18 de julho de 2009

Trilogia dos Prólogos

O prólogo da loucura
É impossível descrever com palavras exatas o começo de tudo. Não vejo uma forma capaz de expressar a nossa relação e minha redenção ao seu amor. Ainda mais justificar estar aqui comendo na sua cama, observando os movimentos do mundo pela janela, para ser mais preciso, admirando pelas portas do seu coração.

Inclusive nessa hora me deparo com nosso primeiro conflito. Não consigo explicar sua distância, em apenas uma semana de romance. Cheguei a passar dias no seu quarto, completamente sem roupa e me aquecendo entre os seus braços. Conversamos por várias horas sentados no chão do box, a cada minuto sentia mais vontade de “devorá-la” em baixo d’água. Será possível enfrentar os labirintos desse amor, cercado por insegurança e verdades demais? Com as chamas desse sentimento quero que sinta dor, sugar todo o seu sangue e ser seu credor, nos dias e horas mais impróprias.

Tirar férias do universo, alimentando-me do seu corpo. Como é doentio viver às suas custas. De onde vem essa saudade então? Sou capaz de copiar os traços de tudo que não aconteceu. Quem sabe até em algum outro lugar, supostamente muito melhor do que aqui. Nas cenas milhares de cores que escolhi, entre tintas que até inventei. Mas só posso enxergar em preto e branco, tantas e tantas coisas coloridas, em meio a essa vida que tentaram me dar. Meu destino é composto por frases escritas, entre elas algumas palavras esquecidas, confesso até minha incapacidade de lembrar.
Tudo está errado, mas até parece certo, as tantas promessas que nunca fizemos. Daí, trabalhei você, forjando-lhe de luz e sombras, que refletem tudo que vejo, sendo até difícil se nivelar. Era sempre, sempre o mesmo novamente. Semelhante a toda e qualquer traição. Afogadas em lágrimas que não brindaram com você. Mesmo preso à dor da infância e perdido nos corredores da liberdade. A agonia deve passar, logo você estará de volta! Devo preparar-me para sua chegada, primeiro enfeitando as paredes com os quadros que pintou, as flores que escolhi, perfumam agora a seda que cobre o antro do nosso pecado.

Ou talvez, seria mais fácil entender por que eu finjo? Acreditando constantemente nas mentiras que invento. Até nas trevas posso saber que nada disso aconteceu, ao menos nunca foi desse jeito. De qualquer forma ninguém sofreu e só você é capaz de despertar uma saudade tão vazia. Enquanto tento pintar o mundo com o nome desse nosso “amor perfeito”, peço apenas que não se esqueça de mim.

O Prólogo do Esquecimento

Entre experiências que possam mover as relações com o mundo, às vezes, depois de mergulhar em um relacionamento fracassado, existe uma tentativa de “enterrar” a outra pessoa e nesse caso a sua imagem é literalmente demonizada, concentrando-se em suas piores características. E isso acontece justamente para exaltar a dor e se evitar qualquer mínimo sentimento de saudade ou vontade de se estar com ela. O interessante nesse procedimento “real”, parte da certeza de que do lado contrário, o processo também é bastante semelhante, com uma outra pessoa focalizando sua imagem naquilo que se tem de mais negativo.
Como de um lado – para que prevaleça o bem – um está matando, do outro também está lutando para matá-lo. Tudo se resume a um duplo assassinato no relacionamento, ou talvez até mais do que isso, significando a morte já anunciada de um dentro da cabeça do outro, o que é terrível e mexe muito com o ego. Isso porque há momentos em que as pequenas lembranças podem ser mais dolorosas que o fato em si.
Mas, existe um grande risco em se adotar esse procedimento. Enquanto são relembrados os períodos marcantes em que estiveram juntos - lembranças essas de uma vida que talvez há muito tempo não fossem recordadas, tais momentos fazem com que se acabe redescobrindo o amor antes adormecido por aquela pessoa. E certamente, ainda mais do que redescobrir seus sentimentos, fica claro que é impossível tirá-la da cabeça. Todos esses momentos estarão para sempre refugiados na parte mais ingênua e bela do ser.

Inclusive se a amargura de perdê-la não foi maior apenas que a felicidade de amar, todo o rancor anteriormente expressado desaparece. E no fim uma única certeza... Pouco importa os procedimentos adotados, as memórias até podem ser apagadas da mente, mas nunca os sentimentos da alma, aqueles mesmos que são intitulados pelos homens como coração.


O Prólogo da Loucura II

Nos prólogos anteriores, encantei-me por uma simples fantasia, até começar a entender o porquê de fingir, acreditando constantemente nas mentiras que invento, é fácil confessar hoje, que até nas trevas nada aquilo aconteceu, pelo menos nunca foi daquele jeito. Também sei que não existe um amor perfeito, ela já se esqueceu de mim. Inclusive a amargura de perdê-la hoje é maior que a felicidade de amar, os sentimentos da alma continuam, mas já não sei se ainda tenho um coração e se esse ainda existir, provavelmente já não me pertence!

Não havia percebido, mas aí está você, em algum lugar qualquer, sentado se pondo a ler esse trabalho. Lamento a decepção, isso não é necessariamente um texto, essa é uma ação personificada de uma prisão e você agora está aprisionado, no interior de minha consciência infame, nesse que, há tempos, não se resume a um simples momento, na verdade um conjunto de leves e intensas sensações. Agora já não tenho a impressão súbita de estar só, cercado pelas letras impressas desse causo, que demonstra a total compreensão antes incompreensível desse mero traço.

No interior desse conjunto de noções, veja centrada a figura de um homem, que finalmente se vê a sentir a provável emoção de estar sendo compreendido, em todos os aspectos que luta para transmitir. A narrativa começa com a noite, que insiste em chegar, com ela a chuva a cair, é dentro desse céu nebuloso que a procuro. Para onde será que foi? Está tão escuro aqui, nunca aprenderei a viver com essa solidão. Como desejo sentir o árduo calor de seu corpo frio, ouvir sua alma sem vida a sussurrar o meu nome. Trazer de volta dos suplícios do inferno, a luz que já não jorra dos membros seus, vê-la a preparar o doce veneno que mata lentamente a ambos. Enquanto degusto com volúpia a taça em que ela me oferece a morte, peço apenas que venha depressa e me excite mulher morta!
E assim muitas foram essas noites, até chegarem às tardes de sol a pino. Recordo até com certa angústia, os tempos que passei a me guiar pelas trevas, sozinho e perdido a padecer sob tantos labirintos escuros. Até descobrir que em meu ser está o real motivo da causa e consequentemente da própria saída de tudo. Restou esperar apenas o nascer de uma força, materializada através de uma coragem determinante, que me leva a cavar como um túnel, esse imenso e ardoroso caminho de volta.
Nesse retorno, vejo que meu perfil agora é traçado de um modo diferente, hora se resumi a uma pequena gota de luz, coberto por uma estrela que cai dentro de uma fagulha tão só. No sangue, ainda circula por minhas veias a maldade de um homem, dessa vez sendo bombeado pelo coração de uma criança. Já não sou nada mais do que queria ser, como um breve pulsar, um antigo silêncio que carrega a idade do universo. Não indo além também de um punhado de mar, a maior mentira de Deus, apenas um grão de sal, nessa imensidão azul que é o céu.

Preso nessa estrada sem saída, eternamente a procura de um tempo perdido dentro de mim. E ensinando que o amor, é como um demônio, que inspira nas pessoas o medo e também a coragem, girando sem parar como verso e reverso, porque por traz do ilusório sentimento de medo é que se acende a chama da coragem, desse amor que um dia veio a rebelar-se dentro de mim e enfim liberto, ainda é poderoso por sua fragilidade abstrata e terrível pela pureza natural de sua loucura.

12 Coveiros:

Anônimo disse...

Se realmente houver amor, vão passar pelos labirintos tranquilamente.

http://congelandomeusmomentos.blogspot.com

Euzer Lopes disse...

Delírios de uma daquelas noites que a gente espere que nunca termine.
Nem fazemos questão de sermos iluminado pelo sol.
Apenas que o momento se perpetue...

Unknown disse...

O amor não é o que faz passar pelos labirintos tranquilamente.. É o que faz ter coragem e vontade para passar pelos labirintos.. Seja lá como forem... Rsrs
A coisa mais simples e complicada do mundo.. Amor

raul disse...

escrevendo bem d+ como sempre!

Cererê' disse...

Uau! Até arrepiei...

Nat Tigres brancos disse...

BoO amor quando realmente existe nada é difícil de encara nem mesmo um labirínto

'tudo o que é bom dura o tempo necesario para ser insquecível" não tem nada haver a frase que eu acabei de dizer não sei nem pq falei
muito bom o blog

http://tigresforevertigres.blogspot.com/

Anônimo disse...

Amei seu blog.
Primeira vez aqui e espero voltar mais vezes.
Difícil falar de amor nos dias de hoje, pois poucas pessoas entendem seu verdadeiro significado.
Se puder visite o meu:
http://pensamentossubentendidos.blogspot.com/
TE CUIDA!!!BOM FIM DE SEMANA PRA TI!

Tatiane Rosa disse...

Nossa vc escreve muito bem!!!!Este prólogo é digno de ser lançado em livro.No começo pensei que fosse um romance vampiresco,tipo crepúsculo,mais depois conforme foi se sucedendo pude compreender.
A noite devia ter sido longa hein...
Muitas das vezes me vi entregue a madrugada com sentimentos e rancores misturados,e a única vontade que tinha,era um desejo incessante de escrever,como se estivesse drogada,me sentava embaixo da janela,pensava e pensava,e cada vez tudo se tornava mais confusos,o coração acelerava,a mente embaralhava e no fim tudo se tornará palavras incompreensíveis até para mim mesma até hoje me choco com certos textos como este aqui http://euseiquepossovencer.blogspot.com/2009/03/quero-ter-alguem-com-quem-conversar.html no mês de março a maioria dos meus textos relatam o quanto me sinto confusa quanto a relação da mistura de sentimentos :S Dá até medo...Em mim claro!!!!

Vinícius Cortez disse...

Sinceridade? Gostei do seu texto, apesar de ser muito pessoal, quase confidente. Mas acho que textos longos assim são difíceis de engolir. Até pra quem gosta de ler...

Não leve a mal a crítica! Merece parabéns pelo sucesso ; abraço!

Anônimo disse...

Senti-me uma invasora ao ler o texto, mas não pude deixar de lê-lo.
Bela forma de escrita.

Letícia Fiorotto disse...

Adoro meus delírios, minhas loucuras e tudo o que desperta um lado insano que é facilmente controlado. Ser quem eu sou tendo a liberdade de mudar regras impostas por sociedades anos antes de me tornar matéria, acho que um espírito livre viaja milênios até encontrar um corpo que seja "equilibrado" pra que suas loucuras virem atos.

Anderson Faleiro disse...

muito bom os textos, curti muito, você tem uma forma de se expressar que consegue passar os sentimentos de maneira suave e concisa, cada texto com a sua estética individual, sem se repetir. curti

http://bonecozumbie.blogspot.com

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