9 de julho de 2010

Relação entre Referência e Alusão com a Mensagem Subliminar - FIM

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Alguém se arrisca a adivinhar qual a referência ou alusão que estabelece o vídeo acima? Acertou quem pensou em Forrest Gump!

O filme publicitário de um dos automóveis de maior sonho de consumo entre os brasileiros estabelece clara analogia com o específico fílmico norte-americano, datado de 1994, que dirigido por Robert Zemeckis, foi estrelado por Tom Hanks no papel-título. O anúncio televisivo do Golf além de um belo exemplo de intertextualidade é também uma especiosa amostra de peça publicitária.Outra mostra interessante é a montagem baseada na imagem do filme Pulp Fiction com a Monalisa. O longa de Quentin Tarantino - protagonizado por John Travolta - interage com o quadro de Leonardo da Vinci, resultando em um deveras interessante exemplo de referência. Isso porque, nessa perspectiva, é estimulado o diálogo perfeito entre essas duas obras distintas, já que é impossível saber qual na prática realmente referencia a outra.

Machado de Assis é um forte ícone nesse gênero de intertextualidade. Foi um dos autores que melhor visualizou o valor desse artifício aliado aos seus recursos nas obras antes dos modernos. Na prática, era empregado em uma perspectiva de acentuar o drama de seus personagens. No romance Dom Casmurro, chega a citar Otelo para o leitor captar precisamente o drama de Bentinho.

Outro exemplo imponente é o trecho da canção L'Âge D'Or da banda Legião Urbana. A música traz uma breve conexão com uma passagem bíblica (Lucas, 22, 47-53). Nesse caso, clara referência a traição de Judas, quando através de um beijo entregou Jesus aos soldados romanos.

Já tentei muitas coisas
De heroína a Jesus
Tudo que já fiz
Foi por vaidade
Jesus foi traído
Com um beijo
Davi teve um grande amigo
Não sei mais
Se é só questão de sorte...


Referência também pode ser uma nota informativa de remissão em uma publicação.

Ex.: LIMA, Adriana Flávia Santos de Oliveira. Pré-escola e alfabetização: uma proposta baseada em Paulo Freire e Jean Piaget. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. 228 p.

- Alusão - referência vaga, de maneira indireta, a um autor ou obra.

Ex: "O deputado fez alusão à proposta do presidente Lula."
(Fez alusão, nesse caso, significa que o deputado se referiu à proposta do presidente.)


Relação entre Referência e Alusão com a Mensagem Subliminar

E finalmente adentrando – na base do demorou mais chegou - ao tema título, também o principal ponto de maior relevância sobre os demais. Um passeio por devaneios que não só contemplam todos os objetos analisados, e até possibilita perpetrar uma conclusão seguida pelo amplo conjunto de divagações.

Quando o tema é mensagem subliminar, as pessoas de forma automática a associam logo a apologia ao ocultismo e elementos afins. No entanto, o conceito básico não tem muito a vê com nada disso. Sendo apenas uma mensagem, uma espécie de código linguístico que não foi devidamente decodificado pelo receptor da mensagem. Entretanto, no ato de uma situação contrária, quando o leitor se mostra capaz de codificar aquela mensagem, essa perde – pelo menos perante aquele -, a condição de subliminaridade.

E obviamente, esses conteúdos estão ali implícitos a despeito de não estarem tão claros dentro do texto, porém, são onipresentes! Como nessa improvisada amostra de poema capenga:

Amar é perdoar
Morrer é sentir dor
Obsessão não é poder
Roubar não é desculpa para viver


Não levando em consideração a qualidade poética – na verdade a falta dela - nesse improviso, muitos ao se pôr a ler, não perceberão que a primeira letra que precede a frase em cada verso, ao fim da única estrofe, forma a palavra amor! Claro é apenas um exemplo básico. E afinal onde se estabelece a relação com a Referência e a Alusão? A alusão nada mais seria que uma referência de difícil associação, até imperceptível – como dito anteriormente -, e quando é compreendida essa mensagem dentro do contexto, perante o receptor deixa de ser uma alusão e adquiri o caráter de referência. A alusão aparenta ser baseada no conhecimento global da sociedade, mais propícia a identificar uma coisa do que outra, remetendo a compreensão dos poemas expressos também acima.

Vocês já podem comemorar, acabou!

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6 de julho de 2010

Relação entre Referência e Alusão com a Mensagem Subliminar

Referência ou Alusão, não chega a ser raro ouvir alguém dizer ou até balburdiar-se com essas palavras, sobretudo em situações de comunicação. Mas, o que seriam essas duas expressões afinal? De acordo com o dicionário, a primeira denota ação ou efeito de referir. Enquanto a seguinte, baseia-se na mesma ação ou efeito só que significando uma referência indireta, verdadeiramente vaga.

Utilizar-se de tais expressões não chega a ser raro, muitos não se atinam que ambas integram conceitos denominados como intertextualidade. Essa teoria contraiu amplo poder entre os precursores da literatura moderna e fora amplamente renegada no passado. Intertextualidade, em grosso modo, significa interação entre textos. Em outras palavras, o diálogo entre esses formando um emaranhado de signos organizados para transmitir uma mensagem. Parece complexo e bastante interessante, certo?

Errado! Pelo menos é o que pensavam os românticos do passado, creditando a intertextualidade como uma prática incoerente por não priorizar – ainda de acordo com eles - a originalidade das obras. O tempo foi passando e esvairando essas concepções. A busca pelo novo propagou em um modelo antigo, que de novo não tinha nada além do inédito assentimento. A perspectiva se baseava no total esgotamento de uma produção dentro de si própria, capaz de estabelecer a uma obra, diferentes conotações em meio a caracterizações totalmente distintas – base das grandes produções pós-modernas.

Embora se atenha primeiramente a literatura, a intertextualidade se desenrola nas diversas áreas do conhecimento, como pintura, música, cinema e até na publicidade. Quando se atesta que um determinado autor empregou a “Referência ou Alusão” no ato de uma segmentação escrita, significa que ele - de modo direto ou indireto -, utiliza-se de uma temática, ou mais precisamente um contexto ou ideia de elaboração prévia, usufruindo do advento de uma particularidade, a total liberdade de produção.

A Referência e a Alusão é uma comunicação sutil entre os textos, a qual se nota apenas uma leve menção de outro escrito ou a um componente seu. Na alusão, nunca se aponta diretamente o fato em questão, somente o sugere através de características secundárias ou mesmo metafóricas. Referência pode ocorrer de forma explícita ou implícita a uma obra de arte, um fato histórico ou até a um autor, servindo de artifício de comparação, e não só apela ao repertório global, como interagi com a capacidade de associação de ideias do leitor, o conhecimento compartilhado, comum ao produtor e ao receptor de textos.

Mas, como já se deve ter lido em algum lugar, uma coisa é contexto, outra é o texto. Muito diferente é o caso do uso de alusões por parte de um poeta. Nesse caso, não há alternativa senão buscar conhecimento adicional. Já que a Alusão é uma perspectiva de referência indireta a uma pessoa, um lugar ou uma coisa - seja essa fictícia, histórica ou atual -, usada no contexto de uma obra. Cai sobre a esfera da Alusão, a responsabilidade de afastar os chamados "preguiçosos" da poesia. Sobretudo porque para o bom entendimento do recurso, faz-se necessário na maioria das vezes a necessidade de vasculhar uma gama de informações incógnitas. Então partindo para outra vertente, um pouco de como tudo isso pode ser aproveitado na prática.

Exemplos de Referência e Alusão

No exemplo abaixo, o poema de autoria de Camões, faz referência poética a uma passagem bíblica (Gênesis, 29,15-30). Essa é uma referência ao antigo testamento, reza a lenda que Jacó serviu a Labão por sete anos em troca de sua filha Raquel e o pai entregou Lia, sua irmã mais velha. Forçando assim Jacó a trabalhar mais sete anos para que o pai concedesse sua filha mais nova.

“Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel serrana bela,
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pertencia.
Os dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la:
Porém o pai usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe deu a Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começou a servir outros sete anos,
Dizendo: Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida”

A alusão, como ocorrido na literatura religiosa medieval, pode servir apenas para exibir sabedoria. Só pelo processo de reconhecimento, ou re-identificação desta relação por parte do leitor, é que pode se tornar efetiva, por adquirir uma função mais exigente do que a mera citação. A alusão difere da referência ainda pelo fato de seu sentido depender fortemente do contexto em que está inserida. Em certas circunstâncias, torna-se complexo expressar quando se pratica uma ou outra. Como no caso a seguir:

Primeiro uma breve sinopse: de Olhos Bem Fechados é o epílogo da carreira do consagrado diretor Stanley Kubrick, encerrando sua preciosa obra cinematográfica. Pode se dizer que o último é o mais ousado filme do cineasta. É uma constrangedora jornada psicossexual, um assustador universo alucinatório que representa um grande marco nas carreiras dos astros Tom Cruise e Nicole Kidman. Cruise interpreta o doutor William Harford, que é jogado numa aventura erótica que ameaça seu casamento - e envolvendo-o em um misterioso caso de assassinato - depois que sua esposa (Kidman) admite ter desejos sexuais por outra pessoa. Como a história caminha entre dúvidas e medo, auto-descobrimento e reconciliação, Kubrick conduz tudo isso com imagens surpreendentes. São características brilhantes que fazem dele um cineasta inigualável que, nesta obra, manterá todos os olhos bem abertos.- A senha FIDELIO, utilizada por Bill para entrar na orgia, vem do latim "fidelis", que significa fidelidade. Fazendo referência aos membros da alta sociedade que praticavam nesse caso a infidelidade.

- Um exemplo de alusão é o nome Harford, dado ao personagem de Tom Cruise, nada mais é do que uma homenagem do diretor Stanley Kubrick ao ator Harrison Ford, um tanto imperceptível é verdade!


Para nenhum morto vir me “encher” o saco que o texto está muito grande, continua no próximo post, com novos exemplos, como a música L'Âge D'Or da banda Legião Urbana, um comercial de tevê e enfim a Relação entre Referência e Alusão com a Mensagem Subliminar! Não percam coveiros!

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