Cada fio um sonho
“Quando os corações se encontram
Seus olhos falam sem pensar
Suas mascaras desmontam
Te deixam livres para amar”
Uma simples conversa virtual. Nascia uma nova “amizade”, seguido por um encontro inusitado, um segredo supremo e no fim, a última batalha entre a aranha e seu arqui-rival, a mosca.
Vaidade, esse sempre foi o meu pecado favorito – não me canso de repetir – mais poucos sabem, no meu lado mais íntimo, desejei sempre experimentar o gosto amargo e estranho da paixão, descobrir as forças das “teia sedução” que contrária a ética no que diz respeito a sempre falar daquilo que nos faz falta, restringindo o sonho utópico ao perfeito anonimato.
Angélica amarrou o último cadarço, enfim estava pronta para sair. Era hora de dar uma volta, arejar os pensamentos, esquecer as dificuldades da semana. Seus planos, projetos e textos em um breve momento ficavam para segundo plano. A jovem queria fugir, relaxar do fatídico cotidiano, brindando a paz previamente anunciada.
Atendo-se a caminhar, a Angélica que também era Rita, Rafaela, Joana e claro Lara, percorria um calçadão qualquer, em uma rua qualquer, repleta de transeuntes que iam e vinham por todas as direções. De longe podia observá-la, a chance de estudar melhor o seu comportamento. Há tempos procurava respostas, teria a chance de encontrar? Saber se aguardava alguém, quem sabe um namorado, o maior amor a quem compartilha seus íntimos sentimentos!
A dúvida incomodava. Ao menos a observava sem riscos de ser desmascarado, Lara não notava minha presença havendo liberdade para prosseguir na missão. Seus passos eram lentos, seus pés desligavam no assoalho feito passos de bailarina. Várias pessoas a observavam. Primeiro pela sua saia Jean, pouco acima dos joelhos, mais deixando resquícios de suas grossas pernas, belas curvas que levavam alguns tolos aos pensamentos mais profanos e contraditórios. Mais vou poupar desses detalhes sórdidos e repletos de obsoledades, os paquidermes não devem ser levados a sério.
O forte vento anunciava a garoa. Era interessante ver seus longos cabelos cacheados suspensos pelo ar, meros capilares que lhe serviam como cordas para me controlar, fazendo de mim um inseto em sua teia, repleto de fios para cortar, um inofensivo fantoche, uma pobre mosca em suas mãos.
Em cada fio um sonho tão difícil de contar. Eu tentei correr, de repente até fugir, mais preferi ficar, entre as teias e esquecer. A morte inevitável, e Lara certamente não irá se importar, mas esse risco é todo meu, ver seu amor me devorar. Mas morro pela minha maior virtude, sem renegar a maldição.
A vida foi se esvairando até sumir por completa, saciando a fome com meu corpo e espírito. No inicio lamentei apenas ficar longe dela, até descobrir que amar é sentir-se perto, por mais que se esteja longe. Ainda a espero, talvez nas moduladas nuvens celestes, quem sabe até, nas mais quentes e sombrias chamas do inferno.
4 Coveiros:
Já pensou em publicar isso um dia?
Sonho, idolatria, aranha, mosca, tudo vermelho. Abraços e sucesso com o blog!
Sonho e amor...
sonho é fácil, amor... cada vez mais difícil.
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Lindo d+ meu artista
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