9 de outubro de 2011

Mentiras

Mentiras

Você voltou eu sei...
Mas não te encontrei
Não encontrei você

Os Sonhos mudam de espaço
A Lua míngua
Até quando se faz dia
Língua que desliza devagar...


Eu sempre fiz questão de acreditar
Você encenava bem o seu papel
Representava um amor de mentira...
Enquanto tentava buscar desejo em seu olhar

Mentiras!
Não te encontrei

Vidas devoradoras de energia
Voracidade, fantasia
Obsessão que fere qualquer coração

Eu me apaixonei
Você só brincou
Inventando um falso prazer para iludir
Jamais achei verdade em seu amor
Só encontrei mentiras!
Não te encontrei

Mas...
Quem se nega quando ama
Está fadado a ficar sempre sem ninguém

Eu me apaixonei
Você só brincou!

Você voltou, eu sei...
Mas, não te encontrei
Nunca encontrei você!

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25 de agosto de 2011

Sintonia dos corpos

Ver você suspirar brandamente
com sons plangentes.
Evocando...
Sussurrando o meu nome
Sucumbindo da falta de minha alma.

E no âmbito dessa paixão
Na plenitude do seu gozo
Está confinada a me desejar para sempre
Fadada a padecer eternamente da mais louca desventura...
Quer é ter nascido:
Para me amar

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6 de agosto de 2011

Senhora da solidão

O amor deve ser experimentado
E não apenas idealizado...
Mas você me proibiu Senhora
Que pudesse expressar de qualquer forma
Sobre o quanto padeço pela sua ausência!

Sequer tenho Senhora a quem recorrer
A quem direi:
O quanto sinto e sofro por sua iminente partida
Talvez só a você mesmo Senhora.

Ou a quem vou depositar meus ímpetos de carinho
Expondo todo o meu amor
Se não for a você Senhora.
A partir do que se viveu
Do que não existe mais.

PS: só pra dizer que atualizei o blog

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11 de julho de 2011

♪ Sweet amada♫



O coveiro que vocês mais gostam está de volta, trazendo uma boa pedida, em especial para os sepultados que têm uma namorada de prenome Raquel/Rachel e se forem apenas “ficante”, também serve.

Em decorrência de alguns compromissos vinha meio afastado do mundo das músicas, sem muitas novidades para postar aqui, em termos de Alquimia Musical. No entanto, na base do acaso e pra variar meio sem querer, acabei encontrando outra relíquia, Sweet Rachel, que precisava ser compartilhada aqui com meus mortos.

É possível que alguns de vocês já conheçam a bela canção, mas para a maioria deve de ser novidade e como disse acima, sem dúvidas, é uma boa pedida para quem está emocionalmente envolvido com alguma Raquel/Rachel, inclusive você pode até dar uma de espertalhão, em uma espécie de desventura pela poesia em língua britânica, assumindo a autoria da obra. É crime, bem verdade, mas creio que os compositores da banda Beau Coop não devem acionar você na justiça, tudo é válido quando praticado em nome do amor – ao menos quase tudo.

Para mim essa é a melhor música que vi entre aquelas intituladas com o nome próprio de alguém. Inclusive estou lamentando muito não existir uma Raquel/Rachel em minha vida para contemplar meu envolvimento com essa belíssima canção. Aí me veio à cabeça uma “ideia” básica, a gente mantém a letra original, conserva o sweet e altera apenas o nome da musa, aí teremos Sweet Sandra/Sweet Barbaba/Sweet Aline... e todos seremos felizes com suas respectivas amadas, para sempre!

Confiram a letra e a tradução:

Sweet Rachel


Rachel
What do i do now
You got me going
But i can't seem to find out what to do

Cause i'm a man that finds himself giving all that i can
But then you tell me time will bring us closer at hand

Sweet rachel
When am i gonna' find out
That the world is not always what i want it to be
Sweet rachel
When are you gonna' find out
That life will always be harder for me

When i was younger
I could run all around
But now i'm older
And dreams seem to settle down

I've got so much love living down inside of my soul
But i'm afraid my heart can't pay another lonely toll

Sweet rachel
When am i gonna' find out
That the world is not always what i want it to be
Sweet rachel
When are you gonna' find out
That life will always be harder for me

========
Tradução
========

Doce Rachel

Rachel
O que eu faço agora ?
Você vai me levando
Mas não consigo descobrir o que fazer

Porque eu sou um homem que se encontra dando tudo que posso
Mas então você me diz que o tempo nos aproximará cada vez mais

Doce Rachel
Quando eu vou descobrir
Que o mundo não é sempre da maneira que eu quero que ele seja
Doce Rachel
Quando você vai descobrir
Que a vida será sempre mais difícil para mim

Quando eu era jovem
Eu podia correr por todos os lados
Mas agora estou velho
E os sonhos parecem terem se acalmado

Eu tenho muito amor vivendo dentro de minha alma
Mas eu temo que meu coração pague por outra sentença

Doce Rachel
Quando eu vou descobrir
Que o mundo não é sempre da maneira que eu quero que ele seja
Doce Rachel
Quando você vai descobrir
Que a vida será sempre mais difícil para mim

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10 de julho de 2011

Vazio Íntimo

Vazio Íntimo

Não há o que dizer
Tão pouco há o que pensar
Folha branca
Silêncio
Paredes congeladas


Nesse cenário
O palco em que ainda persiste a insegurança,
A angústia de está preso a incerteza
Tentar manter, do amor, o último rastro de luz acesa;

No leito, sinto seu perfume pelo ar,
Na marca de seu corpo, ainda latente;
Ouço o timbre duma ressonância

No princípio e o espelho da memória
Rasga a invólucro do instante
Vincula o presente ao passado
Sombrio

Há um vazio que espera ser preenchido
Não com metáforas e poesias
Nesse fluido vivo, desenfreado
Dissimulado e oculto
Como se fosse nada

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5 de junho de 2011

Romance

O João amava a Maria... e a Maria... bom, a Maria...

Nas pegadas da amabilidade, afinal quanto tempo se leva para encontrar um amor verdadeiro? Talvez não muito, quando se parte do ponto que o princípio ativo desse demônio conhecido como amor, vem de dentro para fora. O sentimento já habita o íntimo e se prolifera em ritmo constante, às vezes desenfreado, bastando apenas se deparar com um tolo e o elegermos como súdito desse tesouro (erário) em clima de maldição. Não importa, o desafio maior é encontrar alguém disposto a asilar nossos ímpetos de afabilidade.

O procedimento é distinto, o critério de escolha pode beneficiar candidatas de diversos tipos. As mais populares, inteligentes e quem sabe as gostosonas em meio a seus cabelos cacheados, acompanhados pelas pernas avantajadas. Também tem as carentes ou as mais tímidas, aquelas bem ricas também apresentam bons atrativos. Mas claro, para variar, logo se encantou e acabou preferindo a esquisita e contraditória, atraído simplesmente pela indiferença que exibia em cada minuciosa atitude, o olhar contido, jeito rude, comportamento arredio, servindo para denunciar o medo, carência e, sobretudo, solidão. Ela procura alguém que lhe cuidasse e ele almejava quem quisesse se deixar proteger.

O diálogo e a cumplicidade nunca foram os pontos fortes, eram suprimidos pelo encantador clima de disputa, afinal formavam um casal (a)normal, ansiando elementos modernos para fomentar a relação ardilosa. Ambíguos, o alimento eram as suas brigas e discussões variadamente fúteis. O murmúrio encantador renegava os campos abstratos e figurava como uma condição mais concreta, por meio da ausência de humor que ostentava, unidos as brincadeiras idiotas que fazia uso, que misturadas a plenitude do gozo, acabavam apenas referendando mais um experimento hilário naquele malfadado casamento.

A beleza não lhe era ausente, embora peculiar, constantemente ofuscada pelo semblante nefasto e a índole inconstante. Mas, aparentemente, a resultante desses defeitos era positiva. Ele nunca mentiu quando disse que a amava, porque talvez não compreendesse o seu modo de amar. Seus olhos vislumbravam uma espécie de latria que dialogava com devoção e excessiva obsessividade. No entanto, possuía um lado mais puro, romantizando milhares de ilusões, com direito a fatos jamais acontecidos, fingindo acreditar nas mentiras que inventa, deletando o que nunca existiu, por ser vitimado por uma saudade que assombra, um desprezo que condena, um amor que só destrói.

Definitivamente, os fim não justificam os meios, não há como abortar da maldição que o cerca. Também não importa quantas vezes se abandonem, dará posteriormente um jeito de trazê-lo de volta. E retomará o desafio, mesmo sabendo que nada poderá fazer para ajudá-la, alterando o fatídico cenário de dor e desvelo, padecendo do vazio que a cerca, o palco da iminente derrota está erguido, nunca imprimindo qualquer mudança significativa.

Sim um amor, acometido pelo desgosto da incerteza, nunca saberá ao certo a qual das duas incide o sentimento, na personagem real ou diante de uma figura dramática criada por seu inconsciente insano, ligada ao seu íntimo fantasioso. Desconfia estar loucamente apaixonado por uma extensão de sua mente que não se sabe bem como, resolveu habitar sem permissão o corpo dela.

Certeza é que no fim, ambas, a real e aquela correspondente ao seu pensamento, não precisam mesmo desse amor, apego e dedicação, que ousou jurar que lhe pertenceriam para sempre.
PS:Uma relação intrínseca e misteriosa que está muito além de uma reles concepção de estilo literário.

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4 de junho de 2011

Lendo as cartas da Cartomante Machadiana II (Final)

Clique aqui para ver o texto anterior

Foco Narrativo

O narrador, no âmbito de uma perspectiva básica textual, assume o caráter de uma entidade responsável por narrar aquele determinado acontecimento. É uma das três esferas em uma história, sendo os dois outros o autor e o leitor/espectador. O ledor e o escritor dialogam com o mundo real. É função autoral estabelecer um mundo alternativo, paralelamente ambíguo com as figuras dramáticas rodeadas por cenários e eventos disformes que fomentam a ideia escrita. Nesse processo, o leitor também possui o seu papel, sendo incumbido de entender e interpretar a mensagem. O narrador existe meramente no mundo da história, formando o fio tênue entre leitor e trama de uma forma que possa compreendê-la.

A história, claramente narrada em terceira pessoa, tem a presença onisciente do autor, que usa dessa mesma onisciência para narrar e descrever os fatos. O narrador, nesse caso Heterodiegético - não é personagem da história, a forma mais comum na literatura. -, às vezes, assume apenas a posição neutra, transmitindo a realidade através da descrição das ações. No entanto, em outros momentos, prevalece a condição de narrador onisciente intruso, com liberdade plena, assumindo-se um conhecedor do âmago pensante e psicológico de suas personagens.

O advento perpétuo de uma voz onisciente é relevante por incitar a narrativa com uma atenuante, acentuar os passos dramáticos da obra, suscitando os conflitos internos das pessoas, formando um prólogo de recursos literários mais intensificados. Na ausência dessas soluções, o texto seria conferido em uma atmosfera mais uniformemente mórbida e invariavelmente monótona pela facilidade de presumir o seu desfecho. Também se atribui a esse recurso, o poder do autor em situar o leitor durante o curso do enredo, não somente ilustrando eventos como textualizando narrativamente.

O conto ainda utiliza dois discursos, tanto direto como indireto. Já que em diversos trechos os personagens ganham voz dentro da história, com o narrador, interrompendo a narrativa, para lhes conceder o direito de fala. Mas, em outras passagens, a perspectiva é diferente, não há diálogo, o narrador não as coloca a falar diretamente, mas faz-se o intérprete de sua voz, transmitindo ao leitor o que disseram ou mesmo pensaram.

Estrutura textual, Figuras dramáticas e a Trama

O texto é intrigante pelo poder de, em poucas linhas, desencadear em um incomum experimento no quesito estrutura narrativa, dividida em três partes. Na primeira, o período inicial, no qual o autor se preocupa em traçar um panorama introdutório, usando da precisão textual que lhe é peculiar. O leitor toma conhecimento que Rita, uma bela jovem, vítima da libido pecaminosa da carne, porém dotada de um espírito ingênuo, recorre a uma cartomante para saber se seu amante, Camilo, havia deixado de amá-la, já que há tempos não recebia suas visitas. O aparente mal entendido é desfeito, quando num segundo momento, o narrador transcende ao passado para atestar como se montou a relação, dando ao conto características alineares. Camilo era amigo de infância de Virela, que afastados pelo tempo, acabam se reencontrando, quando este já está casado com a jovem.

A amizade é o elemento central responsável por nutrir a intimidade entre Rita e o amante, ainda mais após a morte da mãe dele. Em nome do afeto que sente por Virela, Camilo até relutou contra seu desejo, embora, a atração por ela acabou sendo mais forte. No trecho crucial de A Cartomante, Camilo recebe um bilhete de Vilela, algo do tipo “Vem já já”. A princípio, isso logo lhe pareceu o enúncio do fim, o amigo parecia ter descoberto tudo. Partindo de imediato, vê-se preso devido ao grande tráfego causado por um acidente, exatamente nos arredores da casa da cartomante. Após uma profusão de conflitos e de romper muitas barreiras, Camilo também resolve aderir ao misticismo. A visita dura pouco, mas demora o suficiente para que lhe sejam galgados veredictos deveras animadores. Seu alívio veio junto ao trânsito que se dispersou e então resolveu partir a casa do colega. Logo quando foi recebido, além do rosto desfigurado de Vilela, completamente entregue ao desejo de vingança, o corpo de Rita, agora somente uma carcaça, falecida sobre o sofá. Antes que se recuperasse do choque ou que pudesse esbanjar qualquer reação, foi vitimado também pela ira do marido traído.

O enredo essencialmente conta com quatro personagens protagonistas, que seriam na ordem Vilela, Camilo, Rita e a figura incógnita da cartomante. No entanto, há outros personagens importantes que não marcam presença direta na história, é o caso da mãe morta de Vilela, que não obstante de secundária, assume uma atribuição capital na envoltura amorosa entre Camilo e Rita. Essas participações, portanto, não são e muito menos podem ser ideadas como o fruto de um acaso não intencional, fazem parte da inteligibilidade narrativa, e figuram-se como determinantes para o enredo da contextura. Machado de Assis além de analisar, também enfatiza psicologicamente todos os papéis, preconizando dilemas e conflitos interiores bem como aquilo que mais temem.

Quando a proposta é abordar o enredo, impossível logo não se remeter ao triângulo amoroso apresentado, a peripécia do adultério, abordada em Memórias Póstumas de Brás Cuba. Amigos de infância, Camilo e Vilela se encontram após um longo período de distantes. Depois de se reencontrarem, Camilo descobre que o amigo casara-se com Rita, a quem posteriormente é apresentado. O resto é até simples presumir, um misto de paixão, traição, adultério seguido de morte, mas isso o leitor só vai descobrir no final.

A formação do triângulo amoroso é que dará continuidade a montagem de Machado, com a jovem entrando em cena, já que sua desventura extraconjugal é o ponto de partida para buscar os conselhos de uma cartomante, que imediatamente prevê muita sorte e alegria nos novos rumos que sua vida vinha enveredando.

Já o amante, uma figura cética, na iminência de assentir um chamado urgente do amigo, vê-se atormentado pelo sentimento de culpa, ironicamente – na base do acaso –, busca consulta nas palavras da mesma cartomante, que também lhe conjetura um futuro próspero, em forma de duas balas que lhe atingiram o peito, desferidas a queima roupa, vendo sua vida esvaecer ao lado do cadáver da amada que o esperava, na vitória pré-estabelecida do ceticismo que coroa o texto.

Em A Cartomante, o desfecho justifica o conceito narrativo, mistério e misticismo, perspectivas que o texto dialoga, subitamente saem de cena, dando vazão a veracidade, no fim o realismo prevalece, na esfera psicológica, o natural desejo de vingança que assola e seduz. E não se pode negar que Machado não forneça evidencias de seu idealismo, no ritmo lento da narrativa, contrastando com o desfecho, o qual a velocidade subitamente dobra ou triplica no último ato.

Por fim, basta se aventurar por novos contos e romances de um dos mais antigos e atuais autores da Língua Portuguesa, que partiu faz tempo, deixando hereditariamente um legado que se renova, a cada leitor, inspirando gerações que vêm e vão, todos sempre fascinados pela presença da ironia, desse romântico às avessas, sarcástico e com a dose perfeita de pessimismo. O caminho para conhecê-lo é um só, pôr-se a ler sem parar. Porque a fórmula para sucesso é submissa à vontade, a gama pelo conhecimento ainda desconhecido, nesse emaranhado de palavras e orações, que precisam ser devorados, com volúpia semelhante à aptidão natural de um machado flamejante em dizimar suas vítimas.

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31 de maio de 2011

Despertador que dói no bolso, acorde ou perca seu dinheiro

Quanto você pagaria por uma máquina capaz de fabricar dinheiro? Difícil saber. No entanto, alguém já pensou em comprar um aparelho que serve para destruir notas? Seguindo esse princípio, foi criado o Money-Shreding Alarm, um novo experimento com função de despertador contendo uma particularidade, ele literalmente tritura dinheiro caso o usuário não acorde a tempo.

A funcionalidade, em um primeiro momento, é até bastante contestável. Porém basta imaginar aquelas manhã chatas de segunda-feira e lembrar-se do sério problema que é sair da cama. As consequências podem até ser graves em chegar atrasado ao trabalho, escola ou faculdade.

O design do utensílio é inspirado no formato de um triturador de papéis padrão. Quem fizer uso, até pode aproveitá-lo não apenas para tirar cédulas de circulação, mas para impedir que seja eliminado papéis importantes como a carta da namorada ou documentos pessoais, garantindo que a pessoa saia da cama. Nesse caso acordar no primeiro sinal é quase inevitável, certo? Porém ainda existe o efeito contrário, o experimento pode ser aproveitado para por fim a foto de uma ex ou aquela prova que a nota foi baixa. Isso indica que cada um faz proveito da forma que melhor couber a sua criatividade.

O utensílio se baseia no famoso conceito "Tempo é dinheiro", ou seja, se dormir demais vai sentir no bolso, perdendo o dinheiro duramente conquistado com trabalho árduo. No fim tudo não passa de uma brincadeira, que não pode ser levada tão a sério, afinal caso a pessoa insira uma nota de cem reais - como sugere a imagem de exibição -, possivelmente ficaria acordada a noite inteira vítima da excessiva preocupação. Portanto o TechTudo indica valores menores, como notas de dois a no máximo cinco reais.


E vale um aviso, o TechTudo não aceitará reclamações pelo dinheiro perdido e proíbe estritamente, a utilização do aparelho durante os finais de semana,quando o sono além de liberado, tende a ser mais prolongado.

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30 de maio de 2011

Lendo as cartas da Cartomante Machadiana

No conto A Cartomante, Machado de Assis – para variar –, mais uma vez brinca com o leitor nas estrelinhas, fazendo-o se deparar com sua visão pessimista do mundo, imprimindo e principalmente demonstrando, talvez, certa decepção pela vida com as pessoas que habitam nela, sempre derrogando qualquer estimativa de um final feliz. Durante o texto, um passeio por atmosferas psicológicas que desencadeiam em contradições humanas, dentro de uma habilidade incomum de criação de figuras dramáticas imprevisíveis, capaz de aliar na dose exata, a mistura de elementos como naturalidade e malícia, além de lisura e simulação.

O texto pode ser definido como um discernimento hilário a cerca das conjunturas humanas, focado na relação que desencadeia entre suas personagens e seu padrão comportamental. Dá vazão a uma locução caracterizada pela sobriedade, comprometida com minuciosos detalhes para atingir a condição de análise densa com o psicológico socialmente humano.

A cada linha do título, originalmente publicado pela Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, em 1884 - posteriormente incluído no livro “Várias Histórias e em Contos: Uma Antologia” -, é conferida a exacerbação do elemento narrativo, estabelecendo a perfeita interatuação entre o leitor e a oralidade da linguagem. A trama é abarrotada por “diálogos” que o narrador, frenquentemente, estabelece com o leitor.

A cartomante inicia com citação a um autor clássico – ninguém menos que Shakespeare –, e por meio da intertextualidade, com que o leitor logo se depara, é possível imaginar que ainda muito mais está por vir. A despeito da dimensão do conto, cinco páginas, são cabíveis de atilamento quanto à mesquinhez somada à precariedade da sorte humana.

O escrito é representativo da segunda fase do escritor, que renunciou ao Romantismo para enveredar por outro caminho, o Realismo. Os textos, dessa fase do autor, caracterizam-se pelo poder de introspecção, pelo humor sórdido e, sobretudo, pelo pessimismo, que se tornou típico em relação à essência do homem e seu relacionamento direto com o mundo. E a Cartomante é uma boa exemplificação, pois na trama, Rita, Camilo e Vilela, envolvem-se num triângulo amoroso, trágico! Traição, adultério e paixão, mais que elementos, são características que permeiam a narrativa.

Os principais contos machadianos são O Alienista, A Cartomante, Missa do Galo, A Causa Secreta, O Espelho, A Casa da Vara, Uns Braços.

O Perfil

É passível observar, A Cartomante forma um específico texto que mistura um punhado de particularidades acentuadas na pragmática machadiana. Primeiro pelo emprego adequado de metáforas, constantes no conto, também pela imprevisibilidade, no quesito comportamento das personagens e claro, pelo denodo filosófico, além da ambiguidade que cerca a obra.

Machado de Assis se aproveita da intertextualidade literária e o recurso narrativo onisciente para dinamizar o relato da história, acentuando os momentos dramáticos do texto. O recurso além de enriquecer, em termos de conteúdo, mostra-se capaz de elevar e prorrogar o mistério da contextura, mantendo o leitor atento no âmbito do desenrolar da história.

Todos esses elementos servem como ingredientes, misturados em um imenso caldeirão e na ausência deles, o texto não resultaria nesse experimento dinâmico, e seu epílogo não teria a mesma ênfase. Apenas olhando a história, é fácil presumir seu desfecho. Daí entra em cena o mito machadiano, a partir de seu apurado trabalho com a linguagem, somado aos pretextos machadianos, fazem com que a trama siga o seu próprio eixo gramatical sem que o leitor perceba diretamente a inserção do fenômeno literário.

Continua com novos elementos...

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29 de maio de 2011

Novas músicas para despertar mortos no Cemitério

Nos últimos tempos não ando tendo muito tempo – com o perdão da redundância – para matar nenhum texto e enterrar aqui no cemitério. A não ser minhas típicas poesias catengas, que de uma forma ou de outra, formam a essência desse mausoléu.

Há alguns meses, queria divulgar aqui duas canções, descobertas na base do acaso, durante um dos raros momentos surfando pelas ondas das rádios sergipanas. As faixas são You Get What You Give e Heaven Is A Place On Earth, títulos assinados respectivamente por New Radicals e Belinda Carlisle. A primeira canção, composição principal do disco Maybe You've Been Brainwashed Too, é realmente para muitos, o maior atrativo do único álbum da extinta banda americana, no melhor estilo rock alternativo com uma pitada de soul e do rock dos anos 70.

No entanto, em um passeio básico pelo CD do New Radicals, acabei descobrindo um novo elemento, outro belo trabalho poético, ainda mais brilhante do que You Get What You Give. Claro, só poderia estar falando de Someday we'll know, uma belíssima balada, que bem ao estilo romântico, poderia integrar as disputadas listas de maiores hinos de amor.

O trabalho de Belinda Carlisle consiste em um experimento menos rock 'n' roll. Com um belo trabalho vocal, dentro de um estilo mais dance, Heaven Is A Place On Earth é bem animada , divertida, uma boa pedida após, por exemplo, um estressante dia de trabalho.

Por hoje é só, que voltem a repousar os mortos do Cemitério.

Seguem abaixo as letras e o clipe das músicas:



You Get What You Give



Heaven Is a Place on Earth



Someday We'll Know

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Inveja

A inveja que destrói
Corrompe
Não dê importância por mais que te irritem,
Por mais que te fizerem...
Covardia
Estuda a frio a maldade contida no coração alheio.
E é assim, do mal que eles te querem,
Que irá emergir teu mais amável e sutil recreio...

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1 de maio de 2011

O Medo

O medo

Aquele medo de voltar pra casa a noite
Incitando minha mente bizarra
Na essência temos medo de ter medo
O escuro domina os campos do existir.
Saber nosso destino, tão simples...
Completa insensatez.
Sempre fomos educados para temer o medo
Estranho, desconhecido.

Sinta medo...
Medo de olhar e se entregar
Medo de sentir, gozar, gritar...
Receio de escorregar e cair de cara na lama
Medo de morrer para depois voltar a viver.

Não há certo e nada também está errado.


As estrelas dos seus olhos já não brilham mais nos meus
Refugiamo-nos no amor,
Intrínseco célebre sentimentalismo banal,
E o amor falhou: caia água dos céus
E esses seus cabelos, são como ventos tempestuosos.

O medo, com sua capa envolta de ódio e rancor
O pavor dissimula e desnorteia.
Fiquei com medo de ti, você sentiu medo de mim
Companheiros de uma única dor
Vamos juntos ver o terror das estrelas,
Festejar o susto das negras noites,
Receio de amar!
Nos matar novamente para depois...
Banhar-nos em cachoeiras de águas poluídas.

O medo matou nossa saudade
Cristalizando as feridas
Fieis herdeiros desse receio
Temor
Alarde que assola e seduz
Enfim descobrimos
O medo alimenta as chamas desse amor!

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3 de abril de 2011

Reencontro...

Segundos após o reencontro
Nossos desejos ressurgiram,
Sonhos renasceram...
Respectivamente sonhos e desejos
Até então...
Adormecidos!
Redescobrir o sabor da paixão
Eis que esse amor desperta,
Magia avassaladora
E mais uma vez
Por nós....
Será vivido...


Sinto-te tão próxima...
Teu cheiro, teu sabor,
Agora estão tão perto
Teu corpo preso junto ao meu
Nossas almas se apertam

Enfim...
O tão esperado momento
União estabelecida outra vez...
Dois espectros, presos a dois corpos
Em autêntica fusão se entrelaçam...
E a separação!!!
Não existe mais

Agora prevalecem Beijos,afagos,carícias,
Toques, gestos, risos e...
O cenário de uma relação sincera
Plano de fundo para ilusões e sonhos mil...


* ...

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27 de março de 2011

Tomates em dó maior

Tomates em dó maior

Quero sentir no meu jardim
O forte cheiro de alecrim
O verde que brota das plantas
E esse cheiro que excita.
Tomates em dó maior


Tenho desejo de deitar
Sobre esse imenso jardim
...e sonhar
Como uma borboleta
No mar verde e vermelho dos tomates
Tomates em dó maior

O meu jardim
É o melhor do Mundo.
Os tomates... Que beleza!
Os mais bonitos com certeza
Tomates em dó maior


A fruta é colorida,
Cada fruta tem a sua cor,
Arredondada ou comprida
cada fruta, seu sabor.
Como...
Tomates em dó maior

Tomate, também é fruto
Seja verde ou vermelho
O gosto nunca é doce
Corta-se às rodelinhas
E come-se com a alface.
Tomates em dó maior
Apenas quero tomates...
Tomates em dó maior

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100 vezes Ceni



É uma homenagem ao maior... Embalada pela comemoração do Centésimo gol do maior patrimonio tricolor, o melhor goleiro de todos os tempos, o maior que vi jogar, isso é São Paulo, isso é Rogério Ceni!

Clique Aqui para ver todos os gols do mito

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26 de março de 2011

Amor do passado: Eterna Magia

Sentimentos de um passado longilíneo, que pareciam inumados, nas ocasiões que menos se espera, podem voltar à torna. A ressurreição do frio na barriga, da disritmia que faz parar o coração, afinal, será mesmo possível se apaixonar novamente pela mesma pessoa, redescobrir um amor acometido pelo ódio e rancor?

As respostas nem sempre são plausíveis, afinal, são as indagações que costumam reger, não apenas a mente, mas também os sentimentos. E a despeito do clima tenso, de serem constantemente invadido por um punhado de más lembranças ainda não sobrepujadas, em outros momentos, romantiza-se muito o passado, as desavenças são deslembradas e a nostalgia os alveja, olvidando o quanto eram infelizes.

Mesmo assim, o tempo os acolheu. Os antes “inimigos”, que deixaram o amor como segundo plano, vão se rendendo a uma magia adormecida, perturbadora, que retorna de não se sabe onde. Os beijos, a princípio contidos, denunciam o ímpeto de carinho que já não imaginavam sentir, padecendo sobre a atmosfera de sentimento. A relação indubitavelmente ambígua, agora sugere clareza e nesse mesmo agora, é o rancor e as brigas que ficam de lado, suplantados por cada gota dos fluidos bocais que formam aquela profusão de ósculos.

Ou pode ser que nada disso ocorra e que jamais voltem a se cruzar novamente. Mas preservaram, no íntimo, que ao menos por um momento, o amor entre eles refloresceu. As máscaras transpareciam, já não precisavam se proteger, do que achavam que tinham perdido, do que parecia não ter mais volta...PS:“Esse texto é dedicado a mulher que mais amei nessa vida!”. Assim me pediu que dedicasse a personagem central da trama!

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20 de março de 2011

Perda do amor

O poema é pessimo, mas foi tudo que precisava e consegui fazer!

Perda do amor

Lágrimas escorrem...
Lamentos que incidem.
Suspiros que voam...
Pelo ar
Lamúrias soltam-se,
Espírito, Intimo, Coração... Partidos...

Disseste que não,
Juravas que mentia...
Agora sabes que tenho razão,
A imensidão que realmente o sentia...

Não aceitou o pedido,
Perdeu quem mais te amou...
Quem ainda te ama
E quem apenas sofreste,
Mesmo agora que tudo parece perdido
Nada se perdeu...

Chora com razão,
Mata o coração
Desta perda estúpida
Que assassinou o coração...
E não te esquecerá...

Se ouvir que te esqueci...
Choras muito, pois
Nesse dia, eu também morri

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13 de março de 2011

A tal de solidão

A tal de solidão

Uma vida ausente
De expressão triste
Vagando pelo vazio
Sem saber que existe
A tal de Solidão

E desta sensação
O lamento
Que se entende
...e sente
O gelo de alguém que viu
A tal de Solidão.

Semeei desertos
Colhi tempestades
Entre multidões
Mil lágrimas... travei
Em marés de infortúnios
... sorri
Em seu seio senti
Que meu peito se fechou
De tudo fugia
Na inquietude que rugia
Vontade que se apagou
No afago
Âmago, essência perdida
No gelo de alguém que via
A tal de Solidão.

Em falsa plenitude
Sentia-me incapaz
E sem alegria
Numa evasão destemida
Meu coração
Provou o amargo sabor
De alguém que vivia
...eternamente preso
A tal de Solidão.

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Amor Platônico

Amor Platônico

Não sei como apareceu...
Também não quero lembrar como se foi
Só sei que chegou na hora certa...

Recordo um olhar penetrante
Nesse instante tudo mudou...
Apesar do charme estonteante...
Foi seu sorriso que me conquistou

Menina linda
Encanto de flor
Descubro nesse poema
Que não sei falar de amor

Só em você pensava
E na ausência do maltrato
O amor me castigou

Enfim pude notar...
Só respiro todos os dias
O lamento dessa dor!

E agora nas mais loucas viagens...
Parece que você voltou
Estava prestes a acreditar
Em outra armadilha do amor

Diga que será minha
Um dia...
Que agora na lembrança
A cada minuto te desejo
E me embeveço de esperança

Sei que nunca te terei
Então, vou colocar os pés no chão
Até desisti de acreditar
Na existência da paixão!

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9 de março de 2011

A lógica ilógica de uma cegueira

Nunca fui um dos maiores adeptos ao trabalho de José Saramago, confesso! No entanto, nem se fosse cego poderia negar que, o autor falecido no ano passado, tem elementos de sobra para – no mínimo – merecer um post no Cemitério. Como parte de uma realização pessoal, resolvi que deveria conhecer mais de perto o trabalho desse que, para muitos, é um dos escritores mais geniais da literatura. Minha empreitada começou com uma de suas obras mais expressivas, portanto não deixem de ler a crítica.

É bem difícil presumir essa experimentação artística: “Ensaio sobre a Cegueira.” Basicamente, pode ser conjeturado como um grito cego que emerge de uma humanidade completamente arrasada, alojada em um caos profundo, precisamente compondo um labirinto de dementes... A imperfeição contraditória de um perfeito cenário caótico que só poderia ser retratado - adquirindo vida própria - através do texto de um dos maiores escritores dos últimos tempos, ninguém menos que José Saramago.

Tudo começa quando, estranhamente e numa situação verdadeiramente atípica, um homem fica cego. Era até um dia normal na cidade. Transeuntes iam e vinham de todas as direções. Igualmente os carros parados numa esquina a espera do sinal mudar. Quando finalmente, após minutos que pareciam compor uma árdua espera, a luz verde acende-se, mas um dos carros, ainda inexplicavelmente, não se move. Em meio a muito barulho de buzinas e gente enfurecida que batia nos vidros, percebe-se o movimento da boca do motorista, era até possível ler as palavras que saltavam de seus lábios, justamente apenas duas únicas palavras: "Estou cego".

Essa era a deixa inicial para um livro que faz o leitor enxergar além de sua própria vontade, e até bem mais que isso, faz temer a própria humanidade frente a uma situação adversa. A verdade é que o específico narrativo não dá uma trégua, já começa duro e, sobretudo, assustador. Esse é o estilo predominante da escrita de Saramago. Até a estrutura textual é recheada de particularidades, com poucos pontos, muitas vírgulas e discurso corrente, o plano de fundo perfeito para suscitar um cenário de acontecimentos de aparência inverossímil, passando pela mente do leitor com uma velocidade incrível.

A partir de uma súbita e inexplicável epidemia de cegueira, o autor gradativamente guia um a um de seus leitores por um tênue caminho, uma dimensão paralelamente ambígua, guiada para a desorganização, desconstrução dos valores mais básicos da sociedade, transformando seus personagens se não em animais egoístas, em verdadeiros déspotas, na sua luta desenfreada pela sobrevivência. Vários personagens vão sendo sucumbidos pelo mal sem que o leitor tenha uma mínima pausa para dar uma rápida respirada. E quando finalmente se dá conta, uma constatação minimamente intrigante, é formado um relato tão aberto à imaginação do leitor, é impossível não temer uma verdadeira epidemia, imaginar como agiria não somente as autoridades, mas o homem em uma situação dessa natureza, e a certeza de como realmente o medo faria vir à tona os instintos mais contraditórios e ocultados do ser.

Apesar disso, a princípio, numa perspectiva simplória e singularizada, é possível criticar a verossimilhança da obra. O hiper-realismo focado na probabilidade absurda de uma cegueira invadir a sociedade, uma doença se proliferar dessa forma, numa visão mais cética isso pode ser questionado. No entanto, a enfermidade é o plano de fundo metafórico para a obra de Saramago dialogar com a crítica sobre os valores sociais, mostrando-os frágeis, pois onde ninguém vê, teoricamente nada aparece, elucidando que os valores, sejam morais ou materiais, são nada mais atribuições criadas pelo homem. Neste contexto, a obra mostra desde aventuras sexuais, o pudor, que já não existe porque não é visto, até a imundície que se instala por toda a cidade.

Estrutura

A história é narrada de modo linear, embora exista uma desconstrução dessa mesma linearidade no quesito temporal, sobretudo, durante suas idas e vindas nas memórias das personagens. A obra é um experimento de características únicas, a mesquinhez presente evoca a reflexão sobre os valores que cada um tem da vida, da moral, dos costumes e até mesmo do que nos é caro: onde está a mãe do menino estrábico? Cegou, morreu? A rapariga de óculos que, em princípio, parece não ter valores, mostra-se filha amorosa, amiga e uma mulher capaz de amar, não pela beleza física, mas pela ternura que as situações a levam.

Um artifício interessante são particularidades que rodeiam as personagens, não caracterizadas por seus nomes, mas pelas próprias particularidades. Citando protagonistas e antagonistas como os ocupantes da camarata onde estavam o médico, o primeiro cego, a mulher do primeiro cego, a rapariga de óculos e o velho com a venda num dos olhos.

A questão da liberdade poética e criativa pode servir para atestar que a obra é difícil de ser concebida por uma soma de motivos, a começar pelo seu contexto filosófico, e seguindo pelo estilo de José Saramago: as falas entre vírgulas forçam o leitor a um verdadeiro mergulho em suas ideias, pois é impossível parar em meio às opiniões do autor.

Romance Moderno

A característica do moderno está em representar alguma ruptura, fuga, quebra, distanciamento com a época anterior e as trivialidades. É um experimento marcado pela subjetividade, a desconstrução, que é um dos parâmetros indispensável para a sociedade moderna, focado nesse desejo voraz e insaciável que é dizimar o que pode ser definido como a máscara da razão, entrando em cena a vontade fisiológica, atenuada pelo poder e competição, a real desvinculação de valores sistematizados, é um anúncio que a obra poderá ser ideada como pós-moderna.

É relevante elucidar que o texto possui, pelo menos aparentemente, certo compromisso com a realidade, embora (eu) não seja a pessoa (médico) mais qualificada para analisar esse grau de veracidade. Existe uma preocupação de se fazer uma explanação contextualizada acerca do mal que assola, traçar os sintomas, e, portanto, não é absurdo dizer que isso denuncia que parece ter havido um estudo, por parte do autor, porque cegueira não se desenvolve de uma hora pra outra, ele faz o parâmetro que nessa enfermidade se enxerga tudo claro, ao contrário da doença conhecida que é tudo escuro. Sobre A Cegueira Branca, como é determinada no romance, nesse aspecto, sem aprofundar textualmente, porque de fato não é importante, parece até existir controvérsias. Mas importante mesmo é analisar criticamente o recurso que se sucede em torno do mal branco, focado na ideação literária, que nada mais é que o resultado do produto geral do trabalho, da cultura. A cultura de um povo se realiza, em diversos sentidos, nas ciências e nas artes. É um conjunto de fatos e hábitos socialmente herdados, e isso determina a vida dos indivíduos.

O texto é moldado em ideais expressionistas, uma vertente que costuma ser entendida como a deformação da realidade para expressar mais subjetivamente a natureza e o ser humano, dando primazia à expressão dos sentimentos mais que à descrição objetiva da realidade. Entendido desta forma, o expressionismo é extrapolável a qualquer época e espaço geográfico.

Proposta Narrativa

No texto predomina a narração onisciente, embora não exista uma única perspectiva narrativa, visto que o narrador acaba dando voz e dialogando com a ideia de alguns personagens. O narrador de Saramago parece querer incomodar a consciência daqueles que percorrem, pela leitura, suas histórias. Assim, é-lhe peculiar fazer uso da invasão do pensamento das personagens, a fim de revelar suas verdades mais recônditas, também de manusear o tempo ficcional em conjunto com o histórico, causando um vai-e-vem revelador de uma pluralidade de pontos de vista e de julgamentos. O narrador constrói imagens significativas para o leitor, como esta, em que explica o fato de que se o ladrão tivesse recebido oportunidade de ter tomado outra via, não teria praticado o roubo, que lhe ficaria na consciência.

O narrador é o canal que liga o leitor a liberdade criativa de Saramago, pois é através da ação que exerce, o papel de costura as vozes dos personagens para dali conduzir o leitor a uma conclusão, para auxiliá-lo nessa “terra de cegos”, mas de modo que se deixa perceber como o construtor de algo, como alguém que ainda tem algo por fazer.

A cena que diria que mais choca ocorre durante o duelo dentro do manicômio, quando o local acaba sendo tomado pelas chamas. A elegia característica do local, somada a luta pela sobrevivência. Do outro lado o instinto dominante, aliado ao desejo de sobressair frente aos demais. O resultado disso é que nenhum deles, o bem e o mal, podiam imaginar que o mal maior em forma de cegueira, havia rompido os muros do manicômio, invadira toda a cidade, talvez o mundo, enquanto para eles a degradação humana era iminente ao cenário que habitavam.

Outro aspecto interessante, a mulher do médico, ironicamente, recebeu a dádiva de conservar o dom da visão. Ironicamente, porque seu trunfo acabou se tornando seu martírio, sua maldição, aquilo que a diferenciava dos demais, que além de lhe garantir como testemunha ocular do sofrimento coletivo, fazia dela diferente, a pessoa realmente deficiente dentre as demais.

Mensagem final: o leitor pode ou não estar encantado com a literatura de Saramago, pois certo mesmo é que está indubitavelmente assustado com a dúvida que o autor insere indiretamente: É assim que os homens verdadeiramente são? É preciso cegar-se todos para que enxerguemos a essência de cada um?

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14 de fevereiro de 2011

Morte da Alma

Morte da Alma

E essa alma, que aos poucos, padece;
Fenecendo na sua ausência.

Olhos perdem o brilho
Diante da imensa tristeza
Mas algo está me afligindo.

A todo instante pensam um no outro.
Sentimento ainda se faz presente
Não se apaga, a dor desse querer.

Quando se olha de frente ao espelho
Não é possível enxergar
Apagaram os traços incontidos na felicidade.

Mas, nessa tentativa, um misto de todas as coisas
Nada se vê...
Lágrimas que rolam pela face,
Tiram a visão asperamente.

Nesse universo que se transforma....

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Fotógrafo registra detalhes de insetos

Moscas, aranhas e outros tipos de insetos, seriam mesmo seres pavorosos, ou só nunca foram vistos bem de perto? Foi essa dúvida que levou o americano Thomas Shahan, ao trabalho de registrar os detalhes mais minuciosos dos insetos. A ideia, colocada em prática pelo fotógrafo através da utilização de lentes macro em uma câmera digital padrão, resultou na captura de diferentes espécies de animais minúsculos, expondo tanto as formas mais complexas quanto as características dos artrópodes.

A mostra é variada. Publicada no site de Shahan, além de aranhas, abre espaço para outros tipos de insetos, como moscas e libélulas. Os detalhes e as cores são os principais atrativos, no caso de uma aranha Maevia inclemens, o close-up mostra de perto os quatro olhos e a superfície amarela do octópode.

O fotografo garante que não mata ou maltrata os animais, sequer os imobiliza. A intenção é mesmo fotografá-los no ambiente natural. "Geralmente o trabalho ocorre na rua, mas eu ocasionalmente trago um artrópode para dentro de casa para fazer as imagens", diz.

Thomas Shahan conta que, durante seus primeiros experimentos, chegou a colocar alguns artrópodes no congelador, a intenção era apenas deixar seus movimentos mais lentos. Acabou se arrependendo ao ver que os insetos morriam depois de um tempo.

Shahan ainda explica que, no processo de compilação das imagens, o equipamento utilizado é secundário. "É possível fazer muito com pouca coisa", diz. E deixa uma dica para os novos adeptos dessa prática. "O segredo é sair para a rua, se divertir procurando insetos e tirar o maior número de fotos possível", finaliza.

Fonte: Bol Notícias

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6 de fevereiro de 2011

Cuidado, Moçada! É a Hora do Terror... Uhuhuuuu...

Sabe aquele filme que nos remete a nostalgia, quase sempre acompanhado por uma pitada de lamento?

A Hora do Terror (The Midnight Hour), de 1985, foi um dos poucos longas a assumir essa condição. Dirigido por Jack Bender (Lost e Família Soprano), o filme, exibido à exaustão pelo SBT na década de 90, no Cinema em Casa, mais que uma surpresa, foi uma alegria. Durante muitas tardes, em companhia de amigos, nós nos aglomerávamos em frente a teve, uma cena que se repetiu por inúmeras vezes.A trama era simples, embora, interessante. Um grupo de jovens se reúne em pleno dia das bruxas e a intenção: roubar um antigo baú para, simplesmente, reviver os mortos. O que eles não sabiam, estavam liberando criaturas malignas, dispostas a dizimar tudo em virtude do seu desejo de vingança. A cidade, agora acometida pelo caos, era uma profusão de mortos, que se erguiam preparados para celebrar o dia das bruxas de uma maneira singular.A contextura, além de simplória, parece pouco – ou nada - verossímil. Na maioria das vezes, embora não se caracterize como via de regra, produções desse quilate, que emanam o cheiro de infância, passam distante de se destacar como primor estético em termos técnicos, ou até mesmo no quesito textual.

Essas limitações até podem comprometer o produto final, certo mesmo, é que A Hora do Terror se transforma num fenômeno difícil de ser abalizado. Começando pelo poder de estabelecer particularidades, peculiar talvez, pelo modo que corresponde à vida de cada expectador, retratando momentos há tempos esquecidos, fazendo uma ponte entre estações, num paralelo enfoque com as agruras de outrora. Em outras palavras, um choque individualmente geracional.Não se pode deixar que o valor de uma segmentação artística, esteja atrelado apenas à jornada adolescente de seus espectadores, embora essa seja uma atenuante. Ainda que a qualidade seja discutível, existe sim uma magia, envolta nas produções de baixo investimento. Já perdi as contas de quantas vezes assisti e re-assisti, até cheguei a gravar numa fita VHS, sem falar, num passado recente, nas muitas noites que me dediquei a caçá-lo incessantemente pela net. Não importa o quanto digam que é tosco, para mim, será sempre brilhante, genial, um dos melhores, por todo clima cômico, sempre acompanhado por uma pitada de medo, garantido por uma belíssima trilha sonora, que além de proporcionar o ar de suspense, garante o cenário de iminente nostalgia.

Portanto, vale a pena cada minuto dessa produção, além da minuciosidade do conjunto da obra, é um filme que não sai da cabeça nunca! Portanto, pensem bem se vão ingressar nessa nova desventura, porque como previne o locutor logo no início do filme, Cuidado, Moçada! É a Hora do Terror... Uhuhuuuu...

E para a coveirada que chegou até aqui, é a hora dos presentes, primeiro confira alguns trechos do filme:












Mais os presentes não acabam por aí, Clique Aqui para download da belíssima trilha sonora.

E a oferenda maior, Clique Aqui para fazer o download de A Hora do Terror.

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A ‘demolcracia’ numa fila de cartório

Por: Thiago de Brito Varjão*

Debates políticos, denúncias de corrupção, navalha, sanguessuga, cueca com dólar, mensalão, desvio de verbas, quebra de sigilo fiscal, aborto, privatizações e dentro de todo este processo ‘político’ estava o rezoneamento.

Último dia para o rezoneamento eleitoral, que servia apenas para dizer se o cidadão queria ou não mudar a seção onde vota. Nove e meia da manhã. Já em frente ao cartório depara-se com uma fila de uns cem metros. Era uma fila para se entrar em outra fila, afinal brasileiro é um bicho curioso tem uma paixão especial por filas. É fila para ir ao estádio ver o time decadente da cidade perder, é fila para ir ao cinema, para ir ao teatro, para ir ao banco pagar a conta de água vencida, para ir ao dentista e também a fila para se entrar em outra fila do cartório para se cadastrar no rezoneamento. Haja fila (mais uma vez me deparo caro amigo com estas benditas repetições inebriante, não as leve em conta).

Aquele sol escaldante batia nas cucas dos pobres romeiros, cuja religião e penitência era o rezoneamento, devia estar fazendo uns trinta e cinco graus à sombra. Pobres nauseabundos gemiam diante da força implacável de Aton. Quarenta minutos depois pega-se uma parte da marquise na sombra, eis que chega uma figura franzina mais ou menos um metro e sessenta, rosto largo, mas o resto do corpo era fino feito aquele personagem do desenho do marinheiro Popeye, a Olívia Palito, sandália de dedo quebrada presa por um prego na parte inferior e ombros tendo como penduricalho uma mochila. Dez minutos, vinte, trinta e a bendita fila não andava, o sujeitinho começa a balbuciar algumas palavras. Mais dez minutos e a paciência do indivíduo chega ao fim, e ele começa a falar, falar e falar. Sua oratória juntava o público que estava ao seu redor, umas três ou quatro pessoas. Foi aí que percebeu-se sua importância, pois tratava-se do cientista político de filas e neste caso da fila de cartório de rezoneamento, com um discurso afiado falando sempre mal de tudo. Berrou:

– Isso é um abuso! Somos obrigados a votar, a pagar uma ruma de imposto, e não temos nada de volta, é uma violência. Ainda dizem que a gente ‘veve’ numa ‘demolcracia’.

Aquele homem tinha o dom da oratória, falava tanto quanto um padre em dia de quermesse. Cada vez mais pessoas chegavam perto dele, o seu clã já continha onze ou doze pessoas, todos discutindo e reclamando da política, da polícia, do preço da passagem, do preço do gás de cozinha, do preço da carne que está pela hora da morte e também da fila do rezoneamento que estava empacada feito burro manso. Ele apresenta-se, João é seu nome.

João, este cientista político popular de rezoneamento discutia também sobre economia, falava de quantas cervejas dava para comprar com seu salário, filosofias de boteco de esquina e entre outras anedotas. João destacava-se entre os participantes daquela peregrinação, observava os outros personagens da fila, tais como o Mané Gostoso com seu cabelo penteado para cima, camisa regata mostrando seus ossos e pelancas e com um walkman em um volume tão alto que dava para ouvir “No toca-fita do meu carro uma canção me faz lembrar você” do cantor brega-popular Bartô Galeno. Mas de todos os participantes quem mais incomodava João era um guri gritalhão filho de uma perua de estatura mediana, tipo um metro e cinqüenta, saia longa azul, sapato bico fino e um cabelo cor acaju moldado em uma chapinha. Outros coadjuvantes juntavam-se a peça e diziam amém às profecias do João.

“Tudo é culpa do povo brasileiro”, disse ele. O brasileiro deveria ser um objeto de estudo sério dos Sociólogos e Antropólogos, pois tudo sempre cai em suas costas fracas, não que Darcy Ribeiro, Roberto Damatta, Gilberto Freyre, entre outros já não tenha o feito, mas estou falando em um estudo numa ótica popular, menos academicista (caro leitor os neologismos aplicados nesse texto ajudam na falta de léxico apropriado). O povo brasileiro é como um grupo de pessoas ao qual João não participava, ele estava à margem do processo. Se temos políticos corruptos é culpa do povo, se o salário é baixo é culpa do povo. Mensalão, navalha, sanguessuga, dinheiro na cueca, privatizações? Culpa do povo! Se o feijão queimou também é culpa do povo que colocou olho gordo na fartura dos outros, se o vizinho é impotente é culpa do povo invejoso e das vizinhas macumbeiras que puseram feitiço no Tião para tirar a alegria da face de sua digníssima esposa, e por fim se temos filas para rezoneamento é culpa do povo.

– Olha a água mineral, a cervejinha e o suco de ‘acelora’, gritava o trabalhador informal.

Outra característica do povo brasileiro é de sempre ter um ambulante com um isopor vendendo coisas, é no campo de futebol, na fila do cartório, até na visita do papa ao Brasil (enquanto se dizia amém entornava-se a gelada, aleluia!) se via ao longe aquele isoporzinho branco repleto de cervejas geladas desfilando para cima e para baixo. A fila finalmente se movimenta em um espetáculo de pernas se movendo da esquerda para a direita, como em uma Milonga que até Carlos Gardel ficaria invejando. Sala dos guichês. Ar condicionado. Cadeiras de espuma. Mas esse paraíso cai por terra, quando os números são distribuídos. Número cem marcava o guichê, número cento e setenta marcava o papelzinho de João. Aquele Jardim do Édem com condicionadores de ar não suportava aquele batalhão de gente. Um guarda diz:

– Bem, pessoal, vamos organizar aqui. Vamos para outra sala, porque esta aqui tá lotada.

Aquele bailado de pernas antes conduzido pelo tango de Gardel, agora se transforma em um final de festa de arrocha regado com muita cachaça barata. João perdia seus companheiros de debate, deviam estar cansados depois de tantas danças.
Dez minutos, vinte, trinta, número cento e cinqüenta. Chá de cadeira e dor nas pernas. João ainda falava sobre ‘demolcracia’ para uma platéia de cadeiras vazias e atendentes mal encaradas.

Número cento e setenta. O cientista político levanta-se e vai se rezonear. Decide continuar votando na mesma seção do seu bairro. Pronto, seu papel como cidadão presente nos processos políticos e eleitorais estava cumprido, responder apenas ao velho SIM ou NÃO.

Bate meio-dia, hora sagrada nesta terra tupiniquim onde a fila é uma religião. Rezoneamento não serve para nada ou seria mais uma equação filosófica complexa de ser resolvida? Discussões à parte, a ‘demolcracia’, o isopor ambulante e o povo continuam seus trajetos pelas veredas da vida.

Feliz. Cumpria seu papel integral como cidadão presente nos assuntos políticos do seu país, sim seu papel como cidadão presente nos processos democráticos estava cumprido, agora era votar no menos pior, escolher entre Astrojôncio da Silva Lero-lero que prometia aumento do salário no início do ano, além de criar o programa Bolsa Idoso, ou votar em Chiquita Lesco-lesco que prometia a continuidade do que já estava implantado no país.

A saga do rezoneamento termina e João se mistura em meio à multidão.

*Jornalista, estudante de letras e um bom amigo

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15 de janeiro de 2011

Horror, horror e mais horror

Quase 600 covas foram cavadas até agora para abrigar os mortos da tragédia na Região Serrana do RJ.

Quando penso nisso, de cara surgem algumas constatações. A primeira é que a natureza pode realmente ser muito cruel. E a segunda dialoga com a bela forma de começar o ano, porque se isso for apenas um prenúncio, estamos mesmos é...

No entanto, é bem simples para mim, acerca dos fatos, banhar-me nas águas do ceticismo, afinal, não sou eu quem está soterrado, tendo o infortúnio de ter sido enterrado vivo. Essas pessoas realmente existiram, não são meramente números ilustrativos, elementos de algum dado estatístico qualquer. E mais do que isso, os desafortunados podiam ser os nossos pais, irmãos, namorada, avós... ou qualquer outro ente querido.

Muita calma nessa hora, isso é o que diriam os mais experientes. Até porque, esse tipo de evento sempre desperta a dor, além de estimular momentos de reflexão. Pena que é utopia, imaginar que tal reflexão, poderia incidir no íntimo das autoridades competentes, evitando que outras pessoas, aquelas ainda vivas, sejam dizimadas por um mal semelhante, condenadas a iminente missão de preencher as próximas covas, nos próximos desastres.

Difícil saber o que esperar desses governantes, incapazes sequer de assumirem as suas responsabilidades. Parece até má vontade, é bem verdade, virou moda sim culpar os políticos por toda e qualquer mazela do mundo, embora impossível ignorar, a habilidade incomum que no Brasil demonstram de se destacar apenas pela incompetência aliada à completa estupidez.

Estupidez pela pura e simples incompetência de eleger prioridades diretas, sem falar no poder de equívoco diante das situações mais básicas, como planejamento e prevenção. E isso para não pensar em descaso governamental e outras ideias afins.

Certo é que a contagem de corpos contínua. E a cada encontrado, surge à cabeça um emaranhado de indagações diferentes. Quantos deles terão votado e ajudado a eleger essa gente? Cabral, Alckmin, Dilma... Será que precisamos mesmo de vocês? E a pátria amada, verde amarela, até que ponto avançou durante os oito anos daquele “grande estadista” que até recebeu por parte de alguns, a inédita alcunha de melhor presidente da história?

Anseio deter todas as respostas, portanto me dou o direito de me preservar entre mil filosofias. Restrito a padecer também desse luto, compartilhando o insossego, que talvez não seja eterno, mas que irá durar por muito tempo. Eram pessoas, homens e mulheres, brasileiros que só não perderam algo maior do que a vida, por coisas da vida, e a razão, simplesmente, nenhuma!

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9 de janeiro de 2011

A música do amanhã, essa noite!

Sabe quando você está loucamente à procura de alguma coisa e, pra variar, acaba encontrando outra?

Na web, essa situação – inusitada – é no mínimo bastante frequente. Dias desses, estava caçando a trilha sonora de um filme que acabara de assistir. Entre tantas opções, o site de busca listou alguns vídeos. A despeito do resultado não ter qualquer relação com o objeto inicial de pesquisa, um deles despertou minha atenção logo de cara, pelo título e principalmente pelo vestuário do artista na imagem de exibição. Não demorou a, motivado pela curiosidade, acabar acessando o vídeo. O resto, é passível presumir, acabei me encantando com a maravilhosa sonância que, como num passe de mágicas, pousou em meus ouvidos.

Na qualidade de um bom coveiro, fiz questão de sepultar a canção aqui entre os mortos do meu Cemitério. Como vida de falecido é sempre meio sem graça, aquele papinho chato de descanse eternamente, uma melodia nova não há de fazer mal a ninguém. Mas antes, algumas informações básicas: quem assina o título é Michael Harrison Sweet, ou simplesmente Michael Sweet. O cantor e compositor estadunidense, conhecido pela grande influência cristã em seus trabalhos, praticamente começou sua carreira aos cinco anos de idade, quando ainda arriscava os primeiros passos no violão. A vocação para música ficava mais forte, anos mais tarde quando também se interessou pelo canto. A empreitada acabou dando certo, posteriormente Michael além de dominar vários instrumentos, tornou-se líder da Stryper, banda formada em parceria com seu irmão no início dos anos 80.

Após mais de uma década a frente do grupo, Michael Sweet resolveu interagir com novos projetos, agora em carreira solo. A primeira mostra foi um álbum homônimo, talvez o de maior sucesso, que se deve não apenas pelo conjunto da obra e sim pela faixa “Tomorrow, Tonight”. O CD como um todo é deveras atrativo, um dos melhores discos solos em um aspecto geral, embora, essa canção seja – realmente – especial, linda, formidável e capaz até de ofuscar a beleza das demais.

"Tomorrow, Tonight" figura seguramente entre as minhas favoritas, uma balada que não deve nada a grandes clássicos do rock, um verdadeiro hino de amor. Abordá-la denota verdadeira satisfação, além de um punhado de adoração também, pelo prazer incomensurável de ouvi-lo a cantarolar a poesia, em conjunto ao poder incontido dos vocais, fazendo ecoar sentimento. O endereço de destino é sempre certo, alojar-se na alma e coração dos ouvintes.

Portanto, basta dar o play pelo youtube, acompanhar a letra e a tradução e quem sabe fazer download pelo link do 4shared e poder guardar para sempre. Porque como sugere o refrão, “Can we dream about tomorrow, tonight”, podemos sonhar com a poesia do amanhã, ainda esta noite.



Michael Sweet - Tomorrow, Tonight

Lyin' here by your side, the silence
Speaks to me
I've got no where to hide
Except in your misery
I've said i love you before, i said i love you,
But i've never showed you
Baby i'm sorry once more, for what i've
Put you through

Can we dream about tomorrow, tonight,
Oh baby
And we'll dream that everything's gonna
Be alright

I've got a thousand prayers, each one is
For you and i
Lord knows i really care for you baby, i
Would live and die for you
I know i've hurt you before, i know i've
Hurt you, now i wanna heal you
Baby i'm sorry once more, for what i've
Put you through

Repeat chorus

I know you've cried many rivers,
And you've cried your oceans too
If i'm the reason we've withered, let me
Bring back the water and sun
So our love can bloom

======Tradução======

O amanha, hoje a noite

Deitado aqui por seu lado, o silêncio fala comigo
Não tenho lugar para esconder
Exceto em seu sofrimento
Eu te disse que te amava antes, eu disse que te amava
Mas eu nunca mostrei-o
Garota, eu estou arrependido mais uma vez
Pelo que fiz

Podemos sonhar com o amanha, hoje a noite,
Oh garota
E nós vamos sonhar que tudo vai estar bem

Eu tenho mil orações,
Cada uma é para você e eu
"O senhor" sabe que eu realmente me importo contigo
Viveria e Morreria por você
Sei que te machuquei antes,
Agora quero te curar
Garota, peço desculpas mais uma vez,
Pelo que fiz e pelo que fiz você passar

Sei que você chorou muito rios
E que você também chorou oceanos
Se eu sou a razão que agente murchou, deixe-me trazer a água e o sol
Para que o nosso amor volte a florescer mais uma vez

Clique aqui para baixar o mp3 da música

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Verso e osreveR

Verso e osreveR

Quando penso em nós dois
Nada faz mais sentido
siod sòn me osnep odnauQ
oditnes siam zaf adaN


Só te peço que me perdoe
Por toda essa agonia de te amar
eodrep em euq oçep òs
rama et ed ainoga asse adot roP

I love you -) uoy evol I
on I evol uoY

E você não ama ninguém
mèugnin ama oãn êcov E

Não sei o que penso -) osnep euq o ies oãN
Tão pouco o que sinto
otnis euq o ocuop oãT
Sequer o que escrevo
overcse euq o reuqeS
Mas, nesse poema
etnetopino uos

Gostaria de escrever que TU me amas
sama em ut euq rezid ed airatsoG
Mudando para 2° pessoa
aossep °2 arap odnaduM
Porque já disse que aqui eu posso tudo -) ossop odut iuqa euq essid àj euqroP
Menos fazer você gostar de mim
ue ed ratsog ut rezaf soneM

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7 de janeiro de 2011

Ídolos e nós

Í.do.lo
sm (lat idolu) 1 Estátua, figura, ou imagem que representa uma divindade e que é objeto de adoração. 2 Objeto de grande amor, ou de extraordinário respeito.
* Por Fabrício Almeida

Em nossas vidas, sempre existem essas pessoas que nos encantam, fascinam e se tornam uma espécie de divindade, de exemplo, e de devido respeito.

Nos idos de 2002, ao começar um novo regime, me foi sugerido praticar tênis, esporte de movimentos rápidos e grande esforço, gastando assim muitas calorias por hora de treino. Mas foi um comentário em especial da nutricionista que me chamou atenção: “faça com Jurinha, que ele bota pra lá!”.

De início, não nego, pensei se tratar de uma mulher, como o nome sugeria... talvez se chamasse jurema, e carinhosamente fosse chamada de jurinha pelos amigos mais íntimos. Qual não foi a minha surpresa quando fui até a academia de tênis que levava o nome desta sumidade, quando bati à porta da direção e perguntei pela professora jurinha, no que de pronto me respondeu um rapaz aparentando 30, 35 anos de cabelos grandes, e sorriso aberto me dizendo que O professOR jurinha era ele, minha cara deve ter denunciado minha vergonha e ele comentou que o equívoco era comum. Passado o primeiro vexame, fomos pra uma aula experimental, que de pronto me identifiquei com o esporte.

Passei a fazer aulas duas vezes por semana, durante dois anos, até o fechamento da academia por motivos terceiros. Durante esse tempo, fui me interessando por tênis, e também por motociclismo, pois o dito professor possuía na época uma suzuki hayabusa 1300cc, linda, prata, lindíssima mesmo.

Com o fim da era Academia de Tênis Jurinha Lobão, raramente o encontrava, mas nas poucas vezes que o vi foram no Mário Motos, no CET(Centro de Excelência do Tênis), onde passei a treinar, e a última vez foi na orla de atalaia, por volta do meio do mês de abril de 2007.Estava com dificuldades na disciplina de direito penal 2 e resolvi ter aulas de reforço aos fins de semana e feriados, no dia 1º de maio de 2007 ao chegar da aula, notei a fisionomia de minha genitora um tanto séria, jantei normalmente, fui tomar meu banho e ao me dirigir ao quarto de estudos ela me seguiu, perguntei o que estava acontecendo, o porquê da sua fisionomia séria, ela me falou pausadamente: “Você gostava muito de jogar com Jurinha né?” eu gelei, repeti a frase dizendo que GOSTO de jogar com ele, ela com mais calma ainda me explicou que havia acontecido um acidente motociclístico e que infelizmente a vida do famoso teacher havia sido ceifada. Corri pro IML onde na porta já estavam estacionadas dezenas de motocicletas de alta cilindrada, confirmando o inevitável: a morte de um ídolo.

Ora, mas se ídolos não morrem, o que era aquilo? Alguma coisa estava errada! Consegui encontrar meus amigos do tênis, no que de pronto foi confirmado: ele estava morto! Sai de lá com um sentimento estranho, de que o mundo do esporte em Aracaju estava perdendo um pedaço, que nós do tênis estávamos perdendo um tremendo ícone, e que nada poderia ser feito.

As 22 horas, cheguei ao velatório localizado na Rua Itaporanga, onde encontrei uma sala com uma urna escoltada por duas motocicletas, uma srad 1000 vinho e uma r1 preta, o corpo do ídolo com o boné da Suzuki posto em seu peito e uma raquete kinetic(marca que sempre usou por toda a vida) ao seus pés, mas o que mais me chamou atenção foi o fato do agora morto professor estar trajando bermuda! Pensei comigo: “nem nessa hora você usa uma calça sujeito!”.

No dia posterior, um cortejo escoltado por inúmeras motos foi motivo de atenção em todo o trajeto, pessoas paravam para olhar quem era aquele homem que trazia tantos saudosos amigos em seu último adeus, e ao chegar ao seu último refúgio, o som ensurdecedor dos escapamentos das motos gritavam a dor de todos os seus amigos, quando com um gesto pacífico de um dos motoqueiros, os motores cessaram, e deram lugar ao choro e às despedidas.

Mas... assim como sugere o título do texto, os ídolos tem uma relação diferente com seus fãs, eu prefiro acreditar que naquela tarde de terça feira de 2007, ele simplesmente resolveu pegar uma outra rodovia e foi curtir a eternidade em outras pistas, apostando desafios motociclísticos com outros ídolos, como Ayrton Senna(que faleceu também num 1º de maio), Daniela Klemenschits, Tony Rolt, etc...

* Fabrício Almeida foi um colaborador especial nessa atualização do Cemitério

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5 de janeiro de 2011

A maldição do amor: a outra face da lógica

Sempre acreditei que todo lugar sujo tem o seu encanto natural, assim como todo relacionamento sórdido também exibe alguma espécie de charme, como um murmúrio, pouco encantador, mas, com o poder de ostentar um punhado de particularidades, mesmo abstratas, simplórias e singularizadas. Porém, às vezes, impossível ludibriar a paixão, mesmo nos debatendo, esse demônio, um dia tem de florescer, até pela pessoa errada. O cenário agora está aberto para conflitos vigentes de um amor que nunca se fez e nunca termina. Começa por uma vontade insaciável de amar, no âmbito de uma inusitada desventura, perpetrando um sentimento incógnito. O peso do seu corpo pesando contra (sobre) o meu, tortuosa profusão de carícias e afagos, beija eu, implorava ainda mais, enquanto a cada segundo se excedia mais em meus ósculos. Em meio a tantos amplexos, instaurava-se o desejo que deflagrava em nós!

E no ato final, desse doloroso teatrinho barato, um (im)perfeito jogo de cena, protagonizado por nós, meras figuras patéticas. Também no íntimo silêncio, como um véu que cai, ela me faz ver o céu com a candura do tormento, porque podíamos, quantas vezes quiséssemos, sonhar com o amanhã ainda naquela noite. Mas, tanto amor e ira, enfim não foi bastante para evitar, ah sim o fim, era ele que nos descobriu. E terminou, na triste sina desse amor, que enflorou mais nas garras da consternação do que nas branduras da fortuna. E depois de um mísero único adeus, ultimou, pena só não... Pena também da certeza de que deve existir realmente, alguma outra coisa por traz do puro ódio e de todo sentimento de rancor e vingança!

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