7 de janeiro de 2011

Ídolos e nós

Í.do.lo
sm (lat idolu) 1 Estátua, figura, ou imagem que representa uma divindade e que é objeto de adoração. 2 Objeto de grande amor, ou de extraordinário respeito.
* Por Fabrício Almeida

Em nossas vidas, sempre existem essas pessoas que nos encantam, fascinam e se tornam uma espécie de divindade, de exemplo, e de devido respeito.

Nos idos de 2002, ao começar um novo regime, me foi sugerido praticar tênis, esporte de movimentos rápidos e grande esforço, gastando assim muitas calorias por hora de treino. Mas foi um comentário em especial da nutricionista que me chamou atenção: “faça com Jurinha, que ele bota pra lá!”.

De início, não nego, pensei se tratar de uma mulher, como o nome sugeria... talvez se chamasse jurema, e carinhosamente fosse chamada de jurinha pelos amigos mais íntimos. Qual não foi a minha surpresa quando fui até a academia de tênis que levava o nome desta sumidade, quando bati à porta da direção e perguntei pela professora jurinha, no que de pronto me respondeu um rapaz aparentando 30, 35 anos de cabelos grandes, e sorriso aberto me dizendo que O professOR jurinha era ele, minha cara deve ter denunciado minha vergonha e ele comentou que o equívoco era comum. Passado o primeiro vexame, fomos pra uma aula experimental, que de pronto me identifiquei com o esporte.

Passei a fazer aulas duas vezes por semana, durante dois anos, até o fechamento da academia por motivos terceiros. Durante esse tempo, fui me interessando por tênis, e também por motociclismo, pois o dito professor possuía na época uma suzuki hayabusa 1300cc, linda, prata, lindíssima mesmo.

Com o fim da era Academia de Tênis Jurinha Lobão, raramente o encontrava, mas nas poucas vezes que o vi foram no Mário Motos, no CET(Centro de Excelência do Tênis), onde passei a treinar, e a última vez foi na orla de atalaia, por volta do meio do mês de abril de 2007.Estava com dificuldades na disciplina de direito penal 2 e resolvi ter aulas de reforço aos fins de semana e feriados, no dia 1º de maio de 2007 ao chegar da aula, notei a fisionomia de minha genitora um tanto séria, jantei normalmente, fui tomar meu banho e ao me dirigir ao quarto de estudos ela me seguiu, perguntei o que estava acontecendo, o porquê da sua fisionomia séria, ela me falou pausadamente: “Você gostava muito de jogar com Jurinha né?” eu gelei, repeti a frase dizendo que GOSTO de jogar com ele, ela com mais calma ainda me explicou que havia acontecido um acidente motociclístico e que infelizmente a vida do famoso teacher havia sido ceifada. Corri pro IML onde na porta já estavam estacionadas dezenas de motocicletas de alta cilindrada, confirmando o inevitável: a morte de um ídolo.

Ora, mas se ídolos não morrem, o que era aquilo? Alguma coisa estava errada! Consegui encontrar meus amigos do tênis, no que de pronto foi confirmado: ele estava morto! Sai de lá com um sentimento estranho, de que o mundo do esporte em Aracaju estava perdendo um pedaço, que nós do tênis estávamos perdendo um tremendo ícone, e que nada poderia ser feito.

As 22 horas, cheguei ao velatório localizado na Rua Itaporanga, onde encontrei uma sala com uma urna escoltada por duas motocicletas, uma srad 1000 vinho e uma r1 preta, o corpo do ídolo com o boné da Suzuki posto em seu peito e uma raquete kinetic(marca que sempre usou por toda a vida) ao seus pés, mas o que mais me chamou atenção foi o fato do agora morto professor estar trajando bermuda! Pensei comigo: “nem nessa hora você usa uma calça sujeito!”.

No dia posterior, um cortejo escoltado por inúmeras motos foi motivo de atenção em todo o trajeto, pessoas paravam para olhar quem era aquele homem que trazia tantos saudosos amigos em seu último adeus, e ao chegar ao seu último refúgio, o som ensurdecedor dos escapamentos das motos gritavam a dor de todos os seus amigos, quando com um gesto pacífico de um dos motoqueiros, os motores cessaram, e deram lugar ao choro e às despedidas.

Mas... assim como sugere o título do texto, os ídolos tem uma relação diferente com seus fãs, eu prefiro acreditar que naquela tarde de terça feira de 2007, ele simplesmente resolveu pegar uma outra rodovia e foi curtir a eternidade em outras pistas, apostando desafios motociclísticos com outros ídolos, como Ayrton Senna(que faleceu também num 1º de maio), Daniela Klemenschits, Tony Rolt, etc...

* Fabrício Almeida foi um colaborador especial nessa atualização do Cemitério

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5 de janeiro de 2011

A maldição do amor: a outra face da lógica

Sempre acreditei que todo lugar sujo tem o seu encanto natural, assim como todo relacionamento sórdido também exibe alguma espécie de charme, como um murmúrio, pouco encantador, mas, com o poder de ostentar um punhado de particularidades, mesmo abstratas, simplórias e singularizadas. Porém, às vezes, impossível ludibriar a paixão, mesmo nos debatendo, esse demônio, um dia tem de florescer, até pela pessoa errada. O cenário agora está aberto para conflitos vigentes de um amor que nunca se fez e nunca termina. Começa por uma vontade insaciável de amar, no âmbito de uma inusitada desventura, perpetrando um sentimento incógnito. O peso do seu corpo pesando contra (sobre) o meu, tortuosa profusão de carícias e afagos, beija eu, implorava ainda mais, enquanto a cada segundo se excedia mais em meus ósculos. Em meio a tantos amplexos, instaurava-se o desejo que deflagrava em nós!

E no ato final, desse doloroso teatrinho barato, um (im)perfeito jogo de cena, protagonizado por nós, meras figuras patéticas. Também no íntimo silêncio, como um véu que cai, ela me faz ver o céu com a candura do tormento, porque podíamos, quantas vezes quiséssemos, sonhar com o amanhã ainda naquela noite. Mas, tanto amor e ira, enfim não foi bastante para evitar, ah sim o fim, era ele que nos descobriu. E terminou, na triste sina desse amor, que enflorou mais nas garras da consternação do que nas branduras da fortuna. E depois de um mísero único adeus, ultimou, pena só não... Pena também da certeza de que deve existir realmente, alguma outra coisa por traz do puro ódio e de todo sentimento de rancor e vingança!

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Ser simples é ser feliz.

Por Fabrício Almeida*

Viver sobre a sombra das palmeiras tropicais, dos pomares, ao sabor do vento.

Ter ao lado a alma gêmea, aquela que te faz se sentir um afortunado todas as manhãs ao acordar e vê-la ao seu lado, mesmo que com os cabelos assanhados.

Saber que a água cristalina continua correndo naquele velho braço de rio no quintal da casinha simples, porém aconchegante, confortável!

Elaborar planos sobre o que fazer nas próximas férias, sonhar com quantos filhos seriam ideais, quais os nomes, a felicidade que será vê-los crescer!

Há aqueles que sonham com fortuna, dinheiro, jóias e viagens internacionais, jantares caríssimos, carros de luxo.

Para alguns loucos(?) como eu, bastam as coisas pequenas da vida, como admirar a simplicidade de uma linda mulher ao seu natural, sem maquiagem, sem o brilho da noite, fazendo o café da manhã.

A perplexidade ao ver o sol nascer no horizonte, tão lindo.

A inocência infantil ao ver um avião passar alto e tentar imaginar qual o destino dele.

Prefiro ser assim, um abobalhado simples, ao invés de um eloqüente esnobe.* Dr Fabrício, como é conhecido, além de um esnobe, é um grande amigo que resolveu desperdiçar seu intelecto escriba enterrando-o aqui no Cemitério!

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4 de janeiro de 2011

Simplesmente (IN)Steady

Quantas vezes uma música já despertou nossa atenção em algum momento minimamente singular?

Essa reprodução pode se dá de formas variadas, na rua através de algum sistema de som ambulante ou numa rádio enquanto o locutor faz o favor de não dizer o nome da canção. Quem sabe até durante a exibição de um filme, quando finalmente chegamos ao desfecho da trama, o ato “final” é cortado, pois, para nossa frustração, muitas emissoras fazem questão de não exibir os créditos finais, onde seriam desvendadas as informações da misteriosa composição. Existem outras tantas opções mais, comumente entre elas, apenas um fator ou de repente uma constatação, no fim todos se depararam com uma melodia que simplesmente amaram, no entanto, acabam se vendo sem saber o título da compilação e menos ainda o nome do artista que assinava aquela – então – desconhecida performance.

Lembro bem de já ter me deparado com esse dilema milhares de vezes, mas o conflito principal se estabeleceu através de certa balada, um Hit perdido que expressa bem a magia nostálgica de uma década de outrora. Não recordo bem como se deu nosso contato inicial. O que nunca esqueci foi o seu ritmo tipicamente anos 80. Denunciado, sobretudo, pela sonância dos arranjos de sintetizadores, devidamente aliados aos efeitos “especiais” e sem falar na boa condição vocal de seu intérprete. Durante anos, seus versos inda ecoavam em minha mente, “Fall Apart, Broken Heart, Cause I'm Standing, Hum I'm Standing” ou seria “all standing...” não sabia realmente.

Com o advento da internet, principalmente, por meio das eficientes ferramentas de busca, pude encontrar a maioria das canções que almejava, embora, pareciam não tão eficientes assim, quando tratava da canção que mais desejava, labirintos pareciam nos separar. Após pouco menos de uma década de espera, finalmente voltei a ouvi-la, na base do por acaso, numa rádio aqui da cidade. Costumava ser reproduzida, com frequência nas noites de sábados, fazendo parte de uma lista previamente programada, o problema é que não havia locutor naquele horário para – como seria habitual - informar o título da faixa.

Depois de inclusive ligar para a rádio na esperança de obter qualquer informação - e pra variar nada conseguir -, a solução foi grudar os ouvidos durante as madrugadas e gravar um trecho pelo celular. O resto vocês já devem imaginar, bastou transferir para o computador e usar algum programa da web de identificação e enfim, o mistério foi revelado, o título era Steady, na voz de Jules Shear. Curiosamente, esta composição de 1985, assinada pelo letrista numa parceria inédita com a cantora Cindy Lauper, fez parte, no mesmo ano, da trilha sonora internacional da novela "Um Sonho a Mais” da TV Globo.

Apesar de árdua, essa foi uma espera que trouxe suas próprias recompensas, Steady passou de uma música incidente de consumo, a sem dúvidas uma de minhas canções favoritas. Frenquentemente me vejo – agora claro com a letra correta – a cantarolar seus refrãos. Inclusive, é óbvio que não poderia ser ao som de outros versos que compus esse post para o Cemitério. Afinal como diriam os meus amigos, “Cause I'm steady Hum, I'm steady”

PS: Sou tão sensato que, para vocês “não morrerem por causa de um coração partido” como diz na letra da música, não poderia esquecer: segue em anexo o clipe, a letra original, uma tradução básica e o link para quem quiser, OPS, fazer download pelo 4shared .



Jules Shear - Steady (Cyndi Lauper / Jules Shear)

Friends, they call me on the phone
'Cause I'm steady
Hum, I'm steady
Talk about unhappy homes
'Cause I'm steady
Hum, I'm steady

Though I don't like to let it show
I got troubles of my own

We push and pull
And we fall apart (Ah ah ah ah ah)
I'm not gonna die
Of a broken heart (Ah ah ah ah ah)
I just don't want to
Stop and start
'Cause I'm steady
Hum, I'm steady

Day to day is so unsure
But I'm steady
Hum, I'm steady
I watch people crash and soar
But I'm steady
Hum, I'm steady

The more they try so hard to change
The more they stay the same

We push and pull
And we fall apart (Ah ah ah ah ah)
I'm not gonna die
Of a broken heart (Ah ah ah ah ah)
I just don't want to
Stop and start
'Cause I'm steady
Hum, I'm steady
Ooh yeah

We're faced with so much back and forth
I don't need no ups and downs

We push and pull
And we fall apart (Ah ah ah ah ah)
I'm not gonna die
Of a broken heart (Ah ah ah ah ah)
I just don't want to
Stop and start
'Cause I'm steady (Woo)
I'm steady (Woooooo)
I'm steady

======Tradução======

Sensato

Amigos, eles me telefonam
Porque eu sou sensato
Hum, eu sou sensato
Falam sobre lares infelizes
Porque eu sou sensato
Hum, eu sou sensato

Embora eu não goste de demonstrar
Eu também tenho meus próprios problemas

Nós nos debatemos
E nos despedaçamos (Ah ah ah ah ah)
Eu não vou morrer
Por causa de um coração partido (Ah ah ah ah ah)
Eu apenas não quero
Parar e recomeçar
Porque eu sou sensato
Hum, eu sou sensato

O dia-a-dia é tão incerto
Mas eu sou sensato
Hum, eu sou sensato
Eu observo as pessoas entrar em colapso e depois se elevar
Mas eu sou sensato
Hum, eu sou sensato

Quanto mais eles fazem força para mudar
Mais eles permanecem os mesmos

Nós nos debatemos
E nos despedaçamos (Ah ah ah ah ah)
Eu não vou morrer
Por causa de um coração partido (Ah ah ah ah ah)
Eu apenas não quero
Parar e recomeçar
Porque eu sou sensato
Hum, eu sou sensato
Ooh sim

Nós nos deparamos com tantas coisas positivas e negativas
Eu não preciso de altos e baixos

Nós nos debatemos
E nos despedaçamos (Ah ah ah ah ah)
Eu não vou morrer
Por causa de um coração partido (Ah ah ah ah ah)
Eu apenas não quero
Parar e recomeçar
Porque eu sou sensato (Woo)
Eu sou sensato (Woooooo)
Eu sou sensato

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