Episódio de "Os Trapalhões" misteriosamente previu o futuro da trupe

É bem verdade, enquanto navego por esse universo virtual que é a Internet, sempre procuro coisas interessantes para sepultar entre os “mortos” desse Cemitério. Algumas vezes, sou contemplado, deparando-me com ocorrências verdadeiramente interessantes, como esse causo quase sobrenatural e bastante intrigante que faço questão de expor a seguir...

A começar por uma breve sinopse. Em um programa gravado em 1983, Os Trapalhões tiveram a brilhante idéia de simularem estar no ano de 2008. O que há de anormal nisso? Eu diria que nada, se neste cenário montado, Mussum e Zacarias – como na vida real - já não estivessem mortos, encarnando os dois as figuras de seus respectivos filhos, enquanto Dedé e Didi brigados, com a ajuda deles, voltavam a atuar juntos, como nos velhos tempos e EXATAMENTE COMO TUDO OCORREU.



Parece mentira, mas esse misterioso vídeo altamente intrigante, já previa com bastante ênfase o que aconteceria ao quarteto mais cômico e famoso da TV brasileira.

Por trás da trama

Sinistro, arrepiante, uma coincidência com aquele aroma de conspiração. Uma conclusão um tanto absurda ronda minha mente, só peço que não me culpem, a lógica nisso tudo está centrada em um âmbito completamente ilógico. Algo do quilate, Zaca e Mussa viraram algum tipo de anjo da guarda, e o papel principal deles foi precisamente reatar uma amizade perdida há tempos, entre dois irmãos, para não deixar fenecer toda maravilha de um passado longilíneo. Há quem não acredite em coincidência e nesse episódio, para não defini-lo como pura concomitância, poderia interpretá-los como anjos, entretanto preferiram adotar o papel de filhos com a última missão de reunir seus entes queridos. Verdadeiramente assustador, não se pode negar, sem dúvidas, as palavras têm poder.

O enredo do episódio é absurdamente estranho e até intimidador. Uma história – observada pela concepção da época – um tanto infundada no aspecto de coerência, trafegando por várias direções sem exatamente pousar em um lugar comum. Inclusive a analogia que vão estar mortos, ecoa envolto a uma perspectiva de certeza, não é absurdo indagar, parece mesmo que sabiam, uma premonição emocionante. Quem escreveu a história – talvez sem querer querendo - fielmente descreveu com exatidão o malfadado futuro da trupe.

A riqueza de detalhes é incrível! Os críticos inclusive diriam que está fielmente inserida a personificação da verdadeira personalidade de Renato Aragão representada pelo próprio com maestria. Sem falar nas cenas em que Mussum e Zacarias estão ao fundo observando... De longe, a ecoar a frase, “Como é bonito ver dois amigos voltarem a trabalhar juntos, ah se meu pai tivesse aqui, o velho iria gostar muito”, exclamam... Precisar escrever algo mais?

Certo mesmo é que o conflito maior apresentado no quadro se baseia na iminente morte de Zacarias e Mussum, além claro, da rusga envolvendo Didi e Dedé. Não é absurdo pensar que a reconciliação no ano anterior, pode ser creditada justamente a lembrança da gravação deste fatídico episódio. Quem sabe ambos, uma vez assistindo ao tape, foram vítimas do sentimento de comoção, precisamente um milagre maior que resultou em uma reconciliação entre eles. Talvez o episódio tenha sido feito sobre o intuito de vender uma ideia, a importância contida em uma biografia que escreveram juntos, exorcizando fantasmas de uma vida inteira. Agora esse apanhado muito mais do que um fardo de glórias e tristezas, representa um balaio de intensas recordações.

Quem sabe também esteja eu sendo vítima de minha ingenuidade infame. No fim, tudo não passa de uma surreal e triste coincidência. É de arrepiar, uma brincadeira com tom de verdade. Entre tantas lições, fica então a certeza, às vezes a vida é quem imita a arte e não vice-versa.

PS: Os dois trapalhões remanescentes não ficaram brigados por 14 anos. Dedé está nos filmes "quase" recentes de Renato Aragão como: “O Noviço Rebelde(97)”, “Simão o fantasma trapalhão (98)” e "O Trapalhão e a luz azul(99)".