29 de julho de 2010

Tempo de existir...

Tempo de existir...

E é o tempo que devasta a vida e consumi todas as lembranças
Esse mesmo tempo de fluxo intenso e constante.
Sendo imutável, mas em outras horas tão frio
E passa e repassa, sempre distante
Descompromissado com nossas emoções.


Parece mesmo...
Que somos nós que damos significado às horas
Usando de nossas atitudes e emoções improfícuas.
O nosso corpo segue ao sabor do vento,
Correndo sem fim para enfim encontrar dimensão alguma…

Angústia, receio, entusiasmo… de quê?
Poder, dinheiro, grandeza… para quê?

Apenas proporcionam as aspirações mundanas que imperam sobre o corpo,
Água, terra, uma carcaça… narrativa inútil!
A vida acaba antes que comece
Por nada ser além… de uma ilusão!

Continue...

28 de julho de 2010

Água com Açúcar

Incrível, as pessoas que mais amamos são sempre aquelas que demonstram maior capacidade de nos machucar! Desde cedo notei isso, então me desculpem pela estereotipia machista, mas deveria existir alguma espécie de lei, que obrigasse essas malditas mulheres a se apaixonar por todo e qualquer homem que um dia resolvesse amá-las, mesmo que ainda em segredo.

Todos já devem ter degustado dos infortúnios do amor ilusório, aquele típico sentimento de latria que não apenas envolve como seduz, sendo sempre impossível determinar ao certo se algum dia foi real. Porém, isso pouco importa, a essência do mal está centrado naquilo que ele mesmo tem de melhor! Ao fim de tudo, permeia só a sensação de nostalgia, saudade do que nunca existiu!

Nem a fúria do tempo foi capaz de vindimar a voracidade desse amor, o entusiasmo que cria e recria uma nova espécie de ódio, o artificial, nascido para referenciar o próprio. Seu motivo para contemplar a vida é tudo que precisava para fugir dela e ao fim, vi-me abandonado ao relento de minha própria solidão.

Embora pareça vitimado pelo dom poético do exagero, meus olhos se apaixonaram pelo véu que lhe cobria a face. Mesmo véu que hoje transpassa a figura do que se viveu, a perda daquilo que não tem mais volta, no desencontro da sensatez... Às vezes, a lembrança do primeiro amor é nada mais que a mera singeleza do desengano!

A disritmia inócua interrompia o curso normal do meu coração. Lembro de um dia nublado, observava sorrateiramente seus passos, enquanto a chuva fria se anunciava. Nas sombras de suas pegadas, logo cruzava sua beleza repleta de conspicuidade, um tanto esfíngica, lembro-me bem. Não demorou a adornar a entrada do vergel em meu âmago. E assim, desbravar seu corpo, era uma utopia divina, as notas tristes de sua voz me faziam enveredar compassadamente pelos caminhos de sua alma, agora minha maior incumbência.

Nosso amor era tão grande, que lhe roubaria os anéis de saturno! Ao seu lado me sentia menos que uma gota de nada na imensidão sem fim do universo! Enquanto me beijava com todo o ardor do cosmo, mal sabia que me devolvia à grandeza de viver. A paixão ocorreu pelo fato dela nunca ter sido perfeita, mas estava muito acima das imperfeições.

Nossas lembranças são profundas, adentram o meu corpo e me sinto sem controle. Inda é possível sentir o contorno das minhas mãos sobre as dela. Às vezes, ao dirigir, sinto como se estivesse sentada ao meu lado, a me observar com o seu murmúrio encantador. O amor é como uma dádiva, tudo SUPORTA, até crê e tudo ESPERA! O desafio é fazer valer essa maravilha na prática! E no fim, a fantasia esvaiu, o amor que ela me tinha era pouco, muito pouco e se acabou. No entanto, ninguém morreu, sofreu, ainda até estamos juntos...

Enquanto isso na sala de justiça: A gente finge, espera, ensaia que se ama como um grito que emerge e ecoa na agonia de ver todo esse amor que não existe - chegar!

Continue...