escrita para difundir uma das instituições que mais amava, o Fluminense. Nelson Rodrigues, considerado por Manuel Bandeira como de longe o maior poeta dramático que já apareceu na literatura do Brasil, tem seu nome definitivamente inscrito na história do teatro brasileiro.

Nem a mais opiniosa crítica ferrenha, poderia deixar de evidenciar o episódio que sucedia. Na noite de 28 de outubro de 1943, quando o elenco de comediantes iniciava o primeiro ato da peça Vestido de Noiva, ainda não podia imaginar, que protagonizava aquela que seria denominada como a retomada, um novo começo do teatro moderno no Brasil.

O estilo de Rodrigues, ao mesmo tempo em que encanta e seduz, é temido pela exacerbação do humor cítrico e ferino, numa contextualização escrita acossada pelo demônio da natureza. A passagem elucida a tristeza libidinosa, que se mistura a volúpia trágica no deleite doloso do próprio infortúnio. Mais do que isso, um choque, porque uma das leituras passíveis, é que Nelson Rodrigues retrata o homem em sua pureza natural, enegrecida pela atmosfera pecaminosa, repleta de abjeções.

Durante esse post, uma breve passagem sobre a vida de Rodrigues, enquanto somente numa próxima atualização é que seguirá a analise do texto Vestido de Noiva. A ideia se faz necessária para uma compreensão mais adequada desse fenômeno literário, pois apenas recorrendo a sua história é possível entender além do universo construído, as particularidades inseridas na trama.

As raízes do amor e do ódio

Nelson Rodrigues, nascido 23 de agosto de 1912 em Recife, engatinhou aos 13 anos, os primeiros passos no jornalismo por influência do pai, Mário Rodrigues. Tudo começou quando Mário – poucos anos após o nascimento do filho – resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro, buscando melhores estimativas salariais. O jornalista não contava que a vida na então capital federal não fosse nada fácil. Tanto que alguns anos mais tarde, pela dificuldade em se firmar profissionalmente, remeteu uma carta a esposa comunicando o retorno a Recife. Sua mulher além de não permitir sua volta, desfez-se de jóias e outros utensílios de valor, embarcando todos para o Rio de Janeiro.Nesse período, Nelson tinha pouco mais que quatro anos. O próprio trataria de frisar anos mais tarde que foi o gesto – aparentemente impensado – de sua mãe que o tornou um típico “carioca” e o Fluminense ganhava o seu mais ilustre torcedor. Nos primeiros anos da família, a cidade maravilhosa não parecia tão encantadora, já que o cenário de encanto dava lugar à fome, quando Nelson diariamente levava só uma banana como merenda escolar. Em casa não havia janta, a única coisa que comiam era aipim e tinha até muito orgulho disso.

Com o passar dos anos, a situação financeira foi se normalizando. Na década de 20, Mário Rodrigues assumia a direção do Jornal A Manhã. O cargo teve um preço, a contragosto do pai que não queria ver os filhos seguindo sua carreira, Nelson não saia da redação. Mesmo sendo diariamente afugentado, como sempre voltava, acabou vencendo pelo cansaço. Situação semelhante a de seus irmãos, já que quase todos acabaram jornalistas.

Nelson Rodrigues começava sua carreira como repórter policial. Os relatos dos crimes passionais somados aos pactos de morte entre casais apaixonados que cobria, invadiam-lhe a mente, incendiando a imaginação do adolescente romântico, e mais tarde aflorando o seu literário, já que utilizaria muitas dessas histórias reais em suas futuras crônicas. Mas, quando se trata desse ícone da literatura, assim como o gênero que compreende ventura e sucesso são meros detalhes, o resto quase tudo realmente é tragédia. Foi numa ensolarada manhã de sol, que não estava fadada a ser um dia qualquer, uma mulher irrompia furiosamente a redação do jornal. Sentindo-se prejudicada pela publicação de uma matéria, estava decidida a matar Mário Rodrigues, como não o encontrou, conformou-se em dizimar Roberto Rodrigues, cuja única culpa atrelada a ele era a paternidade do diretor do periódico. Não muito tempo decorrente ao trágico episódio da morte de seu filho, a vida de Mário esvanecia, pois, segundo Nelson Rodrigues, naquele tempo inda era possível fenecer por amor.

Com a recente morte de Mário Rodrigues e o impresso destruído, vitimado pela revolução de 1930, as dificuldades da família recomeçaram. O estado de saúde de Nelson era preocupante, primeiro contraiu tuberculose, precisando deixar o Rio para se tratar. Quando retornou a cidade, foi hospitalizado outras quatro vezes, fruto de uma vida desregrada e má alimentação.

Em 1939, Nelson Rodrigues já era considerado “o sujeito mais obscuro do Rio de Janeiro”. Nesse período, animado pelo êxito da comédia “A Família Lero-Lero”, de Raymundo Magalhães Júnior, resolveu escrever uma peça em semelhantes moldes. Nascia “A Mulher sem Pecado”, o início de seu legado no teatro brasileiro. O que num primeiro instante, nem o próprio autor contava, era que a ideação de uma comédia se exauriu logo na primeira página.A peça inicial não obteve os resultados esperados, sendo lembrada apenas como aquela que antecedeu um dos maiores marcos da carreira do autor. Escrita em apenas uma semana, “Vestido de Noiva” era encenada dois anos depois, conseguindo a proeza de substituir o surrado cenário das comédias corriqueiras pelo amplo espaço físico necessário para construir os planos da realidade, memória e alucinação.
Nelson Rodrigues assina mais de 50 obras entre crônicas, contos, romances e peças teatrais.

Continua...

Mas com direito ainda a um sucinto resumo do que está por vir, sobre a trama de “Vestido de Noiva”.

“Som de buzinas, carros, movimento. Alaíde é atropelada na rua por um automóvel que foge sem prestar socorro. Levada ao hospital, em estado de choque, é submetida a uma operação de urgência. A imprensa divulga notícias sobre o acidente e o estado da vítima. Alaíde não aguenta e: morre!”

AGUARDEM!

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30 de setembro de 2010

O título: Quem cria é você!

Para saber a relevância da escrita na formação profissional, um dos muitos caminhos a ser tomados nessa temática pode ser analisar o próprio processo de formação de uma segmentação escrita.

A primeira parte é o processo de confecção do texto, as palavras parecem brotar de uma espécie de fonte, lugar incomum, desconhecido! Mas já dizia certo ditado, uma coisa é o texto, outra o contexto para se chegar ao texto – com o perdão da redundância.

Portanto, aí está você, em algum lugar qualquer, provavelmente sentado, pondo-se a ler este amontoado de letras que formam ainda o que não se sabe bem ao certo. Nesse instante, sem que possa perceber, uma série de eventos se desencadeia, e é nessa prolixidade que se estabelece uma consciência, em qualquer um dos seus simples momentos. Há, inicialmente, um processo de consciência e compreensão global do escrito, talvez focada na vida e seguida pela eminente sensação de estar só. E finalmente... as mesmas letras impressas, em qualquer um dos instantes, como num passe de mágica, começam a ganhar forma, primeiro de palavras, depois culminam em longos períodos, concebendo não meramente em informação, mas em apotegmas, ou simplesmente serão a mera apreensão de um traço.

Tudo isso é fundamentado por uma profusão de noções, a leve e iminente percepção de estar compreendendo o que se está tentando transmitir. E essa mesma compreensão, é certamente favorecida pela centena de milhares de informações que integram o fundo de sua consciência pensante, formado por vagas lembranças, desejos indiscerníveis, sentimentos e, sobretudo, lamentações. A sua vida inteira está aí, junto a você em cada lapso de instante em que você se faz existir...

Agora para tudo! Esse talvez não seja o melhor método de descrição, a cerca do que habita a consciência durante um breve e simples momento textual. No entanto, esse “apanhado” serve de exemplo introdutório para um dos principais dilemas que rondam esse estudo, a confusão pré-estabelecida envolvendo a importância da escrita para o homem em suas diversas vertentes, inclusive na formação profissional. Escrever é interação com o âmago pensante, trazer para o leitor uma parte do seu universo e a grande contribuição em qualquer esfera – inclusive na profissional -, é mais do que levar uma mensagem, é transmitir conteúdo acerca de uma causa, é literalmente interação: sempre!

PS: Esse post simboliza a tentativa de elaboração de um texto sobre a importância da escrita na formação profissional e não precisam dizer que n tem nada a vê com o tema, rs

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1 de agosto de 2010

O Que é o Amor



“O que é o amor”, pra variar, essa é das antigas, descobri há algumas horas bem na base do acaso.

A maravilha aconteceu quando estava ouvindo rádio pelo celular. Num passe de mágica me vi hipnotizado pela bela melodia, aliado ao tão belo quanto trabalho vocal de Selma Reis. O texto - como já remete o título - é essencialmente poético, uma amostra invejável que invade e deriva naquele sentimento imanente de nostalgia, sobretudo daquilo que não se viveu!

Então, durante uma escavação básica pela web, descobri que a composição, assinada por Danilo Caymmi e Dudu Falcão, integrou a trilha sonora da minissérie Riacho Doce, obra baseada no romance homônimo de José Lins do Rego e escrita por ninguém menos que o mestre Agnaldo Silva!

Então ainda, por todo conjunto que a envolve, torna-se imprescindível dedicar alguns minutos a poesia cantante, versos que ecoam particularidades diversas, afinal o que é o amor? Onde vai dar? E por que me deixa assim? É uma canção, cheirando a mar, luar perdido em mim!

O Que é o Amor

O que é o amor?
Onde vai dar?
Parece não ter fim
Uma canção
Cheirando a mar
Que bate forte em mim
O que me dá
Meu coração
Que eu canto
Pra não chorar?
O que é o amor?
Onde vai dar?
Por que me deixa assim?
O que é o amor?
Onde vai dar?
Luar perdido em mim

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29 de julho de 2010

Tempo de existir...

Tempo de existir...

E é o tempo que devasta a vida e consumi todas as lembranças
Esse mesmo tempo de fluxo intenso e constante.
Sendo imutável, mas em outras horas tão frio
E passa e repassa, sempre distante
Descompromissado com nossas emoções.


Parece mesmo...
Que somos nós que damos significado às horas
Usando de nossas atitudes e emoções improfícuas.
O nosso corpo segue ao sabor do vento,
Correndo sem fim para enfim encontrar dimensão alguma…

Angústia, receio, entusiasmo… de quê?
Poder, dinheiro, grandeza… para quê?

Apenas proporcionam as aspirações mundanas que imperam sobre o corpo,
Água, terra, uma carcaça… narrativa inútil!
A vida acaba antes que comece
Por nada ser além… de uma ilusão!

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28 de julho de 2010

Água com Açúcar

Incrível, as pessoas que mais amamos são sempre aquelas que demonstram maior capacidade de nos machucar! Desde cedo notei isso, então me desculpem pela estereotipia machista, mas deveria existir alguma espécie de lei, que obrigasse essas malditas mulheres a se apaixonar por todo e qualquer homem que um dia resolvesse amá-las, mesmo que ainda em segredo.

Todos já devem ter degustado dos infortúnios do amor ilusório, aquele típico sentimento de latria que não apenas envolve como seduz, sendo sempre impossível determinar ao certo se algum dia foi real. Porém, isso pouco importa, a essência do mal está centrado naquilo que ele mesmo tem de melhor! Ao fim de tudo, permeia só a sensação de nostalgia, saudade do que nunca existiu!

Nem a fúria do tempo foi capaz de vindimar a voracidade desse amor, o entusiasmo que cria e recria uma nova espécie de ódio, o artificial, nascido para referenciar o próprio. Seu motivo para contemplar a vida é tudo que precisava para fugir dela e ao fim, vi-me abandonado ao relento de minha própria solidão.

Embora pareça vitimado pelo dom poético do exagero, meus olhos se apaixonaram pelo véu que lhe cobria a face. Mesmo véu que hoje transpassa a figura do que se viveu, a perda daquilo que não tem mais volta, no desencontro da sensatez... Às vezes, a lembrança do primeiro amor é nada mais que a mera singeleza do desengano!

A disritmia inócua interrompia o curso normal do meu coração. Lembro de um dia nublado, observava sorrateiramente seus passos, enquanto a chuva fria se anunciava. Nas sombras de suas pegadas, logo cruzava sua beleza repleta de conspicuidade, um tanto esfíngica, lembro-me bem. Não demorou a adornar a entrada do vergel em meu âmago. E assim, desbravar seu corpo, era uma utopia divina, as notas tristes de sua voz me faziam enveredar compassadamente pelos caminhos de sua alma, agora minha maior incumbência.

Nosso amor era tão grande, que lhe roubaria os anéis de saturno! Ao seu lado me sentia menos que uma gota de nada na imensidão sem fim do universo! Enquanto me beijava com todo o ardor do cosmo, mal sabia que me devolvia à grandeza de viver. A paixão ocorreu pelo fato dela nunca ter sido perfeita, mas estava muito acima das imperfeições.

Nossas lembranças são profundas, adentram o meu corpo e me sinto sem controle. Inda é possível sentir o contorno das minhas mãos sobre as dela. Às vezes, ao dirigir, sinto como se estivesse sentada ao meu lado, a me observar com o seu murmúrio encantador. O amor é como uma dádiva, tudo SUPORTA, até crê e tudo ESPERA! O desafio é fazer valer essa maravilha na prática! E no fim, a fantasia esvaiu, o amor que ela me tinha era pouco, muito pouco e se acabou. No entanto, ninguém morreu, sofreu, ainda até estamos juntos...

Enquanto isso na sala de justiça: A gente finge, espera, ensaia que se ama como um grito que emerge e ecoa na agonia de ver todo esse amor que não existe - chegar!

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9 de julho de 2010

Relação entre Referência e Alusão com a Mensagem Subliminar - FIM

CLIQUE AQUI pra ver o texto anterior



Alguém se arrisca a adivinhar qual a referência ou alusão que estabelece o vídeo acima? Acertou quem pensou em Forrest Gump!

O filme publicitário de um dos automóveis de maior sonho de consumo entre os brasileiros estabelece clara analogia com o específico fílmico norte-americano, datado de 1994, que dirigido por Robert Zemeckis, foi estrelado por Tom Hanks no papel-título. O anúncio televisivo do Golf além de um belo exemplo de intertextualidade é também uma especiosa amostra de peça publicitária.Outra mostra interessante é a montagem baseada na imagem do filme Pulp Fiction com a Monalisa. O longa de Quentin Tarantino - protagonizado por John Travolta - interage com o quadro de Leonardo da Vinci, resultando em um deveras interessante exemplo de referência. Isso porque, nessa perspectiva, é estimulado o diálogo perfeito entre essas duas obras distintas, já que é impossível saber qual na prática realmente referencia a outra.

Machado de Assis é um forte ícone nesse gênero de intertextualidade. Foi um dos autores que melhor visualizou o valor desse artifício aliado aos seus recursos nas obras antes dos modernos. Na prática, era empregado em uma perspectiva de acentuar o drama de seus personagens. No romance Dom Casmurro, chega a citar Otelo para o leitor captar precisamente o drama de Bentinho.

Outro exemplo imponente é o trecho da canção L'Âge D'Or da banda Legião Urbana. A música traz uma breve conexão com uma passagem bíblica (Lucas, 22, 47-53). Nesse caso, clara referência a traição de Judas, quando através de um beijo entregou Jesus aos soldados romanos.

Já tentei muitas coisas
De heroína a Jesus
Tudo que já fiz
Foi por vaidade
Jesus foi traído
Com um beijo
Davi teve um grande amigo
Não sei mais
Se é só questão de sorte...


Referência também pode ser uma nota informativa de remissão em uma publicação.

Ex.: LIMA, Adriana Flávia Santos de Oliveira. Pré-escola e alfabetização: uma proposta baseada em Paulo Freire e Jean Piaget. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. 228 p.

- Alusão - referência vaga, de maneira indireta, a um autor ou obra.

Ex: "O deputado fez alusão à proposta do presidente Lula."
(Fez alusão, nesse caso, significa que o deputado se referiu à proposta do presidente.)


Relação entre Referência e Alusão com a Mensagem Subliminar

E finalmente adentrando – na base do demorou mais chegou - ao tema título, também o principal ponto de maior relevância sobre os demais. Um passeio por devaneios que não só contemplam todos os objetos analisados, e até possibilita perpetrar uma conclusão seguida pelo amplo conjunto de divagações.

Quando o tema é mensagem subliminar, as pessoas de forma automática a associam logo a apologia ao ocultismo e elementos afins. No entanto, o conceito básico não tem muito a vê com nada disso. Sendo apenas uma mensagem, uma espécie de código linguístico que não foi devidamente decodificado pelo receptor da mensagem. Entretanto, no ato de uma situação contrária, quando o leitor se mostra capaz de codificar aquela mensagem, essa perde – pelo menos perante aquele -, a condição de subliminaridade.

E obviamente, esses conteúdos estão ali implícitos a despeito de não estarem tão claros dentro do texto, porém, são onipresentes! Como nessa improvisada amostra de poema capenga:

Amar é perdoar
Morrer é sentir dor
Obsessão não é poder
Roubar não é desculpa para viver


Não levando em consideração a qualidade poética – na verdade a falta dela - nesse improviso, muitos ao se pôr a ler, não perceberão que a primeira letra que precede a frase em cada verso, ao fim da única estrofe, forma a palavra amor! Claro é apenas um exemplo básico. E afinal onde se estabelece a relação com a Referência e a Alusão? A alusão nada mais seria que uma referência de difícil associação, até imperceptível – como dito anteriormente -, e quando é compreendida essa mensagem dentro do contexto, perante o receptor deixa de ser uma alusão e adquiri o caráter de referência. A alusão aparenta ser baseada no conhecimento global da sociedade, mais propícia a identificar uma coisa do que outra, remetendo a compreensão dos poemas expressos também acima.

Vocês já podem comemorar, acabou!

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6 de julho de 2010

Relação entre Referência e Alusão com a Mensagem Subliminar

Referência ou Alusão, não chega a ser raro ouvir alguém dizer ou até balburdiar-se com essas palavras, sobretudo em situações de comunicação. Mas, o que seriam essas duas expressões afinal? De acordo com o dicionário, a primeira denota ação ou efeito de referir. Enquanto a seguinte, baseia-se na mesma ação ou efeito só que significando uma referência indireta, verdadeiramente vaga.

Utilizar-se de tais expressões não chega a ser raro, muitos não se atinam que ambas integram conceitos denominados como intertextualidade. Essa teoria contraiu amplo poder entre os precursores da literatura moderna e fora amplamente renegada no passado. Intertextualidade, em grosso modo, significa interação entre textos. Em outras palavras, o diálogo entre esses formando um emaranhado de signos organizados para transmitir uma mensagem. Parece complexo e bastante interessante, certo?

Errado! Pelo menos é o que pensavam os românticos do passado, creditando a intertextualidade como uma prática incoerente por não priorizar – ainda de acordo com eles - a originalidade das obras. O tempo foi passando e esvairando essas concepções. A busca pelo novo propagou em um modelo antigo, que de novo não tinha nada além do inédito assentimento. A perspectiva se baseava no total esgotamento de uma produção dentro de si própria, capaz de estabelecer a uma obra, diferentes conotações em meio a caracterizações totalmente distintas – base das grandes produções pós-modernas.

Embora se atenha primeiramente a literatura, a intertextualidade se desenrola nas diversas áreas do conhecimento, como pintura, música, cinema e até na publicidade. Quando se atesta que um determinado autor empregou a “Referência ou Alusão” no ato de uma segmentação escrita, significa que ele - de modo direto ou indireto -, utiliza-se de uma temática, ou mais precisamente um contexto ou ideia de elaboração prévia, usufruindo do advento de uma particularidade, a total liberdade de produção.

A Referência e a Alusão é uma comunicação sutil entre os textos, a qual se nota apenas uma leve menção de outro escrito ou a um componente seu. Na alusão, nunca se aponta diretamente o fato em questão, somente o sugere através de características secundárias ou mesmo metafóricas. Referência pode ocorrer de forma explícita ou implícita a uma obra de arte, um fato histórico ou até a um autor, servindo de artifício de comparação, e não só apela ao repertório global, como interagi com a capacidade de associação de ideias do leitor, o conhecimento compartilhado, comum ao produtor e ao receptor de textos.

Mas, como já se deve ter lido em algum lugar, uma coisa é contexto, outra é o texto. Muito diferente é o caso do uso de alusões por parte de um poeta. Nesse caso, não há alternativa senão buscar conhecimento adicional. Já que a Alusão é uma perspectiva de referência indireta a uma pessoa, um lugar ou uma coisa - seja essa fictícia, histórica ou atual -, usada no contexto de uma obra. Cai sobre a esfera da Alusão, a responsabilidade de afastar os chamados "preguiçosos" da poesia. Sobretudo porque para o bom entendimento do recurso, faz-se necessário na maioria das vezes a necessidade de vasculhar uma gama de informações incógnitas. Então partindo para outra vertente, um pouco de como tudo isso pode ser aproveitado na prática.

Exemplos de Referência e Alusão

No exemplo abaixo, o poema de autoria de Camões, faz referência poética a uma passagem bíblica (Gênesis, 29,15-30). Essa é uma referência ao antigo testamento, reza a lenda que Jacó serviu a Labão por sete anos em troca de sua filha Raquel e o pai entregou Lia, sua irmã mais velha. Forçando assim Jacó a trabalhar mais sete anos para que o pai concedesse sua filha mais nova.

“Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel serrana bela,
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pertencia.
Os dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la:
Porém o pai usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe deu a Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começou a servir outros sete anos,
Dizendo: Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida”

A alusão, como ocorrido na literatura religiosa medieval, pode servir apenas para exibir sabedoria. Só pelo processo de reconhecimento, ou re-identificação desta relação por parte do leitor, é que pode se tornar efetiva, por adquirir uma função mais exigente do que a mera citação. A alusão difere da referência ainda pelo fato de seu sentido depender fortemente do contexto em que está inserida. Em certas circunstâncias, torna-se complexo expressar quando se pratica uma ou outra. Como no caso a seguir:

Primeiro uma breve sinopse: de Olhos Bem Fechados é o epílogo da carreira do consagrado diretor Stanley Kubrick, encerrando sua preciosa obra cinematográfica. Pode se dizer que o último é o mais ousado filme do cineasta. É uma constrangedora jornada psicossexual, um assustador universo alucinatório que representa um grande marco nas carreiras dos astros Tom Cruise e Nicole Kidman. Cruise interpreta o doutor William Harford, que é jogado numa aventura erótica que ameaça seu casamento - e envolvendo-o em um misterioso caso de assassinato - depois que sua esposa (Kidman) admite ter desejos sexuais por outra pessoa. Como a história caminha entre dúvidas e medo, auto-descobrimento e reconciliação, Kubrick conduz tudo isso com imagens surpreendentes. São características brilhantes que fazem dele um cineasta inigualável que, nesta obra, manterá todos os olhos bem abertos.- A senha FIDELIO, utilizada por Bill para entrar na orgia, vem do latim "fidelis", que significa fidelidade. Fazendo referência aos membros da alta sociedade que praticavam nesse caso a infidelidade.

- Um exemplo de alusão é o nome Harford, dado ao personagem de Tom Cruise, nada mais é do que uma homenagem do diretor Stanley Kubrick ao ator Harrison Ford, um tanto imperceptível é verdade!


Para nenhum morto vir me “encher” o saco que o texto está muito grande, continua no próximo post, com novos exemplos, como a música L'Âge D'Or da banda Legião Urbana, um comercial de tevê e enfim a Relação entre Referência e Alusão com a Mensagem Subliminar! Não percam coveiros!

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3 de julho de 2010

Escuridão

Escuridão

Enfim absorve,
Para logo absolver
O pensamento.
As lembranças
Que se fizeram tristes
Em meio
A Todas as ausências,
Até por fim
Invocando a demência.


Sob o manto escuro da noite
Partilha a infiel...
...angústia de sonhos

A luz,
Nunca
Jamais vence
Ou sequer um dia
Venceu a escuridão,
A mesma luz
Estrela que não se ascende
A me guiar!
Tudo não passa
De uma ilusão passageira.

E também não foi a primeira...

Invoco,
Sob o encanto da noite
Debruçado na voz dorida
No livre intimo do pesar
Só mais um momento
Um último sussurro
Com clemência
A sós, contigo...
Para contemplar em silêncio o silêncio
Com as luzes inteiras
No infinito âmago
A escuridão.

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1 de julho de 2010

Direto do twitter: Baby I'm Yours


Twitter também é cultura! Lembro de já ter visto essa frase aplicada a inúmeras coisas, mas nunca para a maior febre comunicacional do momento.

Depois de meses acessando e postando um emaranhado de bizarrices no microblog, foi possível enfim comprovar a maravilha de sua funcionabilidade, tomando como base os padrões culturais no meio de realmente tanta podridão!

O fenômeno ocorreu através de uma garota, que bem na base do por acaso - ou daquelas coincidências da vida – estava seguindo no Twitter. Entre vários posts, chamou minha atenção um link, o qual dava acesso à canção “Baby I'm Yours”. Era uma versão mais atualizada da música, de uma até então desconhecida exibição, assinada pelos britânicos da Arctic Monkeys.

Na nova interpretação da banda, a balada antes eternizada pela bela e saudosa voz de Barbara Lewis, conservou as principais características da sua antecessora. Remete sempre ao clima de nostalgia envolvente, sem jamais ser concebida como uma mera amostra de explanação artística.

Basta reproduzir os segundos iniciais para ver que os versos denotam novas perspectivas. A melodia de imediato estabelece uma mistura homogênea com o belo trabalho vocal de Alex Turner e gradativamente, o que aparentava um simples cover, promove interação a ponto de adquirir junto ao ouvinte conotações verdadeiramente autênticas.

E nesse passo se desenha um punhado de particularidades, tornando a releitura, além de possivelmente a melhor regravação entre as demais produzidas, uma obra a parte e devidamente inserida no contexto da própria! Parece um tanto complexo, certo?

Então a primeira ordem é se deliciar com o trabalho do Arctic Monkeys. Porque certo mesmo, que a partir de agora, devemos ficar todos constantemente atentos nas ações dos twitteiros de plantão, nunca se sabe quando eles poderão culturalmente agir - novamente!

Baby I'm Yours
(Barbara Lewis cover)

Baby, I'm yours (baby, I'm yours)
And I'll be yours (yours) until the stars fall from the sky,
Yours (yours) until the rivers all run dry
In other words, until I die

Baby, I'm yours (baby, I'm yours)
And I'll be yours (yours) until the sun no longer shines,
Yours (yours) until the poets run out of rhyme
In other words, until the end of time

I'm gonna stay right here by your side,
Do my best to keep you satisfied
Nothin' in the world can drive me away
'Cause every day, you'll hear me say

Baby, I'm yours (baby, I'm yours)
And I'll be yours (yours) until two and two is three,
Yours (yours) until the mountains crumble to the sea
In other words, until eternity

Baby, I'm yours
'Til the stars fall from the sky
Baby, I'm yours
'Til the rivers all run dry
Baby, I'm yours
'Til the poets run out of rhyme
(fade out)

Clique aqui para ver a tradução e acompanhe abaixo "Baby I'm Yours" na versão original cantada por Barbara Lewis cover.



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29 de junho de 2010

Fugindo do Negão black power?

Aquela até parecia está fadada a ser mais uma simples tarde de quarta feira, se não fosse pelo fato de, acompanhado por outros três amigos, decidirmos largar o marasmo de nossas casas e nos deslocar ao shopping. Uma desventura entre garotos, assim era possível definir, ansiosos pelo que, não se sabe ao certo, talvez apenas a fim de assistir alguma produção barata em cartaz na época. Digo barato, contudo confesso, não recordo bem o conteúdo e menos ainda o título, mas deduzo que era péssimo, já que na saída, o quarteto estava nitidamente desanimado. O filme em questão não importa muito, relevante mesmo é que chegara a hora de tomar o rumo de volta para casa, não havia mais nada a fazer ali... Será?

Durante um pequeno trecho, logo na saída do xops, havia uma ponte com uma estreita passagem que servia para o trafego entre os pedestres, não muito extensa é verdade, podendo ser percorrida “de pé” em poucos instantes. Peço que não estranhem a amostra de ignorância que se fazia presente ao balburdiar tal expressão, até porque incomum mesmo era a quantidade de amêndoas ali despejadas sobre o assoalho. O fato até passaria despercebido, se o Tuca - um de meus amigos -, não tivesse sido vítima da brilhante ideia de atirá-las dentro do primeiro ônibus que cruzasse a ponte.

E para variar, fui o escolhido! Só não sei se por ter a melhor pontaria dentre os demais da “trupe” ou simplesmente, por ser o único idiota o bastante– OPS – com coragem para concretizar propósitos tão sórdidos e banais. Não posso mentir, seja qual for o motivo, a amostra de “reconhecimento” mexeu com minha vaidade, e acabei aceitando a incumbência, embora os elementos restantes do grupo - lhes apresento Luide e o Carboidrato -, a censurassem drasticamente, usando inclusive de argumentações bastante razoáveis, acerca de todo o “perigo que tal brincadeira poderia trazer para nós”.

Sem dar importância ao que pensavam, parei em meio à ponte aguardando a chegada do ônibus, pronto para por em prática a ação. Carboidrato continuava emburrado, já Luide relutou um pouco, mas acabou se rendendo à brincadeira – e que brincadeira! Logo o primeiro coletivo cruzava a ponte. Enquanto aguardava, impaciente por sua chegada, segurei nas mãos a maior amêndoa entre as outras, escolhida minuciosamente. Então em posição, preparava-me para enfim desferir, com técnica, força e absoluta precisão, uma pequena bola de canhão que tinha endereço certo. Precisamente quando a metade do transporte passava por mim, arremessei!

Aquela altura me sentia o maior lançador de todos os tempos do beisebol, o estádio inteiro delirava aos meus pés, pareciam seduzidos por minha amostra de habilidade e destreza, o objetivo era simples, fazer a amêndoa percorrer a imensa construção metálica de um lado a outro, através das janelas, sem atingir ninguém ou causar qualquer dano. E realmente lembro que fora um arremesso primoroso, mas errei o tiro certeiro que colidiu de frente com a testa de um passageiro, causando assim, um barulho quase ensurdecedor, acompanhado por um alto grito de dor.Até o Carboidrato se entregou a cômica cena que se transcorria. Ríamos como crianças hipnotizadas pela comédia divina. Eu estava ansioso para ver o próximo transporte, dessa vez me recusava a fazer segunda vítima, iria acertar sim, fora do alvo. Infelizmente, era tarde demais, a alegria coletiva teve curta duração, pois o ônibus parou e dele, no final da ponte, descia um homenzarrão, deveras forte, parecia enfurecido, exibindo a enorme marca vermelha na testa.

Com certeza tratava-se de alguém muito corajoso. Após suportar a dor do impacto da amêndoa, o infeliz via-se disposto a enfrentar nosso poderoso quarteto, sim nós éramos quase fantásticos. Tinha de reconhecer, o homem era enorme, no entanto não era dois e tão pouco quatro, não suportaria o peso de desempenhar uma luta e menos ainda se sagrar vencedor com tantos fatores pesando em desvantagem.

O cidadão parecia ignorar a lógica e continuava se aproximando. Uma figura estranha, cabelo queimado, estilo Black Power, camisa preta justa, exibindo um peitoral bem definido. Nos braços os músculos pareciam que iam saltar de tão desenvolvidos.... mas isso pouco importava. Percebi logo, não tinha outro jeito, o confronto se desenhava, no começo teríamos de dar tudo de nós, pois parecia ser um sujeito perigoso, um temível inimigo, quem sabe até hábil. No fim, ao menos pediria a meus amigos para pegar leve nos socos e ponta pés, afinal o coitado não merecia apanhar tanto, somente ensinaríamos a ele que nunca se deve adentrar numa briga em condições tão desiguais, sinto muito, ele realmente merecia essa lição.

Quando então me virei para trás a fim de dar as primeiras instruções, descobri que estava no inferno e não sabia, presenciei meus três amigos correndo desenfreadamente, completamente amedrontados. Sim, o arrebatador quarteto estava desfeito, reduzido a uma piada qualquer. Quanto a mim, desesperado fiquei, com sérios problemas, um pecado venial adquirira o status mortal, minha integridade estava em risco. Não havia alternativa, sozinho, jamais iria conter a fúria do brutamonte.

Certo que a situação se inverteu, agora nada conspirava a meu favor, só tinha uma coisa a fazer, adotei um estratagema semelhante, corri desesperadamente, tentando, como eles, abortar o problema em forma de 1.90m de altura. Em poucos instantes, consegui alcançá-los, não demorou e Tuca e Luide partiram para o lado direito. Junto a mim, Carboidrato um pouco a frente seguiu para a esquerda em outra extensão.

Sem olhar para trás, Tuca e Luide que me perdoem, desejei que o homem houvesse prosseguido para a direção contrária, onde os dois percorriam. Infelizmente, era muito azarado ou ele parecia ter visto bem quem desferiu a amêndoa e, portanto, ao espiar rapidamente, estávamos condenados, avistei o estranho a nos perseguir e um mero detalhe, agora aparentava inda mais irritação. Fomos obrigados a forçar as pernas, no ritmo que nos movíamos o homem em poucos instantes certamente nos alcançaria. O desespero tomava conta, corremos com toda presteza que nossos físicos avantajados permitiam, até que para nossa sorte, existia uma única cartada, Carboidrato notou a presença de um táxi, parado metros mais à frente.

Cada centímetro que nos separava do carro, parecia junto ao tempo concomitantemente aumentar, os instantes agora eram mais demorados e consequentemente esvaneciam nossa energia. Depois de uma eternidade, finalmente ao cruzar o veículo, o desafio foi juntar as últimas forças para abrir a porta e subir, apreensivos e apressadamente, lúcidos o bastante para lembrar de baixar os trincos das portas.

Há um ditado que diz que quando parece que tudo caminha para um desenrolar feliz, é daí que os problemas se desencadeiam de verdade. Isso porque o motorista parecia mais assustado que a gente. Não sabia se era pelo odor insuportável que invadia e se propagava ligeiramente por aquele ambiente minúsculo ou simplesmente por ver dois caras encharcados por glândulas sudoríparas, invadindo o seu possante. Aparentava tanta distração que possivelmente não notou nossa aproximação.

- Vamos depressa meu tio! – balbuciei, temendo que o estranho predador nos alcançasse.

O pavor do motorista tomava maiores dimensões. Tanto que se manteve intacto como se um assalto tivesse sido anunciado e o veículo, lógico, intacto, seguia como um enfeite, objeto inanimado sem qualquer perspectiva de movimento. Meu pedido se transformou num grito, com o medo crescendo toda vez que olhava para trás e notava que o “Epaminondas” estava a cada segundo mais perto.

Por um instante concluí que o motorista não levava a sério o nosso pedido. Finalmente o chofer notando nosso pânico, ressaltou a dúvida que permeava:

- Como querem que eu saia sem saber o destino que pretendem tomar? – proferiu o motorista denunciando se tratar de um sujeito culto, só não sabia onde nos levaria essa cultura.

Não me encontrava em condições de responder a pergunta. Sem esperança, mantinha meu corpo virado para trás, assistindo ao estranho ficar agora a poucos metros do carro onde estávamos – era o fim anunciado, nem o carro e o taxista seriam poupados, quem sabe todo o universo seria devastado pela ira Black Power!

Por sorte o Carboidrato, conhecido por nunca desistir, não ficou só observando a ação do estranho, juntou argumentos suficientemente válidos para responder a pergunta do motorista:

- Nós vamos para onde o senhor quiser, até pro inferno entende, desde que seja LOGO! Põe esse carro para andar antes que o monstro lá fora alcance a gente PORRRA –realmente, ele clamou o palavrão!

O condutor do táxi entendeu o recado, tinha raciocínio rápido e pisou fundo no acelerador, cantando pneu, lembrava um carro de fórmula 1, e principalmente sem o advento de qualquer fator externo. Traumatizado, na condição de caça, não podia parar de olhar para trás, na intenção de ter certeza quanto a ter nos livrado da iminente presença do mal.

Aliviados, posteriormente explicamos direito ao motorista qual o destino e o melhor trajeto a ser tomado. Fiz questão de, além de pagar a corrida sozinho, deixar o troco de gorjeta, estava convicto de gastar bem mais no hospital, dias internado na UTI e com um médico cirurgião para reconstituir o que sobrasse do meu corpo, caso o homem nos alcançasse. Agradeci também ao Carboidrato. Foi realmente um ato heróico avistar o táxi no momento exato em que, diferente do estranho que nos perseguia, havíamos alcançado o limite de nossas forças para continuar correndo. E por fim, duas constatações básicas, a primeira é uma lição, brincadeiras infantis podem tomar consequências assustadoras e se transformar em verdadeiros jogos perigosos, a palavra tem poder. A segunda é na verdade um segredo, até hoje temo trafegar a pé pelo local do incidente, parece sandice, mas é como se o sujeito ainda estivesse lá esperando, a minha espreita. O ódio era tamanho que ainda posso sentir, emanando das profundezas do rio e se alastrando pela ponte. Um desejo de vingança que nunca padece e ainda permanece vivo, de modo quase tão grande, como a crista que ostentava na profusão de cabelos que formava aquele imenso Black Power.... HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ!

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28 de junho de 2010

Por trás do horror do Halloween - A Origem



Bruxas com gargalhadas estridentes, morcegos por todos os lados, mortos que levantam das tumbas referendando todo o clima de terror. Essa é a típica atmosfera do halloween, um festival comum aos países de origem britânica, principalmente Irlanda, Inglaterra e Estados Unidos, exatamente no dia 31 de outubro. Já faz alguns anos que o Brasil importou uma das principais comemorações americana. A festa a cada ano atinge maior proporção e esse crescimento se deve primeiramente as escolas de idioma, e alguns colégios brasileiros que celebram o dia das bruxas, sobretudo no ensino infantil, com direito a fantasia de vampiros, fantasmas e outros monstros. Inclusive inúmeras lojas aproveitam o halloween como uma onda crescente utilizando o tema para decoração de vitrines.

Toda história tem um começo ...

O que poucos sabem é que o festival em suas origens, pouco tem a ver com monstros, filmes de horror e todos os seus similares. Os estudiosos apontam que a comemoração tem procedência centrada no antigo festival Celtairlandês, escocês e galês – após a colheita, intitulado de Samhain, uma época que as pessoas acreditavam que os espíritos dos mortos vagavam pela terra.Reza a lenda que os Celtas, durante a era pré-cristã, adotavam crenças e práticas druídicas para comemorar o término do verão e o último dia do ano. O dilema era mais ou menos o seguinte: a intensidade do sol gradativamente diminua com o começo do inverso. As pessoas automaticamente associavam esse fenômeno a uma espécie de processo de esvanecimento da vida e não só o ano chegaria ao fim. É bem plausível deduzir que imaginavam a noite assombrada por espectros e bruxas e, mas particularmente, pelos espíritos dos mortos a visitar os lares terrenos onde haviam morado.

Devido à profusão de ideias sobrenaturais, a noite não só era considerada perigosa, como também anunciava presságios. Preocupadas com sua sobrevivência, pessoas empregaram todos os meios possíveis para aumentar as chamas do sol, uma tentativa de ao menos, pacificar a fúria dos espíritos malignos. A esse propósito, além de acender fogueiras, chegavam a realizar verdadeiros sacrifícios bizarros.

No entanto, onde está estabelecida a relação entre Samhain e Hallowen? Começando com o ano-novo celta que tradicionalmente ocorria em 1º de novembro, é também o início do ano para as bruxas Wicca. Também é imprescindível ressaltar que o festival de Samhain estava estritamente relacionado com a estação do ano: época de colheitas e que as criações de animais eram trazidas de volta das pastagens mais afastadas. Tudo isso porque tanto a colheita quanto as criações se faziam necessárias para superar o duro período do inverno que estava por vir. A população acreditava que tudo que era vulnerável, deveria ser protegido e uma vez que não estivesse recebendo a devida proteção, provavelmente seria vitimado pelas forças da natureza.Os portões que separam o mundo dos vivos e dos mortos estavam abertos – pelo menos é nisso que acreditavam. A barreira entre os dois mundos se diluía e as almas entravam novamente no universo que um dia também lhe pertenceu. No Samhain as fogueiras eram acessas muito mais do que para mantê-los afastados e sim para iluminar o caminho daqueles que vagavam. Dessa ótica, a crença dos espíritos que divagavam, surgiu também o hábito de preparar comidas especiais e mais que isso, vestir-se como essas figuras ou animais selvagens. Foram todos hábitos amplamente difundidos na Irlanda antiga.

...Inclusive no Halloween dos tempos atuais

Muitas crenças e costumes associados ao Samhain – particularmente a noite das almas que perambulavam, o uso de fantasias e acender fogueiras – continuaram a ser praticado em 31 de outubro. Com o advento do Cristianismo , durante o passar dos anos, o halloween sofreu o que pode ser caracterizado como um processo de reinterpretação para que lhe fosse atribuído novos significados. De certo modo, significados mais simplórios e inocentes, quase atingindo o extremo oposto, a despeito das noites de terror que assolavam as comemorações festivas.

O halloween nos tempos atuais ainda é um dos festivais mais importantes do ano em muitos países. Muitas vezes são precedidos pela semana em que as crianças vão de casa em casa fantasiadas de preto ou usando máscaras ou ainda com outro tipo de fantasia, carregando morangos com lanternas e pedindo dinheiro, frutas ou nozes, entoando sempre um cântico em coro. O halloween é conhecido na América do Norte desde a época colonial. Entretanto, após os colonizadores irlandeses trazerem seus costumes do halloween para a América em 1840, é que o festival começou a se fixar popularmente. Por volta da metade do século XX, tornou-se basicamente um feriado infantil. Foi no final da década de 70 que ocorreu o grande ressurgimento das atividades entre os adultos, a ponto de após uma década eclodir como feriado nacional muito comercial.Mais de 50 milhões de americanos celebram o halloween, sendo que entre os adultos, pessoas entre 20 e 30 anos são mais propensos a festejá-lo. Até hoje, tradicionalmente as cores que predominam são o preto e o laranja que costumavam ser as favoritas nas festividades, conquanto hoje, passaram a dividir espaço com o roxo e o verde, quem sabe até mais usadas.

Gostosuras ou travessuras?

Existem diversas hipóteses quanto ao transcurso da brincadeira “gostosuras ou travessuras”. Alguns relatos dizem conta que surgiu na Irlanda há centenas de anos. A prática que se pode denominar como ato inicial, envolvia um seleto grupo de fazendeiros que percorriam todas as casas arrecadando comida para serem servidas nas festividades de ano novo do vilarejo, em homenagem aos deuses antigos que cultuavam. As pessoas que colaboravam com donativos, seria “prometida” uma espécie de sorte e quanto aos que não contribuíam, o discurso era um tanto mais fervoroso, sendo vítimas de constantes ameaças.

O segundo ato se estabelece como uma espécie de resposta á ação dos espíritos malignos. Os jovens formavam fogueiras enormes e o brilho das chamas, juntamente as labaredas que se formavam e percorriam os ventos, acalentava que as pessoas da cidade colocassem do lado de fora doces e comidas saborosas, uma forma de rogar aos espíritos que fossem embora, forma também de devastar todo o mal que os obsidiava. No instante que as chamas feneciam, os jovens desciam para a cidade, colhiam as inúmeras oferendas para em seguida se por a correr desenfreadamente. Caso não obtivessem ofertas, davam início ao seu jogo favorito, pregar peças nos habitantes do vilarejo. Esse ato que simboliza nada mais que uma farsa, era alimentada pelo alto número de moradores supersticiosos. Eles acreditavam que as almas maléficas poderiam adentrar suas casas, azedando o leite, matando gado, envenenando poços d’áqua ou mesmo corrompendo suas almas.

A terceira e última prática tem relação com uma tradição mais diferenciada. Na antiguidade, pessoas usavam um espécime de indumento assustador ou togas negras, e se embrenhavam pela escuridão da noite de halloween pedindo pelas almas. Em gratulação as ofertas acolhidas, eles ofereciam orações ou jejuavam pelas avantesmas perdidas, que, conforme a crença cobria de benevolência os doadores. Aqueles que se mostravam resistentes ou insensíveis aos pedidos, fatalmente seriam assombrados pelos espectros dos mortos negligenciados.Vale ressaltar também que a ação de reclamar por doces como forma de conter travessuras, relacionada ao halloween é um fenômeno dos tempos modernos que teve início na década de 1930. Inclusive sendo vista hoje como uma atividade potencialmente perigosa.

Fantasias e Abóboras Sorridentes

Na celebração atual do Halloween, é possível notar a presença de muitos elementos pagãos. As fantasias, enfeites e outros itens comercializados por ocasião do festival estão repletos de abóboras, bruxas, gatos pretos, vampiros, morcegos, fantasmas e toda espécie de monstros aterrorizantes, que às vezes para muitos chegam a ter conotações verdadeiramente satânicas. Os registros de origem mais remota do uso de fantasias no halloween remetem a época dos druidas. Na tarde de 31 de outubro, acendiam-se fogueiras enormes para oferecer animais, partes da colheita e, às vezes até, beirando a sandice, ocorriam sacrifícios humanos em intenção do deus do sol e para samhain, deus da morte.

Durante esses rituais, participantes usavam indumentárias confeccionadas com pele e cabeça de animais. A interação era forte, todos pulavam, brincavam e corriam sobre as chamas. Essa era a única maneira “descoberta” para “assustar” os espíritos malignos. Tudo fazia parte de uma crença druida que, as vésperas do ano novo celta, que caía em 1° de novembro, o deus da morte poderia clamar pelas essências de malignidade dos que haviam partido nesses doze meses que antecediam as comemorações. Reza a lenta que tais almas penadas poderiam ser enviadas para atacar a população, a vésperas da celebração em novembro. Portanto, o único meio de escapar, não sucumbido a danação, seria recorrer aos disfarces, túnicas e afins para que se fizesse notados sem que necessariamente fossem reconhecidos.No entanto é premente uma constatação. Presumindo que a brincadeira “gostosuras ou travessuras”, nos Estados Unidos, date apenas a partir da década de 1930, é incerto formar um conceito constituindo uma analogia, um processo de afinidade direta entre o costume druídico de usar dissimulação e a tradição anual de se fantasiar no halloween. Posto que de fato há um apanhado de indícios que demonstrem que mesmo coincidentemente, pedir doces de porta em porta, bem como o hábito de adotar disfarces, caminham lado a lado e parecem sim beber da mesma fonte de ideias, mesmo a influencia não sendo devidamente comprovada.

Já a tradição da lanterna feita de abóbora, recortada nos moldes de um rosto nasceu das crenças celtas no período da baixa idade média. E para variar, o motivo só poderia ser um só, dissuadir as entidades nefastas. A fábula diz que a “cabeça de abóbora” era a lanterna de um vigia que se entretinha promovendo trotes com conteúdo envolvendo Deus e o demônio. Por essa razão foi amaldiçoado a carregar sua lanterna por toda eternidade, a fim de iluminar o percurso ao mundo dos espíritos.Também se tem notícia de outras abordagens, nesse caso distinta da primeira, sendo que a prática é nada mais que um antigo símbolo que representa uma alma penada. Certo mesmo é que os imigrantes irlandeses trouxeram para a América a maior parte das tradições do dia das bruxas, incluindo a da cabeça de abóbora.

Halloween como proposta pedagógica

Gostosuras ou travessuras? Anos atrás era uma pergunta bastante comum, hoje cada vez mais presentes nas salas de aula, embora aparente ser utilizada sem qualquer critério. Prevalece a indagação: em que situação o halloween pode ser utilizado de um modo autêntico ou mais próximo disso nas salas de aula? No dia 31 de outubro algumas escolas brasileiras celebram o Halloween. As crianças, sobretudo do ensino infantil, fantasiadas brincam de Trick or treat (doces ou travessuras), trocando doces com seus colegas. Será que elas sabem exatamente o que comemoram? Até que ponto é relevante as crianças participarem de uma manifestação cultural estrangeira fora do seu contexto usual?Não é absurdo afirmar que comemorar por comemorar – com perdão da redundância – muitas vezes sim ocupa tempo de aulas muitas vezes importantes e acabam em nada acrescentando na formação estudantil das crianças. Inda assim, é passível de crítica atestar que não se deve celebrar uma data na escola que não represente nada para a realidade do aluno. É imprescindível explanar a origem do surgimento da comemoração, o desafio é contextualizá-la para que criem uma identificação, estabelecendo assim uma espécie de sentido.

Limitar a comemoração a disciplina de Língua Britânica parece uma alternativa até razoável. Como também explicar a questão da influência de outras culturas graças à imigração e à globalização. É necessário apresentar as crianças, as diferenças culturais entre os vários países e até discutir sobre o choque cultural. É preciso ter cuidado, com respeito às atenções no mês de outubro para o “Dia das Bruxas” e lembrá-las que, esta data não faz parte da nossa história e tradição. Em 2005, o Governo do Estado de São Paulo, decretou o Dia do Saci, o mesmo dia 31 de outubro. Isso mostra o intuito de valorizar a cultura brasileira e tentar refrear a americanização, uma vez que, o Saci é um símbolo do nosso folclore.

O próprio processo histórico já resulta em aprendizado, porém é com o uso da língua que é possível atingir novas diretrizes. Nestas festividades, são preparados pratos especiais como pães de aveia, pão doce holandês com passas, manjar escocês de aveia, pudim de batata, entre outros. Existe também uma vasta questão de decoração e personagens, são diversos adereços e tudo isso quando bem desenvolvido pode culminar em uma única dádiva: a aprendizagem.

É impossível imaginar, além do conteúdo histórico, o conjunto de vocabulários que se pode aprender com o halloween, mediante o uso de música, filmes e a cultura em geral. Entretanto, existe um medo ou receio generalizado que as raízes sejam sucumbidas e padeça perante a foice do cavaleiro negro com cabeça de abóbora, o que não sabem é que Saci-Pererê é esperto demais para facilmente ser vítima desse mal. Com criatividade é possível conciliar as duas culturas, abordando o mundo de fantasia que as compõem, pois o contato com outras culturas é muito importante para a formação das crianças.

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19 de junho de 2010

Por trás do horror do Halloween



Assombrações, bruxas voando em vassouras, uma grande profusão de abóboras, seguida por morcegos de todos os lados, hahahahahhah, bem vindo você está no halloween. Esse é o dia em que os seres da noite escolheram para se juntar aos vivos, num cenário bem conhecido pela decoração atípica, acompanhado sempre por fantasias e muitos doces. No entanto, foi com o passar dos tempos que o halloween adquiriu potencial espontâneo de levar as pessoas a sentir fascinação por fantasmas e seus derivados, já que as origens do festival, pouco ou nada têm a vê com bruxas e afins. Podendo até ser utilizado como um artifício a serviço da aprendizagem.

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2 de maio de 2010

Réquiem sinóptico

Carro preto
Estrada

Pista molhada
Enuncio do fim


Mulheres inúteis


Gazelas despidas

Cheiro fétido


Cemitério

Almas rompidas/Palavras perdidas

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17 de abril de 2010

Seu eu que existe dentro de mim!

É nesse inconstante,

Múltiplos de arremessos aflitos:

Às vezes sinto que nunca a conheci bem ao certo,

E me vejo despedaçar em seu mar de infortúnios

Fundo sem fundo, ostentando estranheza e solidão.

Do infinito me aparece sempre quando prevalece a escuridão,

Mergulhado no abismo... Logo trata de advir, no exato instante que não via jeito de ser,

É apenas o seu suspiro que me ergue

Emergindo nesse esbato misere de singeleza liquefeita

Um vil espasmo, de onde a gente se deslembra o quanto muda de bem querer,

Insulado no silêncio de onde o Silêncio adormeceu.

AH se eu pudesse tinha esperado só por você,

Pois quando amanhece ao meu lado é você quem
vejo,

E digo em prece: é somente ao seu lado...

Que a vida cresce linda, mesmo sem você, apenas por você

E não importa o quanto seja insano,

Louco, nessa temerosa e triste desventura de lhe amar

Abstenha toda a minha dor

E jamais deixará de ser...

Até sinto,

Sobretudo eu sei!

Permanece unicamente eu e você...

Em meio a essa profusão de corpos que se espalham

Essa é você que existe dentro de mim!

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25 de janeiro de 2010

Nunca olhe para trás



Essa é uma das poucas músicas que exerce sobre mim uma forte influência, digo até que não me canso de cantarolar os refrões, Nerver look Back, rs...

Sempre caracterizei a vida como nada mais que uma longa jornada, em busca, na maioria das vezes, de algo que não se sabe bem ao certo. Precisamente é um processo evolutivo, para o bem ou mal e as etapas seriam o começo, meio e o fim. Até aí nada demais, é puro senso comum, mas, a maravilha desse processo é a habilidade de canalizar as situações adversas, a coragem de jamais olhar para trás, contemplando uma realidade fatídica, seja qual for essa desventura ou a intensidade do seu erro.

E essa parece ser a perspectiva do GRANDE Stan Meissner. Nessa composição para o projeto Metropolis – The Power of the Night (1999), o bem aventurado cantor e compositor canadense demonstra em Never Look Back, seu invejável conjunto poético, tudo devidamente inserido aos acordes da melodia e envolto a uma única preocupação: mostrar para todos a importância de não se preocuparem com os próprios requintes de crueldade, pois pouco importa o seu erro ou o quanto seja vítima da própria dor, superação sempre, importante mesmo é nunca olhar para trás!

NEVER LOOK BACK
S. Meissner/B.Turgon

They say it's a crime
But I've never felt this way before
Got my heart on the line
And I know it's worth fighting for

No power in the world
Could stand in our way
Got something so strong
We can't let slip away

Take hold of my hand and believe in me
This time babe we'll make a stand
Take a shot at the love that can set you free
And never look back again

I don't care what they say
I only know I want you
We'll make it through some way
If it's the last thing we can do

We've got to be strong
Hold onto our dreams
We can't forsake love
And all that it means

Take hold of my hand and believe in me
This time babe we'll make a stand
Take a shot at the love that can set you free
And never look back again

Our love shines in the darkest night
Burning the candle at both ends
Lay it all on the line and we'll win this fight
And we'll never look back again

Doesn't matter if its wrong or right
We're gonna make it through the good and bad
We'll keep running till we see the light
And we'll never look back

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Que Há para Lá do Sonhar?

Existia um céu, existia sim
Era baixo, grosso e cinzento
E uma luz insistia em vagar pelo ar
Era um estranho tormento
Só me fazia pensar em dormitar.


Mas que há para lá do sonhar?
Perdidas ficam essas minhas palavras no ar
Tentando entender aquilo que não se pode explicar
Esse é o meu sonho
Uma sandice
Em forma de algo que deveria ser uma poesia!

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24 de janeiro de 2010

Sua vida... Sem você



Tudo Bem! Antes que comecem as broncas vou logo admitindo que esse Cemitério anda mesmo meio – completamente – abandonado. Na verdade, por isso que acabou se tornando, um imenso cemitério, pouco povoado e repleto de teias de aranhas por todos os lados, hahahahahahh....

Então, para perturbar o sono dos coveiros falecidos, que tal falar um pouco sobre um filme extraordinário, diria até que já era o melhor muito antes de ser, e agora mais ainda, muito depois de ter sido... Nossa! Agora estou parecendo um tanto leviano e insensato, mas acontece que essa é a ideia inicial da obra, afinal, o que diabos você faria se descobrisse que tem apenas mais dois meses de vida?

É uma indagação forte, apesar de se caracterizar como uma premissa tênue e um tanto batida no universo cinematográfico. No entanto, repleto de originalidade, Minha vida sem mim (My life without me, 2003) aborda a temática utilizando-se de um repertório até fascinante, o tema sofre uma espécie de releitura, dosando com maestria o elemento sensibilidade, exibindo uma incomum habilidade poética para não ser vítima de armadilhas como drama excessivo se apoiando no sentimentalismo banal e nas constantes páginas da vida que geralmente integram o gênero.Um passeio pelas personagens... A protagonista Ann (Sarah Polley), é apresentada como uma jovem faxineira de uma universidade e que pra variar, leva uma vida difícil. Difícil por conta de suas duas filhas pequenas, a mais velha nasceu quando ainda era muito jovem, e um marido desempregado (Scott Speedman), obrigando a família a residir em um trailer instalado no quintal da casa de sua mãe (brilhantemente interpretada por Debbie Harry, da banda Blondie), no estereótipo de uma mulher amargurada e infeliz.

Agora um passeio pelo enredo. Tudo começa após Ann sofrer um desmaio em casa. Através de uma consulta com um médico, descobre ser portadora de uma doença em estágio terminal. Restam-lhe nada mais do que dois meses de vida, isso é o que afirma o médico, incapaz de encarar a jovem de frente. A partir da deixa, o filme automaticamente se desvincula do estado usual, já que Ann resolve esconder o fato de sua família e parte para realizar uma lista de coisas que nunca fez e que gostaria de pelo menos experimentar por uma única vez. Entre os desejos, nada de tão memorável, inclusive nota 10 a produção pela sensibilidade de reunir um conjunto de carências tão absurdamente comuns e humanas, que estabelece um elo, ficando impossível não se aproximar da personagem.

Alguns paradigmas são rompidos analisando pelas entrelinhas. Não existe a figura de um herói e tão pouco são exibidos rompantes de compreensão no sentido da vida ou sofrimentos acentuados. É meramente destrinchada sua própria vida, eternizando medos e fantasmas. Pela primeira vez, ela é a sua única prioridade.Produzido pela El Deseo, o título foi dirigido por Isabel Coixet, profissional oriunda do mercado publicitário, que se destacou pelo equilíbrio e sinceridade. O elenco foi selecionado durante um processo criterioso, condizendo com o resultado totalmente convincente. Sarah Polley é pura sutileza e revela um fascinante talento, Speedman interpreta um marido leal e devotado, já Amanda Plummer faz um ótimo trabalho como uma colega de Ann metida em diversas facetas, enquanto Mark Ruffalo está em um de seus melhores momentos como o novo amor que a protagonista conhece numa lavanderia.

Juro solenemente que não vou esquecer meus mortos por tanto tempo, fico feliz de ter retomado o Cemitério abordando uma produção desse quilate, exibindo uma condição conflitante e deveras interessante. Peço por fim, que não pensem que “Minha vida sem mim”, aborta totalmente a vertente dos dramalhões, pois se trata de um filme amargo, duro, diria até que essencialmente triste. Uma história que sem se utilizar de apelos é surpreendentemente capaz de comover qualquer um, instigando meditações sobre a jornada da vida, seu fim, a questão do tempo restante. Ann nos ensina que a vida só vale a pena se for possível realizar seus anseios, pondo em prática, um repertório definido como aprendizado, afinal nada é mais gratificante que presenciar o seu próprio crescimento, essa dádiva foi o último ensinamento da protagonista: por todo o sempre, mesmo que esse sempre dure dois meses, alguns anos ou décadas.

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2 de janeiro de 2010

A arte das 'esculturas' de fumaça

Um engenheiro elétrico, que depois de adotar a fotografia como hobby, agora se dedica a registrar "esculturas" de fumaça.

Seu nome é Mehmet Ozgur. O trabalho do fotografo de origem turca é um experimento que se baseia no registro de várias formas de fumaça e, ao sobrepor as imagens, é possível obter as figuras desejadas.

Radicado nos Estados Unidos, Ozgur explica que o que mais o interessa nesta arte são seus aspectos técnicos, como utilizar incensos e nitrogênio líquido para obter a fumaça. “Minha inspiração é muito simples de ser definida, é apenas fazer algo completamente diferente do que a câmera é capaz de capturar. A fumaça é algo difícil de controlar, mas oferece muita liberdade de composição”. Diz o artista.

Suas obras são vendidas em seu site por cerca de US$ 100 - pouco mais de R$ 170.

Agora basta apreciar um pouco...

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