SeNTia qUe Lá VeM a EsTÓRRRia
Nesse cemitério abandonado, cercado por neblina em todos os lados, é possível que uma meia dúzia de pessoas quaisquer que ainda visitem esse espaço, onde até as aranhas já foram embora, mas fizeram questão de deixar as suas teias como presentes, RS, tenham visto a expressão que finaliza o meu perfil aqui no mausoléu, “Nós heróis somos assim mesmo” , se é que dá pra enxergar alguma coisa em meio a toda essa poeira. Certamente se alguma viva alma viu e se pôs a ler, perguntou-se pelo significado, até então, é um mistério...Mistério esse que logo será revelado, tudo faz parte de uma “doce historrinha” que todos irão entender, só que ainda não é a hora. Antes se fazem necessários outros esclarecimentos. O que vem a seguir é o primeiro texto para a seção “SeNTia qUe Lá VeM a EsTÓRRRia”, mais do que isso, o causo que verão a seguir é importante marco, por abrir a porteira para outros textos inéditos que pretendo compor para o blog. Então nessa hora bate aquele frisson, caracterizado até por algo batizado como “heurística do medo”, afinal trata-se do princípio. Não esperem nada capaz de desencadear uma verdadeira hipertrofia intelectual, seria esse um pilar utópico, nesse que é uma amostra paradoxal que se faz maravilhosamente ambígua. Agora chega de devaneios tolos, é hora de conhecerem mais uma de minhas desventuras reacionárias...O que será que significa isso? Dividindo a rede, sentem todos logo, pois já vem a história!
Nós heróis...Somos assim mesmos!
Caminhar, caminhar e simplesmente caminhar, existe algo tão relaxante e que estimule tanto, momentos de prazer e reflexão? Essa é uma de minhas atividades diárias prediletas, além de propiciar maravilhas, faz bem para a saúde, ajudando a impedir a proliferação de gorduras indesejáveis e conseqüentemente o constante aumento de peso. Mas, não foi para abordar esse assunto que me propus a descrever esse causo. Nossa história começa em uma rua da quente e pacata capital sergipana, onde fica o Colégio CCPA – escola tradicional de cidade -, e lá estava eu, suado, lutando para manter a forma ou se preferir pra não ficar ainda mais distante dela.
Parecia mais um dia comum, carros indo e vindo por todas as direções, transeuntes de um lado a outro. Faltava pouco para finalizar o meu percurso, foi daí que o cenário corriqueiro veio dando lugar a uma condição incomum e totalmente inesperada. Aquela altura já cadenciava o ritmo, poupando um pouco de energia, ainda lembro do trajeto ao som de
Vamos logo a garota, não era muito alta como disse anteriormente, cerca de 1.62, talvez algo em torno de 18 anos, um corpo bem torneado, com as virtudes muito bem distribuídas diante dos seus aproximadamente 52 quilos. As pernas e que pernas... Denunciava toda sua saúde, bem modeladas e cilindricamente perfeitas. Seus cabelos pretos na altura do ombro davam mais vida a sua beleza, apesar da moçinha estar de costas, devia ser linda, estava muito curioso quanto às feições do rosto, angelicais bem ao estilo garotinha? Quem sabe traços mais fortes tipo “mulher cabra da peste” ou a última alternativa, garota fatal. As demais opções, para ser honesto eu meio que descartava.
Logo acabou “O mundo maravilhoso”. Depois de percorrer toda a rua do colégio, já era possível avistar a calçada que dava acesso ao supermercado local. A menina, aquela altura, estava no máximo a uns 10 metros à frente, foi quando tomamos rumos diferentes. A loja possuía um atalho que levaria ao outro lado já na avenida, enquanto tomei esse caminho, a garota seguiu em linha reta, lembro até de ter lamentado pela então ausência de sua beleza naquele trecho, sendo impossível prever que direção iria tomar, ao fim dessa rua por onde seguiu, havia um sinal de trânsito e pelo menos três outras caminhos distintos.
É nesse ponto que realmente inicia a EsTÓRRRia, sendo a partir dessa deixa que entenderão porque nós heróis somos assim mesmos! Bom, depois de ver a garrotinha sumir além do alcance, feito miragem no deserto, voltei a me concentrar na atividade, ainda ao som de Starship. Não demorou muito e já havia esquecido, era mais uma moça bonita que por segundos cruzara meu caminho, daqui a instantes possivelmente nem me recordaria do fato, inclusive já vislumbrava no interior de minha consciência infame qual seria a próxima musa inspiradora de minhas desventuras pela capital....
- Moço, por favor me ajude, aqueles garotos estão atrás de mim, moço!
Lembro ter ouvido isso, mas o que realmente me assustou foram os gritos misturados ao som de passos acelerados, vindo muito rápido em minha direção, mesmo estando de costas veio a súbida sensação que algo se chocaria contra mim. Minha reação foi instantânea e também previsível, quase dei um pulo, virando-me para traz até com certa destreza. O primeiro passo foi puxar meu coração de volta, que a essa altura já passava pela goela. Com o rápido movimento, os fones no ouvido se soltaram, ficando pendurados sob a camisa , lá estava ela ao meu lado, aquela doce jovem que admirava a pouco.
“Moço, aqueles caras estão me perseguindo, me ajuda por favor”, bravejava a jovem muito nervosa. Olhei mais a frente, logo foi possível avistar três caras que pareciam vir em nossa direção. Ouvi um deles dizer, “Vamos nessa porra, sujÔÔÔ”. Ficamos olhando, parados a observar o grupo correndo. Quanto mais distantes ficavam, respirávamos mais aliviados. Estavam bem longe, praticamente engolidos pelo horizonte, a garota me olhou, e com a fala mansa praticamente murmurou em meus ouvidos, “obrigada moço, você me salvou daqueles marginais, não sei o que faria se me alcançassem”, disse com uma feição feliz, mas marcada pelo medo ainda estampado no rosto, denunciado pelo planto que escorria por toda a face. Em mim emanou um sentimento, a condição de força e coragem maior, olhava-a com carinho, certa ternura, como se dissesse não tema minha jovem, porque estou aqui, “nós heróis somos assim mesmo!”, foi a única resposta. Ainda a acompanhei até em casa, ficava a uns dois quarteirões dali.
Enquanto caminhava com a garota, passavam algumas coisas pela minha mente. Cheguei a me identificar com um personagem criado por mim próprio diante de mais uma de minhas interplanetárias e mirabolantes viagens cerebrais. Começando pelo tema Heroísmo, que desperta muito minha atenção, sobretudo quando é apontada uma vertente de anti ou falso herói ou simplesmente um paladino ao acaso, um ser que se esconde atrás de uma mentira ou uma verdade distorcida, provocado por alguma eventualidade qualquer, tudo isso me encanta profundamente. Impossível então não reportar uma inspiração que brotou há alguns anos, um romance que traçasse uma história decorrente no período da ditadura, época onde se destacam grandes heróis, mitos verdadeiros na luta pelos ideais de liberdade igualitária.
É nesse período que construiria o cenário perfeito para minha obra, apresentando um “valente” não necessariamente preocupado com os ideais de justiça, tão pouco defensor de pobres, fracos e oprimidos, mas um herói sim, forjado por uma amostra de ocasionalidade do destino. Em resumo, a trama é simples, a complexidade se existir fica nas entrelinhas atreladas as particularidades. Caso existisse, o livro contaria a história de um jovem, que se apaixona por uma bela morena de cabelos cacheados e pernas grossas. É quando descobre que a mesma faz parte de um grupo estudantil a fim de organizar protesto contra o regime ditatorial e todo o poder militarista exercido sobre a sociedade. Só existia uma única forma de conquistá-la, o rapaz se insere no movimento, apesar de nunca se interessar ou menos ainda comungar de tal ideologia, sua opção política se caracterizava bem pelo desinteresse ao mesmo.
O jovem se torna um “herói” diante do primeiro protesto que participa, quando o grupo sofre uma emboscada policial e apenas ele não é preso justamente por fugir do confronto direto com os policiais. Aquela altura, já nem temia mais os militares,mas aos outros grupos que iriam atrás dele para puni-lo, enquanto desertor que abandonou seus companheiros. É nesse fio tênue que a trama se desenrola, pois ele é sim encontrado pelos estudantes, só que ao invés de castigá-lo, se vê acolhido pela milícia protestante, que lhe atribuiu título de herói pela sua representatividade, o único remanescente entre os seus, que estavam presos injustamente por lutar por um Brasil melhor. O jovem então se vê nas garras dessa mentira fantasiosa, uma realidade alternativa e se vê obrigado a manter essa farsa, unindo-se aos outros grupos para resgatar seus amigos comparsas e sua amada morena de pernas grossas e cabelos cacheados.
Bom, está aí em primeira mão à idéia do meu livro, que nem Deus ou o diabo sabem se um dia será escrito, então voltando ao verdadeiro fato. Eu acompanhei a garota – como disse anteriormente –, até a porta do prédio onde morava. Falamos muito pouco durante o caminho, estava bastante pensativo. No fim ela me agradeceu muito, pensava mesmo que eu a salvei, por isso citei a idéia do livro como exemplo aqui no blog, de como meio na base do por acaso, eu tomei forma de uma figura heróica, pelo menos perante aquela doce criatura. Tenho plena consciência que não a salvei, para ela apenas minha presença foi o possível para conter o ímpeto maldoso e impedir que se concretizasse, sabe lá qual maldade planejada.
E de fato existe um fundo de razão nisso, pois se não estivesse ali eles não recuariam tão fácil, apesar de que nunca será possível saber se a perseguiriam até o fim. Tenho de ser honesto, ao menos comigo próprio, quando os avistei, caso não recuassem, iria pôr-me a correr desesperadamente para me esconder debaixo da cama – Deus que maldito herói eu sou? -, enquanto estariam fazendo sabe lá o que com aquela doce e linda garota. “Ah antes que esqueça, meu nome é Amanda moço”, essa foi a última palavra que me disse, acompanhada por um sorriso que nunca ousarei esquecer. O fato real é que, é discutível até se a salvei ou não, fica a cargo da interpretação alheia, o que todos devem concordar, não seria eu que deveria estar ali para conter a maldade daqueles, não se pode esquecer, existe no fundo um problema social diante disso tudo.
Quanto a pequena Amanda, não tive coragem de expor a realidade dos fatos, talvez até desconfiasse em seu íntimo,que provavelmente não a protegeria dos canalhas uma vez que avançassem. A mentira, atribuo a condição insana da vaidade, uma fogueira que não queria ver manchada ou apagada e quem sabe também para não ferir o auto-ego, afinal perante a jovem era um herói. Prefiro ainda acreditar que não seria justo por fim a sua ilusão, simplesmente pelo seu sorriso, parecia uma princesa com a fantasia de ter sido salva pelo seu andante cavaleiro encantado. No fundo acho que não existem paladinos e príncipes encantados,mas nem imaginam como era lindo de se ver aquele sorriso, não por suas belas feições, mas pela riqueza de gratidão e humildade ali contida. Querida Amanda, gostaria de dizer, nós heróis – se não – somos – naquele momento fomos – assim mesmo, só um tanto insignificantes, em meio à pureza daquele sorriso.
7 Coveiros:
Hilário e muito louco!
Escreves muito bem
Bem d+
Muito boa a história tá de parabens abç
http://webmaluko.blogspot.com/
vc é fodastico
bjzz de sua fror
olha.. juro q teria lido o resto...
ooww post grandinho!! rsrrss
ate onde li... muito bom...
kkkkkkkkkkkkk
Nossa... linda descrição herói, de certo modo todos somos heróis né!! rsrsrs, até musicalmente falando naum moço!?!!? rs
beijux lindo texto
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Fantástico!Uma ópera de dignidade humana, um herói do anonimato! Um ser humano que se interessa pelos dramas do seu semelhante. Quem me dera ao menos uma vez acreditar em tudo que existe... E acreditar que todos são felizes... Renato Russo.
Sou teu fã brother!
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