3 de julho de 2010

Escuridão

Escuridão

Enfim absorve,
Para logo absolver
O pensamento.
As lembranças
Que se fizeram tristes
Em meio
A Todas as ausências,
Até por fim
Invocando a demência.


Sob o manto escuro da noite
Partilha a infiel...
...angústia de sonhos

A luz,
Nunca
Jamais vence
Ou sequer um dia
Venceu a escuridão,
A mesma luz
Estrela que não se ascende
A me guiar!
Tudo não passa
De uma ilusão passageira.

E também não foi a primeira...

Invoco,
Sob o encanto da noite
Debruçado na voz dorida
No livre intimo do pesar
Só mais um momento
Um último sussurro
Com clemência
A sós, contigo...
Para contemplar em silêncio o silêncio
Com as luzes inteiras
No infinito âmago
A escuridão.

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1 de julho de 2010

Direto do twitter: Baby I'm Yours


Twitter também é cultura! Lembro de já ter visto essa frase aplicada a inúmeras coisas, mas nunca para a maior febre comunicacional do momento.

Depois de meses acessando e postando um emaranhado de bizarrices no microblog, foi possível enfim comprovar a maravilha de sua funcionabilidade, tomando como base os padrões culturais no meio de realmente tanta podridão!

O fenômeno ocorreu através de uma garota, que bem na base do por acaso - ou daquelas coincidências da vida – estava seguindo no Twitter. Entre vários posts, chamou minha atenção um link, o qual dava acesso à canção “Baby I'm Yours”. Era uma versão mais atualizada da música, de uma até então desconhecida exibição, assinada pelos britânicos da Arctic Monkeys.

Na nova interpretação da banda, a balada antes eternizada pela bela e saudosa voz de Barbara Lewis, conservou as principais características da sua antecessora. Remete sempre ao clima de nostalgia envolvente, sem jamais ser concebida como uma mera amostra de explanação artística.

Basta reproduzir os segundos iniciais para ver que os versos denotam novas perspectivas. A melodia de imediato estabelece uma mistura homogênea com o belo trabalho vocal de Alex Turner e gradativamente, o que aparentava um simples cover, promove interação a ponto de adquirir junto ao ouvinte conotações verdadeiramente autênticas.

E nesse passo se desenha um punhado de particularidades, tornando a releitura, além de possivelmente a melhor regravação entre as demais produzidas, uma obra a parte e devidamente inserida no contexto da própria! Parece um tanto complexo, certo?

Então a primeira ordem é se deliciar com o trabalho do Arctic Monkeys. Porque certo mesmo, que a partir de agora, devemos ficar todos constantemente atentos nas ações dos twitteiros de plantão, nunca se sabe quando eles poderão culturalmente agir - novamente!

Baby I'm Yours
(Barbara Lewis cover)

Baby, I'm yours (baby, I'm yours)
And I'll be yours (yours) until the stars fall from the sky,
Yours (yours) until the rivers all run dry
In other words, until I die

Baby, I'm yours (baby, I'm yours)
And I'll be yours (yours) until the sun no longer shines,
Yours (yours) until the poets run out of rhyme
In other words, until the end of time

I'm gonna stay right here by your side,
Do my best to keep you satisfied
Nothin' in the world can drive me away
'Cause every day, you'll hear me say

Baby, I'm yours (baby, I'm yours)
And I'll be yours (yours) until two and two is three,
Yours (yours) until the mountains crumble to the sea
In other words, until eternity

Baby, I'm yours
'Til the stars fall from the sky
Baby, I'm yours
'Til the rivers all run dry
Baby, I'm yours
'Til the poets run out of rhyme
(fade out)

Clique aqui para ver a tradução e acompanhe abaixo "Baby I'm Yours" na versão original cantada por Barbara Lewis cover.



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29 de junho de 2010

Fugindo do Negão black power?

Aquela até parecia está fadada a ser mais uma simples tarde de quarta feira, se não fosse pelo fato de, acompanhado por outros três amigos, decidirmos largar o marasmo de nossas casas e nos deslocar ao shopping. Uma desventura entre garotos, assim era possível definir, ansiosos pelo que, não se sabe ao certo, talvez apenas a fim de assistir alguma produção barata em cartaz na época. Digo barato, contudo confesso, não recordo bem o conteúdo e menos ainda o título, mas deduzo que era péssimo, já que na saída, o quarteto estava nitidamente desanimado. O filme em questão não importa muito, relevante mesmo é que chegara a hora de tomar o rumo de volta para casa, não havia mais nada a fazer ali... Será?

Durante um pequeno trecho, logo na saída do xops, havia uma ponte com uma estreita passagem que servia para o trafego entre os pedestres, não muito extensa é verdade, podendo ser percorrida “de pé” em poucos instantes. Peço que não estranhem a amostra de ignorância que se fazia presente ao balburdiar tal expressão, até porque incomum mesmo era a quantidade de amêndoas ali despejadas sobre o assoalho. O fato até passaria despercebido, se o Tuca - um de meus amigos -, não tivesse sido vítima da brilhante ideia de atirá-las dentro do primeiro ônibus que cruzasse a ponte.

E para variar, fui o escolhido! Só não sei se por ter a melhor pontaria dentre os demais da “trupe” ou simplesmente, por ser o único idiota o bastante– OPS – com coragem para concretizar propósitos tão sórdidos e banais. Não posso mentir, seja qual for o motivo, a amostra de “reconhecimento” mexeu com minha vaidade, e acabei aceitando a incumbência, embora os elementos restantes do grupo - lhes apresento Luide e o Carboidrato -, a censurassem drasticamente, usando inclusive de argumentações bastante razoáveis, acerca de todo o “perigo que tal brincadeira poderia trazer para nós”.

Sem dar importância ao que pensavam, parei em meio à ponte aguardando a chegada do ônibus, pronto para por em prática a ação. Carboidrato continuava emburrado, já Luide relutou um pouco, mas acabou se rendendo à brincadeira – e que brincadeira! Logo o primeiro coletivo cruzava a ponte. Enquanto aguardava, impaciente por sua chegada, segurei nas mãos a maior amêndoa entre as outras, escolhida minuciosamente. Então em posição, preparava-me para enfim desferir, com técnica, força e absoluta precisão, uma pequena bola de canhão que tinha endereço certo. Precisamente quando a metade do transporte passava por mim, arremessei!

Aquela altura me sentia o maior lançador de todos os tempos do beisebol, o estádio inteiro delirava aos meus pés, pareciam seduzidos por minha amostra de habilidade e destreza, o objetivo era simples, fazer a amêndoa percorrer a imensa construção metálica de um lado a outro, através das janelas, sem atingir ninguém ou causar qualquer dano. E realmente lembro que fora um arremesso primoroso, mas errei o tiro certeiro que colidiu de frente com a testa de um passageiro, causando assim, um barulho quase ensurdecedor, acompanhado por um alto grito de dor.Até o Carboidrato se entregou a cômica cena que se transcorria. Ríamos como crianças hipnotizadas pela comédia divina. Eu estava ansioso para ver o próximo transporte, dessa vez me recusava a fazer segunda vítima, iria acertar sim, fora do alvo. Infelizmente, era tarde demais, a alegria coletiva teve curta duração, pois o ônibus parou e dele, no final da ponte, descia um homenzarrão, deveras forte, parecia enfurecido, exibindo a enorme marca vermelha na testa.

Com certeza tratava-se de alguém muito corajoso. Após suportar a dor do impacto da amêndoa, o infeliz via-se disposto a enfrentar nosso poderoso quarteto, sim nós éramos quase fantásticos. Tinha de reconhecer, o homem era enorme, no entanto não era dois e tão pouco quatro, não suportaria o peso de desempenhar uma luta e menos ainda se sagrar vencedor com tantos fatores pesando em desvantagem.

O cidadão parecia ignorar a lógica e continuava se aproximando. Uma figura estranha, cabelo queimado, estilo Black Power, camisa preta justa, exibindo um peitoral bem definido. Nos braços os músculos pareciam que iam saltar de tão desenvolvidos.... mas isso pouco importava. Percebi logo, não tinha outro jeito, o confronto se desenhava, no começo teríamos de dar tudo de nós, pois parecia ser um sujeito perigoso, um temível inimigo, quem sabe até hábil. No fim, ao menos pediria a meus amigos para pegar leve nos socos e ponta pés, afinal o coitado não merecia apanhar tanto, somente ensinaríamos a ele que nunca se deve adentrar numa briga em condições tão desiguais, sinto muito, ele realmente merecia essa lição.

Quando então me virei para trás a fim de dar as primeiras instruções, descobri que estava no inferno e não sabia, presenciei meus três amigos correndo desenfreadamente, completamente amedrontados. Sim, o arrebatador quarteto estava desfeito, reduzido a uma piada qualquer. Quanto a mim, desesperado fiquei, com sérios problemas, um pecado venial adquirira o status mortal, minha integridade estava em risco. Não havia alternativa, sozinho, jamais iria conter a fúria do brutamonte.

Certo que a situação se inverteu, agora nada conspirava a meu favor, só tinha uma coisa a fazer, adotei um estratagema semelhante, corri desesperadamente, tentando, como eles, abortar o problema em forma de 1.90m de altura. Em poucos instantes, consegui alcançá-los, não demorou e Tuca e Luide partiram para o lado direito. Junto a mim, Carboidrato um pouco a frente seguiu para a esquerda em outra extensão.

Sem olhar para trás, Tuca e Luide que me perdoem, desejei que o homem houvesse prosseguido para a direção contrária, onde os dois percorriam. Infelizmente, era muito azarado ou ele parecia ter visto bem quem desferiu a amêndoa e, portanto, ao espiar rapidamente, estávamos condenados, avistei o estranho a nos perseguir e um mero detalhe, agora aparentava inda mais irritação. Fomos obrigados a forçar as pernas, no ritmo que nos movíamos o homem em poucos instantes certamente nos alcançaria. O desespero tomava conta, corremos com toda presteza que nossos físicos avantajados permitiam, até que para nossa sorte, existia uma única cartada, Carboidrato notou a presença de um táxi, parado metros mais à frente.

Cada centímetro que nos separava do carro, parecia junto ao tempo concomitantemente aumentar, os instantes agora eram mais demorados e consequentemente esvaneciam nossa energia. Depois de uma eternidade, finalmente ao cruzar o veículo, o desafio foi juntar as últimas forças para abrir a porta e subir, apreensivos e apressadamente, lúcidos o bastante para lembrar de baixar os trincos das portas.

Há um ditado que diz que quando parece que tudo caminha para um desenrolar feliz, é daí que os problemas se desencadeiam de verdade. Isso porque o motorista parecia mais assustado que a gente. Não sabia se era pelo odor insuportável que invadia e se propagava ligeiramente por aquele ambiente minúsculo ou simplesmente por ver dois caras encharcados por glândulas sudoríparas, invadindo o seu possante. Aparentava tanta distração que possivelmente não notou nossa aproximação.

- Vamos depressa meu tio! – balbuciei, temendo que o estranho predador nos alcançasse.

O pavor do motorista tomava maiores dimensões. Tanto que se manteve intacto como se um assalto tivesse sido anunciado e o veículo, lógico, intacto, seguia como um enfeite, objeto inanimado sem qualquer perspectiva de movimento. Meu pedido se transformou num grito, com o medo crescendo toda vez que olhava para trás e notava que o “Epaminondas” estava a cada segundo mais perto.

Por um instante concluí que o motorista não levava a sério o nosso pedido. Finalmente o chofer notando nosso pânico, ressaltou a dúvida que permeava:

- Como querem que eu saia sem saber o destino que pretendem tomar? – proferiu o motorista denunciando se tratar de um sujeito culto, só não sabia onde nos levaria essa cultura.

Não me encontrava em condições de responder a pergunta. Sem esperança, mantinha meu corpo virado para trás, assistindo ao estranho ficar agora a poucos metros do carro onde estávamos – era o fim anunciado, nem o carro e o taxista seriam poupados, quem sabe todo o universo seria devastado pela ira Black Power!

Por sorte o Carboidrato, conhecido por nunca desistir, não ficou só observando a ação do estranho, juntou argumentos suficientemente válidos para responder a pergunta do motorista:

- Nós vamos para onde o senhor quiser, até pro inferno entende, desde que seja LOGO! Põe esse carro para andar antes que o monstro lá fora alcance a gente PORRRA –realmente, ele clamou o palavrão!

O condutor do táxi entendeu o recado, tinha raciocínio rápido e pisou fundo no acelerador, cantando pneu, lembrava um carro de fórmula 1, e principalmente sem o advento de qualquer fator externo. Traumatizado, na condição de caça, não podia parar de olhar para trás, na intenção de ter certeza quanto a ter nos livrado da iminente presença do mal.

Aliviados, posteriormente explicamos direito ao motorista qual o destino e o melhor trajeto a ser tomado. Fiz questão de, além de pagar a corrida sozinho, deixar o troco de gorjeta, estava convicto de gastar bem mais no hospital, dias internado na UTI e com um médico cirurgião para reconstituir o que sobrasse do meu corpo, caso o homem nos alcançasse. Agradeci também ao Carboidrato. Foi realmente um ato heróico avistar o táxi no momento exato em que, diferente do estranho que nos perseguia, havíamos alcançado o limite de nossas forças para continuar correndo. E por fim, duas constatações básicas, a primeira é uma lição, brincadeiras infantis podem tomar consequências assustadoras e se transformar em verdadeiros jogos perigosos, a palavra tem poder. A segunda é na verdade um segredo, até hoje temo trafegar a pé pelo local do incidente, parece sandice, mas é como se o sujeito ainda estivesse lá esperando, a minha espreita. O ódio era tamanho que ainda posso sentir, emanando das profundezas do rio e se alastrando pela ponte. Um desejo de vingança que nunca padece e ainda permanece vivo, de modo quase tão grande, como a crista que ostentava na profusão de cabelos que formava aquele imenso Black Power.... HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ!

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28 de junho de 2010

Por trás do horror do Halloween - A Origem



Bruxas com gargalhadas estridentes, morcegos por todos os lados, mortos que levantam das tumbas referendando todo o clima de terror. Essa é a típica atmosfera do halloween, um festival comum aos países de origem britânica, principalmente Irlanda, Inglaterra e Estados Unidos, exatamente no dia 31 de outubro. Já faz alguns anos que o Brasil importou uma das principais comemorações americana. A festa a cada ano atinge maior proporção e esse crescimento se deve primeiramente as escolas de idioma, e alguns colégios brasileiros que celebram o dia das bruxas, sobretudo no ensino infantil, com direito a fantasia de vampiros, fantasmas e outros monstros. Inclusive inúmeras lojas aproveitam o halloween como uma onda crescente utilizando o tema para decoração de vitrines.

Toda história tem um começo ...

O que poucos sabem é que o festival em suas origens, pouco tem a ver com monstros, filmes de horror e todos os seus similares. Os estudiosos apontam que a comemoração tem procedência centrada no antigo festival Celtairlandês, escocês e galês – após a colheita, intitulado de Samhain, uma época que as pessoas acreditavam que os espíritos dos mortos vagavam pela terra.Reza a lenda que os Celtas, durante a era pré-cristã, adotavam crenças e práticas druídicas para comemorar o término do verão e o último dia do ano. O dilema era mais ou menos o seguinte: a intensidade do sol gradativamente diminua com o começo do inverso. As pessoas automaticamente associavam esse fenômeno a uma espécie de processo de esvanecimento da vida e não só o ano chegaria ao fim. É bem plausível deduzir que imaginavam a noite assombrada por espectros e bruxas e, mas particularmente, pelos espíritos dos mortos a visitar os lares terrenos onde haviam morado.

Devido à profusão de ideias sobrenaturais, a noite não só era considerada perigosa, como também anunciava presságios. Preocupadas com sua sobrevivência, pessoas empregaram todos os meios possíveis para aumentar as chamas do sol, uma tentativa de ao menos, pacificar a fúria dos espíritos malignos. A esse propósito, além de acender fogueiras, chegavam a realizar verdadeiros sacrifícios bizarros.

No entanto, onde está estabelecida a relação entre Samhain e Hallowen? Começando com o ano-novo celta que tradicionalmente ocorria em 1º de novembro, é também o início do ano para as bruxas Wicca. Também é imprescindível ressaltar que o festival de Samhain estava estritamente relacionado com a estação do ano: época de colheitas e que as criações de animais eram trazidas de volta das pastagens mais afastadas. Tudo isso porque tanto a colheita quanto as criações se faziam necessárias para superar o duro período do inverno que estava por vir. A população acreditava que tudo que era vulnerável, deveria ser protegido e uma vez que não estivesse recebendo a devida proteção, provavelmente seria vitimado pelas forças da natureza.Os portões que separam o mundo dos vivos e dos mortos estavam abertos – pelo menos é nisso que acreditavam. A barreira entre os dois mundos se diluía e as almas entravam novamente no universo que um dia também lhe pertenceu. No Samhain as fogueiras eram acessas muito mais do que para mantê-los afastados e sim para iluminar o caminho daqueles que vagavam. Dessa ótica, a crença dos espíritos que divagavam, surgiu também o hábito de preparar comidas especiais e mais que isso, vestir-se como essas figuras ou animais selvagens. Foram todos hábitos amplamente difundidos na Irlanda antiga.

...Inclusive no Halloween dos tempos atuais

Muitas crenças e costumes associados ao Samhain – particularmente a noite das almas que perambulavam, o uso de fantasias e acender fogueiras – continuaram a ser praticado em 31 de outubro. Com o advento do Cristianismo , durante o passar dos anos, o halloween sofreu o que pode ser caracterizado como um processo de reinterpretação para que lhe fosse atribuído novos significados. De certo modo, significados mais simplórios e inocentes, quase atingindo o extremo oposto, a despeito das noites de terror que assolavam as comemorações festivas.

O halloween nos tempos atuais ainda é um dos festivais mais importantes do ano em muitos países. Muitas vezes são precedidos pela semana em que as crianças vão de casa em casa fantasiadas de preto ou usando máscaras ou ainda com outro tipo de fantasia, carregando morangos com lanternas e pedindo dinheiro, frutas ou nozes, entoando sempre um cântico em coro. O halloween é conhecido na América do Norte desde a época colonial. Entretanto, após os colonizadores irlandeses trazerem seus costumes do halloween para a América em 1840, é que o festival começou a se fixar popularmente. Por volta da metade do século XX, tornou-se basicamente um feriado infantil. Foi no final da década de 70 que ocorreu o grande ressurgimento das atividades entre os adultos, a ponto de após uma década eclodir como feriado nacional muito comercial.Mais de 50 milhões de americanos celebram o halloween, sendo que entre os adultos, pessoas entre 20 e 30 anos são mais propensos a festejá-lo. Até hoje, tradicionalmente as cores que predominam são o preto e o laranja que costumavam ser as favoritas nas festividades, conquanto hoje, passaram a dividir espaço com o roxo e o verde, quem sabe até mais usadas.

Gostosuras ou travessuras?

Existem diversas hipóteses quanto ao transcurso da brincadeira “gostosuras ou travessuras”. Alguns relatos dizem conta que surgiu na Irlanda há centenas de anos. A prática que se pode denominar como ato inicial, envolvia um seleto grupo de fazendeiros que percorriam todas as casas arrecadando comida para serem servidas nas festividades de ano novo do vilarejo, em homenagem aos deuses antigos que cultuavam. As pessoas que colaboravam com donativos, seria “prometida” uma espécie de sorte e quanto aos que não contribuíam, o discurso era um tanto mais fervoroso, sendo vítimas de constantes ameaças.

O segundo ato se estabelece como uma espécie de resposta á ação dos espíritos malignos. Os jovens formavam fogueiras enormes e o brilho das chamas, juntamente as labaredas que se formavam e percorriam os ventos, acalentava que as pessoas da cidade colocassem do lado de fora doces e comidas saborosas, uma forma de rogar aos espíritos que fossem embora, forma também de devastar todo o mal que os obsidiava. No instante que as chamas feneciam, os jovens desciam para a cidade, colhiam as inúmeras oferendas para em seguida se por a correr desenfreadamente. Caso não obtivessem ofertas, davam início ao seu jogo favorito, pregar peças nos habitantes do vilarejo. Esse ato que simboliza nada mais que uma farsa, era alimentada pelo alto número de moradores supersticiosos. Eles acreditavam que as almas maléficas poderiam adentrar suas casas, azedando o leite, matando gado, envenenando poços d’áqua ou mesmo corrompendo suas almas.

A terceira e última prática tem relação com uma tradição mais diferenciada. Na antiguidade, pessoas usavam um espécime de indumento assustador ou togas negras, e se embrenhavam pela escuridão da noite de halloween pedindo pelas almas. Em gratulação as ofertas acolhidas, eles ofereciam orações ou jejuavam pelas avantesmas perdidas, que, conforme a crença cobria de benevolência os doadores. Aqueles que se mostravam resistentes ou insensíveis aos pedidos, fatalmente seriam assombrados pelos espectros dos mortos negligenciados.Vale ressaltar também que a ação de reclamar por doces como forma de conter travessuras, relacionada ao halloween é um fenômeno dos tempos modernos que teve início na década de 1930. Inclusive sendo vista hoje como uma atividade potencialmente perigosa.

Fantasias e Abóboras Sorridentes

Na celebração atual do Halloween, é possível notar a presença de muitos elementos pagãos. As fantasias, enfeites e outros itens comercializados por ocasião do festival estão repletos de abóboras, bruxas, gatos pretos, vampiros, morcegos, fantasmas e toda espécie de monstros aterrorizantes, que às vezes para muitos chegam a ter conotações verdadeiramente satânicas. Os registros de origem mais remota do uso de fantasias no halloween remetem a época dos druidas. Na tarde de 31 de outubro, acendiam-se fogueiras enormes para oferecer animais, partes da colheita e, às vezes até, beirando a sandice, ocorriam sacrifícios humanos em intenção do deus do sol e para samhain, deus da morte.

Durante esses rituais, participantes usavam indumentárias confeccionadas com pele e cabeça de animais. A interação era forte, todos pulavam, brincavam e corriam sobre as chamas. Essa era a única maneira “descoberta” para “assustar” os espíritos malignos. Tudo fazia parte de uma crença druida que, as vésperas do ano novo celta, que caía em 1° de novembro, o deus da morte poderia clamar pelas essências de malignidade dos que haviam partido nesses doze meses que antecediam as comemorações. Reza a lenta que tais almas penadas poderiam ser enviadas para atacar a população, a vésperas da celebração em novembro. Portanto, o único meio de escapar, não sucumbido a danação, seria recorrer aos disfarces, túnicas e afins para que se fizesse notados sem que necessariamente fossem reconhecidos.No entanto é premente uma constatação. Presumindo que a brincadeira “gostosuras ou travessuras”, nos Estados Unidos, date apenas a partir da década de 1930, é incerto formar um conceito constituindo uma analogia, um processo de afinidade direta entre o costume druídico de usar dissimulação e a tradição anual de se fantasiar no halloween. Posto que de fato há um apanhado de indícios que demonstrem que mesmo coincidentemente, pedir doces de porta em porta, bem como o hábito de adotar disfarces, caminham lado a lado e parecem sim beber da mesma fonte de ideias, mesmo a influencia não sendo devidamente comprovada.

Já a tradição da lanterna feita de abóbora, recortada nos moldes de um rosto nasceu das crenças celtas no período da baixa idade média. E para variar, o motivo só poderia ser um só, dissuadir as entidades nefastas. A fábula diz que a “cabeça de abóbora” era a lanterna de um vigia que se entretinha promovendo trotes com conteúdo envolvendo Deus e o demônio. Por essa razão foi amaldiçoado a carregar sua lanterna por toda eternidade, a fim de iluminar o percurso ao mundo dos espíritos.Também se tem notícia de outras abordagens, nesse caso distinta da primeira, sendo que a prática é nada mais que um antigo símbolo que representa uma alma penada. Certo mesmo é que os imigrantes irlandeses trouxeram para a América a maior parte das tradições do dia das bruxas, incluindo a da cabeça de abóbora.

Halloween como proposta pedagógica

Gostosuras ou travessuras? Anos atrás era uma pergunta bastante comum, hoje cada vez mais presentes nas salas de aula, embora aparente ser utilizada sem qualquer critério. Prevalece a indagação: em que situação o halloween pode ser utilizado de um modo autêntico ou mais próximo disso nas salas de aula? No dia 31 de outubro algumas escolas brasileiras celebram o Halloween. As crianças, sobretudo do ensino infantil, fantasiadas brincam de Trick or treat (doces ou travessuras), trocando doces com seus colegas. Será que elas sabem exatamente o que comemoram? Até que ponto é relevante as crianças participarem de uma manifestação cultural estrangeira fora do seu contexto usual?Não é absurdo afirmar que comemorar por comemorar – com perdão da redundância – muitas vezes sim ocupa tempo de aulas muitas vezes importantes e acabam em nada acrescentando na formação estudantil das crianças. Inda assim, é passível de crítica atestar que não se deve celebrar uma data na escola que não represente nada para a realidade do aluno. É imprescindível explanar a origem do surgimento da comemoração, o desafio é contextualizá-la para que criem uma identificação, estabelecendo assim uma espécie de sentido.

Limitar a comemoração a disciplina de Língua Britânica parece uma alternativa até razoável. Como também explicar a questão da influência de outras culturas graças à imigração e à globalização. É necessário apresentar as crianças, as diferenças culturais entre os vários países e até discutir sobre o choque cultural. É preciso ter cuidado, com respeito às atenções no mês de outubro para o “Dia das Bruxas” e lembrá-las que, esta data não faz parte da nossa história e tradição. Em 2005, o Governo do Estado de São Paulo, decretou o Dia do Saci, o mesmo dia 31 de outubro. Isso mostra o intuito de valorizar a cultura brasileira e tentar refrear a americanização, uma vez que, o Saci é um símbolo do nosso folclore.

O próprio processo histórico já resulta em aprendizado, porém é com o uso da língua que é possível atingir novas diretrizes. Nestas festividades, são preparados pratos especiais como pães de aveia, pão doce holandês com passas, manjar escocês de aveia, pudim de batata, entre outros. Existe também uma vasta questão de decoração e personagens, são diversos adereços e tudo isso quando bem desenvolvido pode culminar em uma única dádiva: a aprendizagem.

É impossível imaginar, além do conteúdo histórico, o conjunto de vocabulários que se pode aprender com o halloween, mediante o uso de música, filmes e a cultura em geral. Entretanto, existe um medo ou receio generalizado que as raízes sejam sucumbidas e padeça perante a foice do cavaleiro negro com cabeça de abóbora, o que não sabem é que Saci-Pererê é esperto demais para facilmente ser vítima desse mal. Com criatividade é possível conciliar as duas culturas, abordando o mundo de fantasia que as compõem, pois o contato com outras culturas é muito importante para a formação das crianças.

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