Dormia no mesmo quarto e sempre passou pela minha cabeça que ali seria o lugar da minha morte. Naquela noite ele estava deitado na cama ao lado agitado, jeito desconfiado, o rosto minava um suor forte, as mãos tremiam, os olhos transmitiam pânico e suspense. Nos olhamos apenas uma vez e foi o suficiente para notar que algo trágico iria acontecer.
Quando criança, mamãe tentava realizar todas as minhas vontades. Comprava os mais modernos brinquedos, levava-me a parques, praias e viagens. A cada ano promovia as mais belas festas de aniversário, mas tudo era em vão, pois meu maior desejo ainda não tinha sido realizado.
No dia de meu aniversário, ela surpreendeu-me com a noticia que tanto queria. Estava esperando um bebê. Naquele momento minhas orações tinham sido atendidas por Deus pois, todas as noites antes de deitar implorava por um companheiro. Agora é só pedir para que fosse menino como eu.
Pouco tempo depois, veio à confirmação que mudaria minha vida. Era homem. Pulei, gritei. Meu corpo emanava uma alegria que já não mais cabia em meu, até então, pequenino coração.
Durante toda a gestação, ficava assustado com a barriga que crescia a cada dia, mais não me revelava o rosto tão esperado do meu querido irmão. Quando numa noite de verão ela deu à luz a uma criança de pele alva, cabelos claros encaracolados, olhos profundamente azuis e misteriosos como as águas do mar, nariz arrebitado, lábios carnudos e bochechas rosadas. Parecia a representação das criaturas celestiais. A criança mais perfeita de meu mundo.
Mas havia algo errado com a chegada de Gabriel, por ser seu filho como eu, pensei que mamãe iria trata-lo da mesma forma carinhosa que me tratava, realizando todos os seus sonhos, assim como fazia comigo. Entretanto ela não tinha por ele o mesmo amor profundo e materno que possuía por mim. Quando íamos viajar ou simplesmente tomar banho de piscina num clube da cidade, ela sempre o deixava na casa da vovó. Na escola não me faltava nenhum tipo de material escolar, enquanto que ele apenas possuía um velho lápis e um rabiscado caderno. As roupas que mamãe comprava para mim eram de melhor qualidade, e para ele restavam as velhas roupas as quais mamãe recolhia dos meus primos. Quando meu irmão ia a sua direção para beija-la, seu rosto expressava um enorme sentimento de repúdio diante daquele singelo gesto.
Com o passar dos anos, aquela criatura de aparência angelical tão maltratada por mamãe mostrava que não era o irmão que tanto sonhei. O centro do quarto ele transformava em ringue de luta livre, onde eu era o adversário principal. Ateava fogo nos lençóis de seda que cobria a minha cama, quebrava todos os brinquedos que ganhava em datas especiais. Certa vez, ouvi explosões que invadiam os meus ouvidos. Era ele que tinha acabado de por fim eu meu aparelho de tv. Foi então, na noite de 21 de março de 2000, ele cometeu as mais loucas das crueldades, num gesto rápido e calculista, retirou debaixo de seu travesseiro a arma calibre 29, do papai, levantou-se, apontou para mim, desengatilhou e com força e fúria apertou o gatilho com força e fúria, acertando meu sofrido coração que tanto o desejou. Pondo fim a minha vida.
Agora num local frio, úmido; tendo como cobertor não mais os lençóis de seda e sim pequenos grãos de areia. Sem qualquer tipo de ar, cercado por microrganismos, os quais adentram meu corpo com calma, delicadeza e fome. Consegui encontrar a paz e companheirismo não obtidos em vida.
Quando criança, mamãe tentava realizar todas as minhas vontades. Comprava os mais modernos brinquedos, levava-me a parques, praias e viagens. A cada ano promovia as mais belas festas de aniversário, mas tudo era em vão, pois meu maior desejo ainda não tinha sido realizado.
No dia de meu aniversário, ela surpreendeu-me com a noticia que tanto queria. Estava esperando um bebê. Naquele momento minhas orações tinham sido atendidas por Deus pois, todas as noites antes de deitar implorava por um companheiro. Agora é só pedir para que fosse menino como eu.
Pouco tempo depois, veio à confirmação que mudaria minha vida. Era homem. Pulei, gritei. Meu corpo emanava uma alegria que já não mais cabia em meu, até então, pequenino coração.
Durante toda a gestação, ficava assustado com a barriga que crescia a cada dia, mais não me revelava o rosto tão esperado do meu querido irmão. Quando numa noite de verão ela deu à luz a uma criança de pele alva, cabelos claros encaracolados, olhos profundamente azuis e misteriosos como as águas do mar, nariz arrebitado, lábios carnudos e bochechas rosadas. Parecia a representação das criaturas celestiais. A criança mais perfeita de meu mundo.
Mas havia algo errado com a chegada de Gabriel, por ser seu filho como eu, pensei que mamãe iria trata-lo da mesma forma carinhosa que me tratava, realizando todos os seus sonhos, assim como fazia comigo. Entretanto ela não tinha por ele o mesmo amor profundo e materno que possuía por mim. Quando íamos viajar ou simplesmente tomar banho de piscina num clube da cidade, ela sempre o deixava na casa da vovó. Na escola não me faltava nenhum tipo de material escolar, enquanto que ele apenas possuía um velho lápis e um rabiscado caderno. As roupas que mamãe comprava para mim eram de melhor qualidade, e para ele restavam as velhas roupas as quais mamãe recolhia dos meus primos. Quando meu irmão ia a sua direção para beija-la, seu rosto expressava um enorme sentimento de repúdio diante daquele singelo gesto.
Com o passar dos anos, aquela criatura de aparência angelical tão maltratada por mamãe mostrava que não era o irmão que tanto sonhei. O centro do quarto ele transformava em ringue de luta livre, onde eu era o adversário principal. Ateava fogo nos lençóis de seda que cobria a minha cama, quebrava todos os brinquedos que ganhava em datas especiais. Certa vez, ouvi explosões que invadiam os meus ouvidos. Era ele que tinha acabado de por fim eu meu aparelho de tv. Foi então, na noite de 21 de março de 2000, ele cometeu as mais loucas das crueldades, num gesto rápido e calculista, retirou debaixo de seu travesseiro a arma calibre 29, do papai, levantou-se, apontou para mim, desengatilhou e com força e fúria apertou o gatilho com força e fúria, acertando meu sofrido coração que tanto o desejou. Pondo fim a minha vida.
Agora num local frio, úmido; tendo como cobertor não mais os lençóis de seda e sim pequenos grãos de areia. Sem qualquer tipo de ar, cercado por microrganismos, os quais adentram meu corpo com calma, delicadeza e fome. Consegui encontrar a paz e companheirismo não obtidos em vida.
1 Coveiros:
MEDO dessa foto!!!
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