Era um casal feliz com uma filhinha. Até que a criancinha... morreu! Uma trama tão sórdida não poderia ter outro cenário senão a velha choupana, verdadeiro pardieiro de madeiras pútridas e rangentes, onde a família se escondia durante certos dias. A atmosfera lúgubre até serviria de prenúncio para anunciar a desventurada incursão, mas o desejo de abordar a freneticidade urbana levava pessoas como aquela a abdicar de qualquer lampejo de sanidade.
Até o mais acentuado devaneio, semeado para proporcionar algum líbito da realidade perturbante, esmoronaria diante de opções mais vistosas, como um resort de frente para o mar ou dois dias em algum luxuoso hotel. Com um pouco de imaginação, o humilde casebre poderia converter em um lugar acolhedor, bastava não reparar, principalmente, nas goteiras que encharcavam parte do assoalho mofado. Sem televisor, computador, chuveiro térmico, e até energia elétrica, a iluminação rarefeita das velas era o cenário perfeito para contar histórias de terror, ou simplesmente se deliciar com o duelo de baratas gigantes digladiando-se contra escorpiões impetuosos. Alguns deles ansiavam por ser o dono do pedaço.
O pavor ensaiava tomar conta de todos quando a força do vento ensandecido se chocava contra a porta. Era como se alguém estivesse batendo forte, espreitando, os jogos perigosos aqueciam a inventividade, uma profusão de sobressaltos deveras inquietantes. Lá fora, em meio à mata, o vendaval impulsionava a chuva a atingir, com robustez, o telhado e paredes da choupana, ao mesmo tempo, flashs de luzes latejantes cortavam o horizonte desalumiado, chegando a transpassar as janelas, cintilando os cômodos.
Minutos depois, de mandar a Filha subir para escovar os dentes e se preparar para dormir, Pai conferia os tributos da Mãe. Mais um pouco o deleite faria esquecer-se de seguir para o quarto, não podia faltar o sacramento, em forma do beijo de boa noite. No curto percurso, tomou para si a recomendação de caminhar paulatinamente, olhando bem onde pisa, aquela altura as tábuas pouco resistentes já não suportavam serem submetidas a ainda mais peso por mera afobação.
Ao abrir a porta, encontrou a Filha sentada sobre a cama, inerte! – Está tudo bem com você, meu amor? – perguntava o Pai, estranhando o silêncio da menina! - Está tudo bem com você meu amor? – insistia o pai, cada segundo mais ansioso pela resposta!
A garotinha respondeu apontando o dedo para a porta fechada do banheiro, quando Pai se deu conta do ruído de água corrente jorrando pela torneira! – Pai, tem um monstro escondido no banheiro, Pai – explicou. Tomado pela fúria, Pai não percebeu que a voz da garotinha estava um tanto diferente, marcada por rouquidão. Apenas queria bradar algo do tipo: - quantas vezes Filha, tenho que dizer para você desligar a água quando sair do banheiro. Isso é desperdício, nosso líquido mais precioso corre risco de escassez... No entanto, antes de começar a lição, notou que algo ou alguém, simplesmente, fechou a torneira! – Amor, é você? – indagou em voz alta, o último fio de esperança, sabendo que a mulher estava embaixo. – O que foi, querido? – a resposta, cercada de incerteza, deixou o pai atemorizado, alguém estava lá, mas não era para haver um quarto elemento na choupana!
Antes de seguir até ao banheiro, voltou a olhar Filha, ainda sentada na cama, ostentando um semblante insólito, transparecendo medo e certa excitação. – Parece que as histórias de fantasma mexeram com você – afirmou Pai, enquanto seguia em direção à porta, cada passo mais perto da verdade que desvendaria o assombroso mistério!
Antes de tocar a maçaneta, a porta passou a se abrir lentamente e o estridente rangido adornava a ambiguidade. Lá estava a garotinha, sentada na privada, sorrindo para o pai, ludibriado pelos seus olhos que reproduziam duas Filhas, em planos tão próximos quanto distintos. Estático, ainda não podia ver que na banheira, instalada de frente ao sanitário, repousava os nacos de uma criança, enrolados em um lençol pintado pelo mesmo mar de sangue que profanou a singeleza da garota.
Para sempre Pai seriapai de uma filha morta e outras duas erigidas do desconhecido!
Continue...
Minutos depois, de mandar a Filha subir para escovar os dentes e se preparar para dormir, Pai conferia os tributos da Mãe. Mais um pouco o deleite faria esquecer-se de seguir para o quarto, não podia faltar o sacramento, em forma do beijo de boa noite. No curto percurso, tomou para si a recomendação de caminhar paulatinamente, olhando bem onde pisa, aquela altura as tábuas pouco resistentes já não suportavam serem submetidas a ainda mais peso por mera afobação.
Ao abrir a porta, encontrou a Filha sentada sobre a cama, inerte! – Está tudo bem com você, meu amor? – perguntava o Pai, estranhando o silêncio da menina! - Está tudo bem com você meu amor? – insistia o pai, cada segundo mais ansioso pela resposta!
A garotinha respondeu apontando o dedo para a porta fechada do banheiro, quando Pai se deu conta do ruído de água corrente jorrando pela torneira! – Pai, tem um monstro escondido no banheiro, Pai – explicou. Tomado pela fúria, Pai não percebeu que a voz da garotinha estava um tanto diferente, marcada por rouquidão. Apenas queria bradar algo do tipo: - quantas vezes Filha, tenho que dizer para você desligar a água quando sair do banheiro. Isso é desperdício, nosso líquido mais precioso corre risco de escassez... No entanto, antes de começar a lição, notou que algo ou alguém, simplesmente, fechou a torneira! – Amor, é você? – indagou em voz alta, o último fio de esperança, sabendo que a mulher estava embaixo. – O que foi, querido? – a resposta, cercada de incerteza, deixou o pai atemorizado, alguém estava lá, mas não era para haver um quarto elemento na choupana!
Antes de seguir até ao banheiro, voltou a olhar Filha, ainda sentada na cama, ostentando um semblante insólito, transparecendo medo e certa excitação. – Parece que as histórias de fantasma mexeram com você – afirmou Pai, enquanto seguia em direção à porta, cada passo mais perto da verdade que desvendaria o assombroso mistério!
Antes de tocar a maçaneta, a porta passou a se abrir lentamente e o estridente rangido adornava a ambiguidade. Lá estava a garotinha, sentada na privada, sorrindo para o pai, ludibriado pelos seus olhos que reproduziam duas Filhas, em planos tão próximos quanto distintos. Estático, ainda não podia ver que na banheira, instalada de frente ao sanitário, repousava os nacos de uma criança, enrolados em um lençol pintado pelo mesmo mar de sangue que profanou a singeleza da garota.
Para sempre Pai seria